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PRESERVAÇÃO
DA AMAZÔNIA PRECISA SE BASEAR EM TECNOLOGIA,
CIÊNCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Julho de 2004
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29/07/2004 – A 3ª
Conferência Científica do LBA (Experimento
de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia)
mostrou que o tripé "ciência",
"tecnologia" e "políticas
públicas" pode garantir o futuro sustentável
da floresta Amazônia em bases sólidas.
Segundo o pesquisador da Universidade de São
Paulo (USP) e um dos organizadores do evento, Paulo
Artaxo, a ciência está comprovando
que é possível formular estratégias
sustentáveis de desenvolvimento mediante
o estabelecimento de políticas públicas
compatíveis com o conhecimento gerado: “só
o conhecimento cientifico não basta para
preservar a Amazônia; precisamos de políticas
públicas bem fundamentadas e baseadas em
conhecimento sólido”.
Ele afirmou ainda que tais políticas devem
ser implementadas dentro de um amplo consenso entre
o setor agropecuário, organizações
não-governamentais e governos federal, estaduais
e municipais. Para ele, só assim a estratégia
poderá ser implantada com sucesso. Paulo
Artaxo, que também é coordenador do
Instituo do Milênio da Amazônia, ressaltou
que as novas descobertas do LBA ampliaram o conhecimento
cientifico acumulado capaz de permitir o desenvolvimento
sustentável da região. “Até
cinco anos atrás eu não diria isso”,
enfatizou o pesquisador, acrescentando que nesta
época o conhecimento ainda era bastante limitado
ao simples funcionamento do ecossistema amazônico.
“As novas descobertas do LBA são muito recentes
e absolutamente estruturais para o desenvolvimento
de políticas públicas em bases sólidas”.
Na palestra de hoje sobre degradação
de pastagens e desenvolvimento da floresta secundária,
o pesquisador Eric Davidson, do Woods Hole Research
Center (WHRC), falou sobre a importância dos
nutrientes do solo e as conseqüências
da queimada – prática extensamente utilizada
na região para limpar áreas e preparar
o solo para a agricultura – para a floresta amazônica.
De acordo com o pesquisador, o fogo reduz consideravelmente
a quantidade de fósforo e nitrogênio
no solo, limitando a concentração
de elementos vitais para o desenvolvimento das plantas.“Os
vários ciclos de queimada acabam com a fertilidade
do sol e compromete o futuro da floresta”, alertou
Davidson. Para a pesquisadora e chefe da Embrapa
Amazônia Oriental, Tatiana Sá, é
fundamental que as queimadas na Amazônia sejam
substituídas por novas técnicas de
plantio. Como exemplo, ela citou o plantio direto
com trituração da de vegetação
que vem sendo utilizado com sucesso pela Embrapa
em alguns projetos na Amazônia.
Erick Fernandes, representante do Banco Mundial,
falou sobre a utilização do conhecimento
tradicional para a regeneração de
áreas degradas na Amazônia com o plantio
de espécies nativas da região. A experiência,
que vem sendo realizada com sucesso em alguns pontos
desmatados da floresta, será aplicada em
outras regiões devastadas. “Aliar o conhecimento
tradicional à ciência gerada pelo LBA
abre uma boa possibilidade para a implantação
de sistemas sustentáveis, produtivos e resistentes”,
afirmou.
Ele prevê que, em breve, os conhecimentos
científicos produzidos pelo LBA na Amazônia
poderão ser transferidos para outros países,
sobretudo na África, onde a floresta do Congo
caminha para uma devastação semelhante
à registrada na Amazônia. “É
provável que no máximo em 10 anos
as cenas registradas na Amazônia se repitam
no Congo. Felizmente, todos os resultados obtidos
no Brasil servirão para ajudar o povo da
África a manejar melhor seus recursos naturais
e a preservar a floresta do Congo”.
A 3ª Conferência Cientifica do LBA termina
nesta quinta-feira. Durante três dias, cientistas,
pesquisadores e especialistas do Brasil e do exterior
apresentaram mais de 600 trabalhos científicos
que estão desvendando o papel da Amazônia
e das mudanças do uso da terra no sistema
climática do planeta, bem como a influência
das mudanças globais no funcionamento dos
ecossistemas amazônicos. Criado em 1998, o
LBA estuda as interações entre a floresta
amazônica e as condições atmosférica
e climática em escalas regional e mundial.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Maurício Cardoso