Panorama
 
 
 

PROTEÇÃO AO BIOCOMÉRCIO DA AMAZÔNIA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2004

Para que o Brasil e países vizinhos se beneficiem da floresta amazônica por meio do uso sustentável de sua diversidade biológica será preciso, antes de mais nada, conhecer os principais problemas da região.
A opinião é do embaixador Rubens Ricupero, secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). “Ainda não conhecemos o suficiente da ciência e tecnologia da floresta, tanto para fomentar a produção como para descobrir novos produtos de saúde”, disse durante discussão sobre biocomércio na 11ª reunião do órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), que termina na sexta-feira (18/6), em São Paulo.
Ricupero defendeu a criação de uma “receita de preservação” acompanhada de um ganho econômico que possa ser oferecido à população local. “Eu sempre acreditei que a Amazônia tem um enorme potencial para tornar a população muito mais próspera”, disse.
Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é preciso criar alternativas que garantam o desenvolvimento tecnológico das comunidades locais responsáveis por proteger a riqueza natural do ecossistema. "Apesar de as comunidades tradicionais da Amazônia possuírem um imenso conhecimento associado aos recursos naturais, existe um grande atraso que precisa ser reparado, em termos de pesquisa e de conhecimento científico", afirmou.
Para Marina, uma política segura de bionegócios deve considerar o uso sustentável dos recursos como instrumento de conservação e como fronteira de atividade econômica que possa impulsionar o desenvolvimento regional. “É preciso haver uma maior sustentabilidade ética que consiga aliar a espectativa de ganhos econômicos ao respeito às demandas sociais e ambientais envolvidas”, disse.
No encontro foi assinado um acordo de intenções entre a Unctad e os países amazônicos, em favor do desenvolvimento sustentável da região. A iniciativa prevê a destinação de recursos pela ONU para o incentivo do bionegócio, que serão compartilhados entre as comunidades da bacia amazônica e as instituições científicas.
Exemplos de produtos que podem gerar riqueza nesse cenário de bionegócios não faltam, como é o caso do açaí e do cupuaçu que, segundo Marina, são espécies frutíferas essenciais para o crescimento das economias locais. “Porém, é preciso haver um maior avanço da tecnologia e um encurtamento das distâncias para que as populações locais possam ser de fato beneficiadas economicamente com seus produtos”, disse.
Marina lembrou que a concentração de biodiversidade, na maioria dos países, ocorre em regiões onde se localizam os maiores bolsões de pobreza. “A idéia é criar estímulos para as organizações comunitárias existentes, considerando os níveis de desenvolvimento tecnológico das diferentes regiões.” Para ela, isso se deve principalmente à dificuldade de valorizar e qualificar as comunidades que vivem nessas áreas, o que evitaria a exploração predatória dos recursos naturais.
“O maior desafio atual para o biocomércio é passar do estágio de planejamento e aspirações para o das atitudes concretas”, disse Ricupero. “Estamos criando novos mercados e precisamos de novos produtos para serem vendidos. Por isso, a prioridade agora é dar ênfase às pesquisas pois a pressão populacional, a exploração e o avanço das fronteiras são muito fortes.”

Fonte: Agência FAPESP (www.agencia.fapesp.br)
Thiago Romero, da 11ª Unctad, em São Paulo

 
 
 
 

 

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