 |
RESERVA
EXTRATIVISTA TERÁ GERAÇÃO
DE ENERGIA COM BIOMASSA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2004
|
 |
O Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) aprovou recentemente cerca de R$ 1 milhão
para a implementação de uma Central
Termelétrica que produzirá eletricidade
a partir do aproveitamento de resíduos de
madeira por uma comunidade na Reserva Extrativista
de Cautário, no município de Costa
Marques, em Rondônia. A Comunidade de Cautário
1 é uma das integrantes da Associação
dos Seringueiros do Vale do Rio Guaporé (Aguapé),
a mais de 700 quilômetros da capital Porto
Velho.
As famílias da Comunidade de Cautário
sobrevivem com a extração do látex,
de castanha do Brasil, da copaíba, da atividade
madeireira sustentável com planos de manejo
autorizados e regulares, do beneficiamento da madeira
em uma serraria, do artesanato e do ecoturismo.
No entanto, devido à baixa qualidade da energia
hoje disponível e aos altos custos de geração,
com geradores movidos a óleo diesel, a produção
a partir dos recursos madeireiros está abaixo
do potencial.
Para melhorar o fornecimento de energia e a produção
local, com geração descentralizada,
será desenvolvido por dois anos um projeto
piloto para produção de 200 KW de
energia com resíduos de madeira pela organização
não-governamental Biomass Users Network (BUN).
A iniciativa contará com a parceria do Centro
Nacional de Referência em Biomassa da Universidade
de São Paulo (Cenbio/USP), Fundação
de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp)
e ministérios do Meio Ambiente e das Minas
e Energia, e com o apoio da Aguapé, da Ação
Ecológica do Vale do Guaporé (Ecoporé)
e do Governo de Rondônia, entre outros.
O Ministério do Meio Ambiente, por meio do
Projeto Negócios Sustentáveis do Programa
Piloto para a Proteção das Florestas
Tropicais do Brasil (PPG7), irá disponibilizar
todas as informações sobre projetos
e pesquisas já desenvolvidas na região
nas áreas de treinamento, qualificação,
estudos socioeconômicos, sobre cadeias produtivas
e organização comunitária.
A implementação do projeto deve começar
em breve, logo após o início do repasse
dos recursos.
O engenheiro Carlos Machado Paletta, do Cenbio/USP,
explica que duas tecnologias serão testadas
já na fase inicial do projeto piloto - a
de gaseificação dos resíduos
de madeira e a de ciclo a vapor - para definir qual
poderá melhor atender comunidades isoladas,
tanto nos aspectos técnicos como financeiros.
"Um projeto desse tipo e com esse porte será
inédito no Brasil", disse o engenheiro.
Por fim, as entidades envolvidas no projeto pretendem
construir um modelo sustentável e replicável
de geração de eletricidade a partir
da biomassa.
Os benefícios ambientais diretos do projeto
serão a substituição total
dos geradores atuais, que funcionam com diesel (combustível
fóssil), lançando poluentes na atmosfera,
e o uso de uma fonte renovável e sustentável,
o resíduo de madeira. Só a economia
com o corte do consumo de óleo pode chegar
a mais de R$ 4 mil a cada mês.
No Brasil, muitas linhas de transmissão se
estendem por longas distâncias, levando a
perdas de energia. Esse é um dos pontos em
que a geração local e descentralizada
pode contribuir minimizando o desperdício
de energia no transporte, democratizando o acesso
à eletricidade e fazendo uso de fontes alternativas,
como a biomassa, os ventos e a energia solar. Nas
regiões Norte e Nordeste, ainda é
grande o número de brasileiros sem acesso
à energia.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de comunicação