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RESÍDUOS
FLORESTAIS DO BRASIL PODEM GERAR ENERGIA
PARA A EUROPA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2004
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A Comunidade Econômica
Européia, CEE, está discutindo com
o governo brasileiro, por intermédio do Laboratório
de Produtos Florestais (LPF) do Ibama, a possibilidade
de utilização de parte das 200 milhões
de toneladas de resíduos vegetais produzidas
anualmente no país para a geração
de energia limpa e renovável em substituição
aos combustíveis fósseis.
A França e a Espanha, grandes interlocutoras
da CEE com o Brasil, buscam alternativas energéticas
nos resíduos de madeira e de carvão
vegetal, como o briquete (pó de serragem
e de cascas vegetais compactados), do qual o LPF/Ibama
é grande incentivador, para substituir a
energia de fontes poluentes.
Para analisar o assunto, o representante no Brasil
do CIRAD – Centro de Cooperação Internacional
em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento
- Etienne Hainzelin e o pesquisador do CIRAD Forêt
de Montpellier, na França, Alfredo Napoli,
reúnem-se sexta-feira (13/2), no Ibama, com
pesquisadores do LPF e produtores de energéticos
compactados de origem vegetal.
Na reunião será tratada a viabilidade
do transporte de briquetes em longas distâncias
e reforçado o intercâmbio científico-tecnológico
Brasil/França na área de energia da
madeira. O LPF/Ibama, que há muitos anos
trabalha com uma planta industrial de fabricação
de briquetes em sua sede, em Brasília, foi
responsável pela criação de
mais de 40 usinas de briquetagem em funcionando
no país.
Na reunião será analisada, também,
a criação da associação
dos produtores de energia de origem vegetal - a
mais barata fonte alternativa e a única armazenável
- e sua participação no projeto de
Valorização Energética de Resíduos
Industriais do LPF/Ibama.
O interlocutor oficial do governo brasileiro junto
ao CIRAD, o pesquisador do LPF/Ibama, Waldir Ferreira
Quirino, PhD em Valorização Energética
de Resíduos, disse que é grande o
interesse dos países da Comunidade Econômica
Européia em estreitar a cooperação
técnica e científica com o Brasil,
devido às altas taxas cobradas pela emissão
de poluentes provenientes da energia convencional.
Ele sustentou que as 200 milhões de toneladas
de biomassa (resíduos de madeireira e agro-industriais)
produzidas anualmente, e não utilizadas no
Brasil, colocam o país em lugar privilegiado
para a exportação de briquetes. Só
em resíduos de madeira provenientes do processamento
industrial e da exploração florestal
sustentável, são cerca de 50 milhões
de toneladas/ano.
O intercâmbio Brasil/França vigora
desde 2001, com ações mútuas
do LPF/CIRAD. O centro francês, que equivale
à Embrapa no Brasil, vem trocando tecnologia
com os pesquisadores do LPF/Ibama. Como contrapartida,
o CIRAD apóia os estudos que o LPF desenvolve
sobre Valorização Energética
de Resíduos Industriais, assim como a implantação
dos modernos sistemas de tratamento de resíduos
e de carvão vegetal, em estágios avançados
em países da CEE, além de formas de
agregar qualidade aos resíduos.
É tal o valor dos resíduos como fonte
de energia, que trinta quilos de briquetes seriam
suficientes para iluminar uma residência que
consome 100 kWh/mês de eletricidade hidráulica,
garante Quirino. Ele diz ainda que apenas setenta
por cento da biomassa vegetal produzidas no país
abasteceriam as cerca de 40 milhões de residências
brasileiras.
O volume de biomassa disponível no país
para aproveitamento energético e a tecnologia
para a fabricação de briquete serão
apresentados por Waldir Quirino no Congresso Europeu
de Compactação de Resíduos,
de 03 a 05 de março, na Áustria.