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TENSÃO
E APREENSÃO EM TERRAS INDÍGENAS
DE RORAIMA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2004
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"Com ou sem
ordem judicial, nós vamos continuar a barreira
e fiscalizar para que nenhum missionário,
padre ou estrangeiro passe por aqui". Com esse
tom ameaçador, lideranças indígenas
contrárias à homologação,
a partir da aldeia do Contão, coordenam um
processo de bloqueio nas estradas que dão
acesso à comunidade indígena de Maturuca.
Em Maturuca estará se realizando a 33a. Assembléia
dos Tuxauas de Roraima, com a previsão de
participação de 800 representantes
indígenas e mais de uma centena de convidados,
dentre parlamentares, e representantes de ONGs,
de igrejas e movimento popular. Será um momento
marcante, com tom celebrativo das vitórias
de homologação de cinco terras indígenas
e o protesto indignado pela atitude vacilante e
de protelação da homologação
da Raposa Serra do Sol, pelo presidente Lula.
A assembléia dos Tuxauas de Roraima é
certamente o momento de debate e articulação
das lutas pelos direitos dos povos indígenas
dessa região, que vem acontecendo anualmente
há mais de três décadas, tendo
sido alvo de repressão e intimidação,
desde 1977, quando foi dissolvida pela polícia,
por contar com a presença do bispo de Roraima,
D. Aldo e um representante do Cimi. Hoje a situação
de alguma forma se repete. Os missionários
que estão atuando junto aos povos indígenas
através da Diocese, e que desde o início
estimularam e apoiaram as Assembléias dos
Tuxauas, se vêem na eminência de não
poderem estar em Maturuca, impedidos e ameaçados
caso tentem chegar até lá.
Temendo esses fatos, o Conselho Indígena
de Roraima solicitou à Procuradoria da República,
proteção para o livre trânsito
das delegações convidadas para a Assembléia.
O Ministério Público Federal encaminhou
uma liminar para desobstruir a Estrada. Porém
esta não foi acolhida pelo juiz de Boa Vista,
Helder Girão. Diante desse fato foi interposto
um recurso junto ao Tribunal Regional Federal, em
Brasília, não tendo sido acolhido
o agravo, julgado nesta manhã do dia 6 de
fevereiro.
Sete ônibus com delegações indígenas
já saíram hoje de Boa Vista. Outros
estarão saindo à tarde. Mais de uma
dezena de missionários aguarda em Boa Vista.
Esses fatos têm uma relação
estreita com os acontecimentos do início
deste ano, quando três missionários
foram seqüestrados e mantidos como reféns
por dois dias e meio, na maloca do Contão.
Apesar desse clima de apreensão em função
dos possíveis desdobramentos com relação
ao bloqueio das estradas, todos estão esperançosos
de que esse será mais um momento marcante
na conquista definitiva da terra, e da paz na região.
Fonte: Conselho Indigenista Missionário
(www.cimi.org.br)
Assessoria de imprensa