 |
BUSH É
UM TERRORISTA CLIMÁTICO, DENUNCIA
O GREENPEACE NA CÚPULA DAS AMÉRICAS
Panorama
Ambiental
Monterrey – México
Janeiro de 2004
|
 |
Mudanças no clima
não são abordadas na reunião
em Monterrey por decisão do presidente norte-americano
As
mudanças climáticas, a ameaça
mais grave para a segurança na América
Latina, não serão tratadas na
Cúpula Extraordinária das Américas
por decisão do presidente americano,
George W. Bush, acusou a organização
ambientalista Greenpeace.
Para denunciar a situação, ativistas
latino-americanos da entidade estenderam em
Monterrey (México) uma faixa com a
mensagem "As mudanças climáticas
são uma arma de destruição
em massa" (1). Um dos ativistas, caracterizado
como Bush, segurava um planeta incendiado.
A organização também
distribuiu uma carta de baralho em que o presidente
dos EUA figurava como "terrorista climático".
De acordo com a Organização
Mundial da Saúde, a cada ano 160 mil
pessoas morrem em regiões vulneráveis
devido a desnutrição, diarréia
e malária, que estão relacionados
a fenômenos provocados ou acentuados
pelo aquecimento global. Uma das regiões
mais suscetíveis às mudanças
climáticas é a América
Latina.
Pobreza, péssimas condições
de trabalho, escassez de água, falta
de serviços básicos e poluição,
são parte dos problemas sociais no
continente. As mesmas populações
que os enfrentam, são as que mais sofrem
os efeitos da elevação da temperatura
na região. "O governo de Bush
pressionou muito para tirar da agenda da cúpula
o tema das mudanças climáticas,
impulsionado nas reuniões prévias
ao encontro por países como o México.
Mesmo diante do fato de que a América
Latina é altamente vulnerável
ao fenômeno, e de que a cada ano os
países da região sofrem numerosas
catástrofes que se convertem em perdas
de vidas humanas e |
infra-estrutura,
que se intensificarão cada vez mais.
É indispensável eliminar a ameaça
para se conseguir equidade e bem-estar social
no continente", afirmou o ativista argentino
que liderou o protesto em Monterrey, Gustavo
Ampugnani.
Os EUA são os principais causadores
das mudanças climáticas, pois
são responsáveis pelo lançamento
na atmosfera de 25% dos gases que provocam
o efeito-estufa. Ainda assim, o país
negou-se a ratificar o Protocolo de Kyoto,
instrumento internacional que pretende moderar
o aquecimento do planeta.
As alterações climáticas
na América Latina estão ocorrendo
em um contexto de desenvolvimento econômico
desequilibrado. Entre os efeitos do fenômeno
estão as secas, furacões, aumento
do nível do mar, assim como fenômenos
meteorológicos mais recorrentes e mais
severos, além de possíveis problemas
sociais, tais como o aumento da migração
e das epidemias. Por tudo isso, as mudanças
do clima são uma arma de destruição
em massa para o continente e devem ser tratadas
de maneira prioritária em reuniões
como a de Monterrey.
"A Cúpula Extraordinária
das Américas será um fracasso
se os 34 governantes que se reunirão
em Monterrey não incorporarem em sua
agenda o tema do aquecimento global. O problema
é especialmente ameaçador para
a América Latina devido a sua infra-estrutura
deficiente e limitada capacidade de resposta
diante dos eventos climáticos",
disse Ampugnani.
1. John Hougton, ex-presidente do Panel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas, grupo
criado pela ONU para estudar as mudanças
climáticas e ex-presidente do escritório
de meteorologia britânico, é
o autor da afirmação "as
mudanças climáticas são
uma arma de destruição em massa"
|
ANEXO:
Os possíveis danos das mudanças climáticas
à América Latina (AL):
a) As mudanças climáticas na AL agravarão
os problemas sócio-econômicos e de
saúde, favorecerão a migração
de populações rurais e costeiras e
intensificarão os conflitos nacionais e internacionais.
b) As alterações na disponibilidade
de água afetarão a produção
de energia hidrelétrica, de grãos
e gado, particularmente na Costa Rica, Panamá,
Argentina e os Andes.
c) A perda de terra e a entrada de água salgada
devido ao aumento do nível do mar poderá
ocorrer em zonas costeiras e estuários no
Golfo do México, América Central,
Venezuela, Argentina e Uruguai. Estima-se que no
México a metade das costas do golfo seriam
afetadas pela elevação do nível
do mar.
d) Haverá diminuição da produção
de alimentos em importantes zonas agrícolas
do México, América Central, Brasil,
Chile, Argentina e Uruguai, agravando a desnutrição
na região.
e) Situações extremas como inundações,
secas, geadas e tempestades afetarão a produção
agrícola, incluindo colheitas para exportação,
como a indústria bananeira na América
Central.
f) Os modos de subsistência das comunidades
indígenas e rurais serão ameaçados
se a produção agrícola tradicional
for reduzida. Grupos especialmente vulneráveis
são aqueles que vivem em zonas marginais
ao redor das grandes cidades, principalmente os
assentamentos situados em áreas expostas
a inundações ou colinas com terreno
pouco estável.
g) Estima-se que doenças causadas por insetos
se estendam até o sul da AL e até
latitudes altas, somando-se aos problemas crônicos
de desnutrição e doenças que
afetam algumas populações.
h) Os países insulares são extremamente
vulneráveis às mudanças climáticas
e ao aumento do nível do mar.
i) Crescerá o número de afetados por
enfermidades relacionadas ao calor, como cólera,
dengue e malária.
j) Elevação do custo da proteção
das costas, para a economia das ilhas do Caribe.
Fontes: Painel Intergovernamental das Mudanças
Climáticas (IPCC, em inglês), Organização
Mundial da Saúde e Impactos das Mudanças
Climáticas na América Latina (Diana
Liverman et al).
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
|
|
|
|