|
CERTIFICAÇÃO
DE PRODUTOS ORGÂNICOS EXIGE RESPEITO
AO EQUILÍBRIO AMBIENTAL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2004
|
|
A agricultura orgânica,
cujos produtos valem mais 30% nas compras do governo,
não se restringe à produção
de alimentos. Ela tem princípios fundamentais,
que são exigências inclusive para a
certificação (reconhecimento oficial)
do produto. O engenheiro agrônomo Francisco
Vilela Resende, pesquisador da Embrapa Hortaliças,
lista esses princípios básicos: equilíbrio
ambiental, diversificação no trabalho
de rotação e consórcio de culturas
para manter no ecossistema o maior número
de espécies possível, reciclagem de
matéria orgânica, com o aproveitamento
de todos os recursos disponíveis na propriedade,
e produção baseada em fundamentos
econômicos e socialmente justos.
É considerado sistema orgânico de produção
agropecuária e agroindustrial, conforme a
Instrução Normativa nº 7 do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
o que incluir “tecnologias que otimizem o uso de
recursos naturais e socioeconômicos, respeitando
a integridade cultural e tendo por objetivo a auto-sustentação
no tempo e no espaço, a maximização
dos benefícios sociais, a minimização
da dependência de energias não renováveis
e a eliminação do emprego de agrotóxicos
e outros insumos artificiais tóxicos, organismos
geneticamente modificados (OGM, ou transgênicos),
ou radiações ionizantes em qualquer
fase do processo de produção, armazenamento
e consumo, e entre os mesmos, privilegiando a preservação
da saúde ambiental e humana, e assegurando
a transparência em todos os estágios
da produção e transformação".
E a engenheira Tereza Cristina Saminêz, pesquisadora
da Embrapa Hortaliças, destaca que um sistema
orgânico de produção não
é obtido apenas com a troca de insumos químicos
por orgânicos, biológicos ou ecológicos.
Num documento publicado, ela afirma que isto “requer
o comprometimento do setor produtivo com o sentido
holístico da produção agrícola,
onde o uso eficiente dos recursos naturais não
renováveis, a manutenção da
biodiversidade, a proteção do meio
ambiente, o desenvolvimento econômico, bem
como a qualidade de vida do homem estejam igualmente
contemplados”.
Revolução
Verde
No Brasil, segundo
a pesquisadora, a cultura orgânica começou
na década de 1970, relacionada com movimentos
filosóficos que incluíam busca do
contato com a terra, em oposição ao
consumismo da vida moderna. Era a "Revolução
Verde", consolidada dez anos depois, com a
realização da Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente
e Desenvolvimento, a Eco-92, no Rio de Janeiro.
O encontro incentivou a produção e
comercialização dos orgânicos,
com desenvolvimento de práticas menos agressivas
ao meio ambiente e o cultivo de alimentos saudáveis,
livres de resíduos tóxicos e qualidade
ecológica. Mas na Europa os experimentos
datam de 1920, quando surgiram a cultura biodinâmica,
a orgânica e a biológica. E no Japão
começa a ser praticada a cultura natural.
A produção orgânica brasileira
hoje tem café, açúcar, fumo,
soja, hortifrutigranjeiros, suco de laranja, algodão,
tomate, animais (aves e bovinos) e ovos. No caso
da soja, representa até 2% das 30 milhões
de toneladas colhidas na última safra, segundo
estimativa do presidente Sindicato dos Produtores
Rurais Orgânicos do Distrito Federal, Joe
Carlo Valle.
Fonte: EMBRAPA (www.embrapa.gov.br)
Adriano Gaieski