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BUNGE ADMITE
USO DE TRANSGÊNICOS DURANTE INSPEÇÃO
Panorama
Ambiental
Passo Fundo (RS) - Brasil
Maio de 2004
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Empresa
desrespeita lei e não rotula óleos
de soja Soya e Primor fabricados na unidade
de Passo Fundo; ativistas do Greenpeace colocaram
faixas e placas para denunciar contaminação
transgênica
Ativistas do
Greenpeace iniciaram hoje uma inspeção
de biossegurança na unidade de processamento
de soja da Bunge Alimentos em Passo Fundo
(RS), mas foram retirados da empresa por policiais.
O objetivo era verificar a documentação
sobre a origem da soja utilizada na unidade,
mas o gerente da fábrica se recusou
a receber os representantes da organização
ambientalista. Por telefone, o diretor de
Comunicação da empresa, Adalgiso
Telles, admitiu que a unidade recebe soja
transgênica das plantações
gaúchas. Uma vez que não é
possível detectar o DNA geneticamente
modificado em produtos como óleo de
cozinha, a única forma de se garantir
a rotulagem do óleo de soja transgênico
é identificando a origem da matéria-prima.
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Ibama
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Durante
a ação, os ativistas colocaram
placas e faixas em frente à unidade
da Bunge em Passo Fundo, denunciando a contaminação
transgênica no local. Eles demandaram
também que itens produzidos nessa unidade
– como os óleos de soja Soya e Primor
– sejam devidamente rotulados, conforme determina
a lei (1). A maioria da soja geneticamente
modificada plantada no Brasil está
concentrada no Rio Grande do Sul. O município
de Passo Fundo está localizado na região
de maior incidência de plantios transgênicos
no Estado gaúcho.
“A falta de identificação da
matéria-prima utilizada nessa fábrica
implica na falta de identificação
do produto final. E isso fere diretamente
o direito do consumidor brasileiro |
de saber o que
está comendo”, disse a coordenadora da Campanha
de Engenharia Genética do Greenpeace, Mariana
Paoli. “A empresa Bunge, que na Europa garante produtos
livres de transgênicos até mesmo para
a alimentação animal, deveria respeitar
o direito e a vontade (2) dos consumidores brasileiros
e garantir produtos livres de transgênicos
também aqui no Brasil”, afirmou.
Embora a legislação brasileira seja
bastante clara quanto à exigência de
rotulagem, essa determinação não
é respeitada pelas empresas ou fiscalizada
pelo governo. Segundo as leis nacionais, a rotulagem
deve ser garantida em todas as etapas da cadeia
de produção, da plantação
ao produto final. O decreto de rotulagem determina
que produtos que tenham sido fabricados a partir
de transgênicos, mesmo que não contenham
o DNA transgênico em sua composição
final, devem trazer a frase “fabricado a partir
de (produto) transgênico” em seu rótulo.
O DNA de muitos produtos – como óleos, lecitinas
e margarinas – é destruído no processo
de fabricação, o que impossibilita
a detecção do gene transgênico.
Daí a importância da informação
sobre a origem da matéria-prima utilizada
em sua fabricação.
“Duas grandes marcas de óleo de soja, que
os brasileiros utilizam todos os dias para cozinhar,
são fabricadas aqui em Passo Fundo, no centro
da contaminação genética da
soja brasileira. A Bunge e o governo brasileiro
têm o dever de assegurar que o consumidor
seja devidamente informado sobre os produtos que
está comprando”, afirmou Mariana.
A atividade faz parte da expedição
“Brasil Melhor sem Transgênicos”, que o Greenpeace
realiza pelo País desde meados de abril.
O navio Arctic Sunrise está no Brasil para
exigir que o país seja livre de transgênicos.
(1) Decreto 4680, de 24 de abril de 2003, e Portaria
2658, de 22 de dezembro de 2003. De acordo com esse
decreto, todos os produtos que contenham mais de
1% de matéria-prima transgênica, devem
ser comercializados com um rótulo específico,
que contenha o símbolo transgênico
em destaque, junto com as seguintes frases: “(produto)
transgênico”, ou “contém (matéria-prima)
transgênico”. Além disso, os produtos
de animais alimentados com transgênicos (leite,
ovos e carne) também devem ser rotulados.
(2) Pesquisa Ibope, realizada
com dois mil brasileiros em dezembro de 2003.
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa