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PRESIDENTE
DO IBAMA NEGA SUPERFATURAMENTO EM PROJETOS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2004
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O
presidente do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), Marcus Luiz Barroso Barros,
negou hoje a existência de superfaturamento
em projetos de manejo florestal na Região
Amazônica financiados pelo Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Segundo o convidado da audiência pública
da Comissão de Fiscalização
Financeira e Controle, não há superfaturamento
porque os recursos ainda não foram liberados
pelo Banco. "O BNDES está analisando
os projetos, mas nenhum recurso foi repassado",
explicou Barros.
Denúncias
As denúncias
foram publicadas pelo Jornal do Brasil em abril
deste ano. Na reportagem, o jornal afirma que o
diretor de Gestão Estratégica do Ibama,
Leonardo Tinoco, foi exonerado do cargo por não
ter aprovado o Programa de Desenvolvimento Comunitário
das Reservas Extrativistas, ao custo total de R$
32 milhões, para financiar projetos de manejo
em 30 reservas. O jornal acusa o Conselho Nacional
de Seringueiros de superfaturar projetos sob a orientação
do Centro Nacional de Populações Tradicionais
(CNPT), órgão do Ibama. De acordo
com a reportagem, o custo para a realização
de manejo na reserva extrativista de Cazumbá-Iracema
(Acre), que deveria ser de R$ 111 mil, de acordo
com cálculos do ex-diretor, estava orçado
em R$ 819 mil nos projetos apresentados ao BNDES
pelos seringueiros.
Malversação e favorecimento
O presidente do Ibama informou aos parlamentares
que foi instaurada uma comissão de sindicância
para apurar as denúncias contra o CNPT. Segundo
ele, até agora, a sindicância constatou
a existência de malversação,
que é o uso indevido de recursos. "Isso
não significa que há superfaturamento",
esclareceu, frisando que a sindicância deve
concluir seus trabalhos no próximo mês.
Barros ressaltou que, quando assumiu o Ibama no
início do Governo, já haviam sido
identificados problemas na condução
do Centro Nacional de Populações Tradicionais.
Em resposta a questionamento do deputado Luiz Carlos
Hauly (PSDB-PR), um dos autores do requerimento
que solicitou a audiência pública,
o presidente do Ibama acusou Leonardo Tinoco de
favorecer empresa de seus parentes. Barros revelou
que o ex-diretor usou uma verba de R$ 400 mil, destinada
a pagamento de pessoas físicas, para pagar
projetos encomendados a essa empresa. Ele também
acusou Tinoco de apagar arquivos dos computadores
do Ibama sobre dados da gestão estratégica.
Segundo o presidente do Ibama, esse foi o real motivo
da demissão de Leonardo Tinoco.
Araupel
Com relação
ao processo de compra da Fazenda Araupel (Paraná)
para projetos de assentamentos, o presidente do
Ibama explicou que a atuação do órgão
limitou-se à elaboração do
levantamento técnico sobre a área,
a pedido do Incra. Segundo ele, o levantamento mostra
que há remanescente de Mata Atlântica
na área da fazenda. Ele disse acreditar que,
com base nessas informações, o Incra
teria suspenso o processo de desapropriação
da área. A situação da desapropriação
da fazenda foi questionada por matéria da
revista "Veja", em sua edição
de número 50, publicada em 17 de dezembro
de 2003. A reportagem tratava do assentamento-modelo
que está sendo realizado na Fazenda Araupel
pelo preço de R$ 80 mil por família
assentada. Esse valor, segundo a revista, seria
para pagar o terreno. O total por família
assentada, de acordo com a matéria, chegaria
a R$ 500 mil.
Licenciamentos
Em resposta ao requerimento
do deputado José Carlos Machado (PFL-SE),
sobre a lentidão do Ibama em aprovar licenciamentos
- fato que, segundo denúncias de jornais
do Nordeste, estaria causando atraso na conclusão
de obras da região, - Barros reconheceu que
apenas duas obras foram prejudicadas: a Transnordestina
e a transposição do rio São
Francisco. No caso da Transnordestina, ele explicou
que o Ministério dos Transportes não
apresentou ao Ibama os dados necessários
para a concessão do licenciamento. No caso
do rio São Francisco, segundo ele, falta
o relatório do Ministério da Integração
Nacional sobre o impacto ambiental da obra. O convidado
esclareceu ainda que o Ibama está dando início
a um projeto para dar agilidade à emissão
de licenciamento. Todos os interessados poderão
acompanhar a tramitação dos processos
pela Internet, garantiu.
A Comissão de Fiscalização
Financeira e Controle volta a se reunir amanhã
para debater o aumento das tarifas telefônicas,
os procedimentos adotados para transferência
do controle acionário e a compra e venda
da Embratel. O convidado é o presidente da
Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel), Pedro Jaime Ziller. A audiência
será às 9h30, no plenário 7.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Reportagem - Mauren Rojahn
Edição - Simone Ravazzolli