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TÉCNICO
DEFENDE CRIAÇÃO DE POLÍTICA
PARA MERCADO DE CARBONO
Panorama
Ambiental
Brasília
(DF) – Brasil
Junho de 2004
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O Brasil precisa
pensar em uma política de oportunidades no
mercado de carbono, afirma o Diretor de Programa
da Secretaria de Qualidade Ambiental do Ministério
do Meio Ambiente, Ruy Goes Leite Barros. Segundo
ele, uma vantagem que pode ser explorada pelo Brasil
a curto prazo é a venda de carbono, já
que o país não tem a necessidade de
reduzir as emissões de gases de efeito estufa,
prerrogativa dos países industrializados
determinada pela Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança
do Clima, assinada pelo Brasil na RIO-92.
Os países em desenvolvimento podem propor
projetos para financiamento a países desenvolvidos
comprometidos com a redução de emissões.
Dois projetos brasileiros relacionados a aterros
sanitários de captação de metano
já foram aprovados pela Comissão Interministerial
de Mudanças Climáticas e podem começar
a ser negociados em mercados paralelos ou esperar
a entrada em vigor do protocolo de Quioto. A captação
de metano é usada para gerar eletricidade
ao invés de lançá-lo na atmosfera.
“Já existem vários projetos registrados
para obtenção de crédito de
carbono e já aprovados pela Comissão
Interministerial de Mudanças Climáticas.
O próximo passo será levar os projetos
para um Comitê Internacional”, disse Ruy Goes.
Ao assinarem o Protocolo de Quioto em 1998, os países
desenvolvidos aceitaram compromissos diferenciados
de redução ou limitação
de emissões entre 2008 e 2012 (representando,
no total dos países desenvolvidos, redução
em pelo menos 5% em relação as emissões
combinadas de gases de efeito estufa de 11000).
O Diretor de Programa da Secretaria de Qualidade
Ambiental afirma que vários tipos de projetos
podem ser feitos, um exemplo é o de reflorestamento
de espécies nativas em regiões que
possam absorver carbono da atmosfera, beneficiando
o meio ambiente e comunidades locais, gerando emprego
e renda. “Poderia ser um projeto elaborado por uma
comunidade, que vai adquirir créditos de
carbono capturado da atmosfera e poderiam vender
esses créditos para uma companhia européia
que tem obrigação de reduzir suas
emissões. Isso pode trazer benefícios
ambientais para o Brasil e recursos externos e inclusive
melhorar a situação do meio ambiente”,
diz.
De acordo com Ruy Góes, já existe
um mercado de crédito de carbono em andamento
nos países europeus, capacitados para implementar
medidas a partir de 2005. Alguns estados americanos
também estão adotando suas políticas
particulares, apesar de o presidente George W. Bush
já haver declarado que não assina
o Protocolo de Quioto. “A Convenção
Clima/Protocolo de Quioto depende da assinatura
dos Estados Unidos ou da Rússia. A Rússia
ainda não decidiu. Não há necessidade
de que a assinatura seja em 2005, é uma questão
de tempo, mas acreditamos que o protocolo vai entrar
em vigor”, afirma Ruy.
O mercado de carbono foi debatido ontem no seminário
Mudanças Climáticas/Desafios e oportunidades,
na Câmara dos Deputados. Para o consultor
e advogado Antônio Fernando Pinheiro, o impacto
do mercado de carbono é sempre positivo porque
visa a retirar os gases do efeito estufa que estão
efetivamente causando mudanças climáticas
nocivas. Porém, ele ressalta que falta ao
Brasil uma política de governo para reger
o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e estabelecer
os mecanismos que possam fazer com que as pessoas
invistam, por exemplo, em projetos de reflorestamento
no Brasil e emitam certificados de redução
de emissões para serem negociados nos países
poluidores.
“O impacto passa a ser negativo quando o mercado
não se oficializa no país. É
preciso um regime diferenciado de como a divisa
entra e sai do país para a receita federal
ter como fazer a tributação. Além
disso, é importante que o governo crie uma
agência reguladora desse sistema”, afirma
Antônio Fernando Pinheiro.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Nádia Faggiani