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ALGODÃO
TRANSGÊNICO DA EMBRAPA TERÁ
ENZIMA INSETICIDA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2004
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(02/08/2004) Em cinco
anos a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, deverá colocar no mercado
a primeira variedade transgênica de algodão
genuinamente brasileira. Há 20 anos a empresa
pesquisa uma solução para tornar a
cotonicultura livre do bicudo, um pequeno inseto
que, praticamente, dizimou a lavoura algodoeira
na região Nordeste, desde sua introdução
no Brasil, em 1983.
"A pesquisa está baseada na identificação
e isolamento de um gene que codifica para uma enzima
com potencial inseticida", detalha a pesquisadora
Roseane Cavalcanti dos Santos, que defendeu tese
de doutorado sobre o algodão transgênico
no final do ano passado pela Universidade de Brasília
(UnB). "Posteriormente o gene inseticida será
introduzido em plantas de algodão. Essa pesquisa
traz uma perspectiva animadora para o controle desse
inseto, que no momento é feito com aplicações
massivas de inseticidas químicos, onerando
o sistema de produção e poluindo o
meio ambiente", acrescenta Roseane.
Segundo a pesquisadora, a enzima é tóxica
para o inseto porque ataca o colesterol de suas
membranas intestinais, interferindo no crescimento
e levando-o à morte. "A enzima, coletada
de uma bactéria de plantas, já se
mostrou atóxica contra mamíferos,
em testes conduzidos anteriormente", garante
a pesquisadora da Embrapa Algodão.
Roseane conseguiu isolar cerca de 50% do gene com
previsão para isolar a parte restante no
final de 2004. "A partir daí, serão
iniciados os testes de introdução
da seqüência codante do gene na planta
e posteriores ensaios relativos ao potencial inseticida
da nova planta melhorada sobre os insetos. O resultado
dessa pesquisa será de grande repercussão
para o soerguimento definitivo da lavoura algodoeira
no Brasil. Em termos econômicos, a redução
com o uso de inseticidas será significativa
considerando-se que dos cerca de US$ 2,5 bilhões
investidos em agrotóxicos em 2002, 28% foi
destinado para compra de inseticidas", destaca.
O Brasil gasta atualmente cerca de U$ 900.000.000
para o controle de insetos do algodão.
O bicudo é um inseto com grande capacidade
reprodutiva, com ciclo biológico entre 12
e 17 dias. Durante um ciclo do algodoeiro, que fica
entre 150 e 160 dias, o bicudo pode reproduzir até
seis vezes, de modo que, no campo, podem ser encontrados
cerca de 500 mil insetos por hectare. Os prejuízos
na produção ocorrem porque o bicudo
se alimenta e coloca seus ovos em botões
florais novos, elevando o percentual de queda de
frutos.
A pesquisa, que está sendo realizada no Laboratório
de Regulação Gênica da Embrapa
Biotecnologia e Recursos Genéticos, em Brasília,
tem como colaboradores os pesquisadores Eugen Gander
e Lucília Marcellino, que atuaram, respectivamente,
como orientador e co-orientador da referida pesquisadora.
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Assessoria de imprensa (Dalmo Oliveira)