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DESMATAMENTO,
INVASÕES E GRILAGENS ASSOLAM ALTAMIRA,
PARÁ
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2004
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Denúncias
indicam que o município de Altamira continua
a ser palco de invasões de terra, grilagens
e desmatamento em áreas de floresta amazônica.
O município está localizado no estado
do Pará, que ocupa a segunda posição
entre os estados brasileiros que mais desmataram
em 2003, sendo responsável por 7.300 km2
de florestas derrubadas, só perdendo para
o líder Mato Grosso, com 10.400 km2.
Altamira é o maior município em área
do país, totalizando cerca de 160.000 km2,
e está localizado no chamado Arco do Desmatamento,
faixa que se estende do sudeste do Maranhão
chegando ao sudeste do Acre e que concentra a maior
parte do desflorestamento da Amazônia Brasileira.
Após o mogno, a pecuária
Segundo a reportagem do amazonia.org.br apurou,
na região do rio Carajari, afluente do rio
Iriri, há um grupo de cerca de 250 homens
trabalhando na abertura de uma grande área
destinada a pastagens. O local já foi uma
área de extração ilegal de
mogno e agora está sendo devastado para a
implantação da pecuária. A
área, de propriedade da União, está
em processo de transferência para o Estado.
Há informações de que a polícia
civil de Altamira apreendeu armas ilegais que estavam
com o grupo de invasores. Procurado pela nossa reportagem
desde ontem, o delegado Pedro Monteiro não
foi encontrado para dar declarações.
Os grileiros saíram de São Félix
do Xingu, passando pela Floresta Nacional do Xingu
até chegarem ao igarapé do rio Carajari,
localizado no quadrilátero conhecido como
Terra do Meio. O município de São
Félix do Xingu é o primeiro colocado
desde 2001 na lista dos municípios que mais
desmataram hectares de floresta amazônica.
No rio Xingu, na região do igarapé
Caxinguba e rio Pardo, uma operação
coordenada pela Delegacia Especializada em Meio
Ambiente constatou a prática de diversos
crimes ambientais: reabertura de pistas de pouso
para aeronaves, derrubada de árvores para
formação de pasto e abertura de estradas
no meio da floresta - inclusive com o aterramento
de cursos d'água. Também nesta região,
a floresta, antes rica em mogno, vem sendo derrubada
para a conversão em pastagens.
A operação, iniciada há cerca
de 15 dias, recebeu apoio da Polícia Militar
de Altamira. Segundo o delegado Marcos Lemos, responsável
pela operação, foram apreendidos tratores,
motosserras, sementes de capim, combustível,
armas e munições. Há indícios
ainda de que a região vem sendo alvo de grilagem
de terras. Assim como na região do Carajari,
a pressão ocorre principalmente a partir
da cidade de São Félix do Xingu, de
onde partem os suspeitos de grilagem.
Para complicar, a propriedade da área, que
fica na porção oriental da Terra do
Meio, é alvo de uma intrincada disputa judicial
entre o grupo CR Almeida e o Instituto de Terras
do Pará (Iterpa). O instituto pediu a anulação
do registro da área, alegando que fraudes
na documentação teriam aumentado a
área indicada nas escrituras. O grupo CR
Almeida, por sua vez, teria adquirido direito sobre
a área através de espólio do
suposto proprietário, Raimundo Ciro de Moura,
falecido em 2000.
Ameaças - Também no rio Iriri, na
comunidade de Riozinho do Anfrísio, grileiros
oriundos do Mato Grosso têm feito ameaças
e expulsado famílias da região. Além
da ocupação da terra, os grileiros
têm se apropriado da madeira da comunidade
e feito novas derrubadas. Segundo o jornal O Liberal,
"os invasores chegam de barcos e balsas, subindo
o rio Xingu repletos de motosserras." A Associação
Extrativista de Riozinho do Anfrísio lançou
um manifesto de protesto que foi enviado ao Ministério
do Meio Ambiente e ao Ibama. Pelo menos quatro ribeirinhos
da comunidade já foram ameaçados de
morte pelos invasores.
Fonte: Amazonia.org (www.amazonia.org.br)
Daniela Kawakami e Maurício Araújo