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POVO ARARA,
DE CACHOEIRA SECA, ENTREGA ABAIXO-ASSINADO
NO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2004
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Pela primeira vez
um grupo do povo Ugorogmo, conhecido como Arara,
da terra indígena Cachoeira Seca, cerca de
1300 quilômetros de Belém, no Pará,
está em Brasília. A delegação
veio a capital entregar ao ministro da Justiça
um abaixo-assinado em prol da demarcação
da terra.
Incumbidos pelos mais velhos a vir a Brasília,
seis jovens Arara entregaram, ontem (16), ao assessor
do ministro da Justiça, Cláudio Luiz
Beirão, um abaixo-assinado com 23 mil assinaturas
coletadas durante a campanha pela demarcação
da terra indígena Cachoeira Seca, iniciada
em dezembro do ano passado.
Preocupados com a demora para demarcar e com o aumento
do número de invasores em suas terras, os
Arara também estiveram reunidos com Artur
Mendes, do Departamento de Assuntos Fundiários
da Funai, com Rolf Hackbart, presidente do Incra,
(Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária), com parlamentares e com
procuradores da 6ª Câmara do Ministério
Público Federal.
Um levantamento feito no ano de 1992 apontava para
cerca de 400 famílias dentro da área.
Hoje, 12 anos depois, a terra, com 1000 mil hectares,
tem mais de mil invasores, segundo Afonso Alves
da Cruz, sertanista que trabalha com os Arara desde
o primeiro contato com o grupo em 78. Os invasores
abrem estradas dentro da terra, como a madeireira
Bannach que, atraída pelo Mogno, abriu uma
estrada, a Transiriri, que corta a terra indígena.
Outros, abrem picadas e colocam cartazes confirmando
a ocupação.
Os índios denunciaram que com a demora para
demarcar a terra eles são constantemente
ameaçados e perseguidos pelos invasores.
Em 2000, um Arara foi assassinado depois de tentar
impedir a pesca predatória dentro da terra.
De lá pra cá, eles não saem
mais sozinhos para caçar ou pescar. “Todo
mundo sai junto porque a gente tem medo de andar
só. Se a gente encontrar o branco no mato
e ele matar um, cadê o outro para salvar?”,
disse Iaut Arara.
Os Arara acreditam que a demarcação
da terra trará paz para criar suas famílias.
Eles temem que a caça, ainda farta, possa
ficar escassa se as invasões continuarem.
“A mata vai acabar e os bichos vão embora.
Queremos a demarcação para viver em
paz”.
Segundo Iaut a comunidade está crescendo,
hoje eles são 72, muitas crianças
estão nascendo e eles estão preocupados
com o futuro do povo. “Onde eles vão plantar
roça? Onde eles vão caçar?
Por isso a gente quer a nossa terra”. E acredita
que “com a demarcação eles (os invasores)
vão ter que respeitar nossa terra, por que
ali não é deles”.
Fonte: Conselho Indigenista Missionário
(www.cimi.org.br)
Assessoria de imprensa