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TECNOLOGIA
PODE REDUZIR DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA
LEGAL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Maio de 2004
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O Brasil está
diante de um grande desafio: conciliar a expansão
da agropecuária com a preservação
da Amazônia Legal. De acordo com dados oficiais,
65 milhões de hectares de florestas já
foram desmatados e, se mantidas as tendências
dos últimos cinco anos, a área destrída
da região pode passar dos quase 13% em 2003,
para próximo de 22% em 2020.
Segundo a Embrapa, recuperar e reincorporar áreas
degradas ao sistema produtivo é um excelente
caminho para conciliar desenvolvimento com conservação
dos recursos naturais. A disseminação
de tecnologias já disponíveis pode
contribuir para evitar o desmatamento de até
75 milhões de hectares de vegetação
nativa nos próximos 15 anos. "O Brasil
tem um eficiente sistema de monitoramento dos desmatamentos
e queimadas na Amazônia Legal, mas falta criar
um sistema de monitoramento do uso das áreas
desmatadas", alerta o engenheiro agrônomo
e pesquisador da Embrapa Acre, Judson Valentim.
Ele foi o palestrante do Seminário Pecuária
e Desmatamento na Amazônia Legal: tendências
atuais e cenários alternativos, realizado
hoje, na sede da Embrapa, em Brasília, para
debater tendências emergentes e os cenários
futuros da atividade pecuária na região.
A Embrapa está elaborando uma proposta de
pesquisa interinstitucional para auxiliar na busca
de soluções capazes de conter o avanço
da pecuária e o crescente desmatamento da
Amazônia, mas reconhece que o desafio é
muito maior que a empresa.
"A idéia é integrar todas as
organizações envolvidas na questão
para tentar oferecer alternativas e um cenário
melhor para o desenvolvimento de uma pecuária
sustentável na Amazônia", explicou
Judson Valentim, ressaltando que essa transversalidade
de ações envolverá vários
ministérios e 15 das 40 unidades da Embrapa
espalhadas pelo país.
Segundo o pesquisador, o primeiro desafio é
ampliar o conhecimento cientifico sobre o potencial
e as restrições dos recursos naturais
da Amazônia - que ainda é muito pequeno
- e disponibilizar as tecnologias já geradas
aos milhares de produtores da região: "Precisamos
buscar estratégias inovadoras para disponibilizar
as informações para que os produtores
possam migrar gradualmente dos tradicionais sistemas
de pecuária extensiva para sistemas mais
intensivos e sustentáveis".
Para ele, os fatos têm mostrado que medidas
restritivas e o isolamento não são
capazes de conter a devastação da
floresta. "As tendências sinalizam claramente
para um forte crescimento da agropecuária
na Amazônia que implicaria em desmatamentos
acentuados e na incorporação de quase
100 milhões de hectares nos próximos
20 anos". De acordo com Valentim, conhecer
melhor a situação das áreas
de pastagens, recuperar áreas degradas com
o plantio de frutas nativas e implantar zonas de
produção pecuária são
algumas das ações incluídas
na atuação estratégica da Embrapa.
O técnico acredita que com aplicação
de alternativas tecnológicas, como o plantio
direto, por exemplo, seria possível aumentar
a produtividade em áreas já desflorestadas.
Ele explica que com 20% da área desmatada
da Amazônia é possível produzir
50 milhões de toneladas de grãos,
60% podem abrigar 100 milhões de cabeças
de gado e os 20% restantes dariam para assentar
cerca de 900 mil pequenos agricultores em lotes
de 20 mil hectares para cultivos perenes. Isso tudo
sem desmatar sequer um hectare de terra. "É
possível fortalecer a agropecuária
na Amazônia aproveitando melhor as áreas
desmatadas e sem a necessidade de avançar
de forma tão acelerada nas florestas",
garante o pesquisador.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Assessoria de imprensa (Maurício Cardoso)