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CINCO MIL
EMPREGOS E CINCO MIL CASAS COM MADEIRA APREENDIDA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2004
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MMA/Divulgação
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O
Brasil, historicamente, não proporcionava
um destino adequado à madeira apreendida
em ações de fiscalização
dos organismos governamentais. Agora, o Governo
Federal desenvolveu um conjunto de soluções
que está levando ao aproveitamento
desses estoques. Com aproximadamente 100 mil
metros cúbicos de madeiras apreendidas
pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis),
serão construídas cinco mil
residências em assentamentos no estado
do Pará, ainda este ano, gerando pelo
menos cinco mil empregos diretos em áreas
com reconhecido déficit de moradias
e de postos de trabalho. |
O
anúncio foi feito nessa quinta-feira
(5) durante o lançamento do novo Programa
Nacional de Florestas, em Brasília.
Participaram do evento o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e a ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva.
A chamada Habitação Popular
em Madeira (foto) foi desenvolvida pelo Laboratório
de Produtos Florestais (LPF) do Ibama em parceria
com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade de Brasília (UnB )
para dar uma destinação social
a uma parcela das madeiras retiradas ilegalmente
das florestas do país. O projeto é
de uma casa com dois quartos, sala, cozinha,
varanda e banheiro (52 metros quadrados) construída
com 20 metros cúbicos de várias
espécies de madeira, como itaúba,
ipê, cumaru, maçaranduba, preciosa,
pau-amarelo, muiracatiara, angelim e outras.
As soluções técnicas
desenvolvidas permitem que a construção
tenha baixo custo, pouco mais de R$ 8 mil,
maior durabilidade e montagem simples. A construção
das casas será custeada pelo Instituto
Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra) e pela Fundação
Nacional da Saúde (Funasa). Com o uso
de madeiras alternativas apreendidas, reduz-se
a pressão extrativista sobre florestas
e espécies tradicionais. |
MOGNO
- Entre 2001 e 2002, o Ibama apreendeu mais de 40
mil metros cúbicos de mogno (suficientes
para carregar dois mil caminhões) em locais
como São Félix do Xingu e Altamira,
no Pará. Parte significativa dessa madeira
está sendo exportada e os recursos obtidos
revertidos em ações locais de cunho
socioambiental.
Em julho do ano passado, foram repassadas seis mil
toras de mogno à Federação
das Associações de Órgãos
para Assistência Social e Educacional (Fase),
na cidade de Altamira (PA). A madeira foi beneficiada
pela madeireira certificada Cikel Brasil Verde.
Associada à Fundação Viver,
Produzir e Preservar, que congrega mais de cem entidades
sociais, igrejas, sindicatos de trabalhadores rurais
e povos indígenas da região da TransAmazônica
e do Xingu, a Fase reverteu a verba obtida com a
exportação do mogno, cerca de R$ 4,7
milhões, para o Fundo Dema (em homenagem
a Ademir Alfeu Fredericci, líder de movimentos
sociais assassinado em agosto de 2001), que está
beneficiando a população local com
empregos, inclusão social e proteção
à natureza por meio de projetos sustentáveis,
não voltados ao desmatamento. Todo o processo
é acompanhado pelo Ministério Público
Federal.
Outros 12 mil metros cúbicos de mogno foram
repassados à comunidade indígena caiapó
de São Félix do Xingu, também
no Pará. A madeira está sendo beneficiada
por uma madeireira certificada e os recursos obtidos
com a venda da matéria-prima serão
depositados ainda no primeiro semestre deste ano
no Fundo do Patrimônio Indígena, da
Funai (Fundação Nacional do índio).
Outra parcela do mogno apreendido aguarda decisões
judiciais para sua liberação.
HISTÓRICO
- Em 1996, em resposta à crescente exploração
predatória e redução dos estoques
de mogno (Swietenia macrophylla King), o Brasil
declarou moratória total à exploração
da espécie. Em novembro de 2002, a árvore
passou a integrar a Convenção sobre
o Comércio Internacional de Espécies
Ameaças (Cites). A Convenção
é um acordo firmado por 160 países
para tentar impedir que o comércio de animais
e de plantas coloque em risco a sua sobrevivência.
Como signatário da Cites, o Brasil deveria
definir um destino adequado ao mogno apreendido
até novembro de 2003. Encerrado este prazo,
toda a exploração passaria a ser feita
com base em planos de manejo, com cotas para corte
anual, certificação florestal e rastreamento
no transporte, da floresta ao porto ou indústria.
Por meio do Decreto 4.722/2003, o governo brasileiro
definiu que a exploração do mogno
deveria se dar de forma sustentável, além
de declarar moratória por cinco anos para
o abate da espécie em áreas com autorização
para desmatamento. A Secretaria de Biodiversidade
e Florestas do MMA estima que este ano já
seja possível desenvolver uma série
de planos de manejo para a espécie na Amazônia.
Os planos serão acompanhados pelo Ibama e
por outras instituições, trazendo
a obrigatoriedade do plantio de novas mudas, auxiliando
na renovação dos estoques de mogno.
Com o manejo, deverá ser garantida a proteção
de 20% das matrizes, que as árvores extraídas
tenham diâmetro superior a 55 centímetros
e será estimulada a pesquisa para conservação
da espécie.
O mogno é encontrado somente na América,
do México ao Brasil. Cerca de 80% do mogno
nacional, até 2001, era exportado para Europa
e Estados Unidos. Estima-se que, desde os anos 70,
o Brasil tenha enviado ao Exterior US$ 4 bilhões
em mogno, cerca de um milhão e meio de árvores,
obtidas na sua maioria de forma predatória
e insustentável.
Fonte: Ministério do Meio
Ambiente (www.mma.gov.br)
Assessoria de imprensa
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