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MOVIMENTOS
SOCIAIS LANÇAM CAMPANHA PELA REGULARIZAÇÃO
DAS TERRAS DE QUILOMBOS
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Agosto de 2004
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Uma campanha nacional
pela regularização dos territórios
dos quilombos foi lançada hoje em São
Paulo, durante seminário para capacitar cerca
de 40 lideranças de 18 estados brasileiros.
"Nossas terras, aonde a gente vive, produz,
cria os nossos filhos, nunca foram de fato reconhecidas",
afirma Jô Brandão, da Coordenação
Nacional de Articulação das Comunidades
Negras Rurais Quilombolas (Conaq), uma das entidades
que organizam a campanha.
O Centro pelo Direito à Moradia Contra Despejos
(Cohre, com sede em Genebra) e a Associação
das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão
(Aconeruq-MA) são as outras entidades organizadoras
da campanha.
Até o final de 2005, a campanha pretende
dar visibilidade aos problemas vividos pelos quilombos,
disponibilizar recursos técnicos e financeiros
para que as comunidades consigam ter o título
de suas terras e acesso a políticas públicas
(saneamento básico, educação
entre outras); agilizar as demarcações
e concessões dos territórios e exigir
a participação dessas comunidades
nos foruns que elaboram as políticas sobre
os quilombos.
Segundo Letícia Marques Osório, representante
da Cohre, uma das propostas é utilizar o
Plano Diretor das Cidades para garantir a posse
das terras pelas comunidades. O novo Estatuto das
Cidades estabelece que todo município tem
de fazer um planejamento do uso de todo o seu território
e definir zonas especiais de interesse. "Assim
como um cortiço, uma comunidade quilombola
pode ser definida como zona especial de interesse
social, mesmo que não fique na área
urbana", explica Letícia.
Os órgãos do governo federal responsáveis
pela área estão divididos em vários
ministérios, como o da Cultura, do Desenvolvimento
Agrário e do Planejamento. "São
comuns reuniões entre esses órgãos,
mas a representação das comunidades
não acontece", explica Osório.
"Assim como acontece no Conselho das Cidades,
pode haver uma participação dos representantes
dos quilombos nessas reuniões", conclui.
Saiba mais sobre os quilombos e a legislação
Os quilombos são comunidades étnicas
rurais, criadas por negros escravizados trazidos
da África a partir do século XVII
- e seus descendentes - como fugitivos, alforriados
ou libertados na Abolição. Essas comunidades,
de maneira semelhante às aldeias indígenas,
possuem costumes, tradições e relações
sociais diferentes de outros setores da sociedade
nacional. Desde a Constituição Federal
de 1988, o Brasil reconhece o direito das comunidades
quilombolas. No entanto, poucas tiveram suas terras
demarcadas e apenas 29 receberam o título
de posse.
Segundo levantamento feito pela Fundação
Palmares, do Ministério da Cultura, a Universidade
de Brasília (UnB) e a Associação
das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Aconeruq),
há pelo menos 1.098 comunidades na maioria
dos estados. As exceções são
Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e Distrito
Federal.
O Brasil também assina acordos internacionais
que garantem o direito das comunidades indígenas
e quilombolas à segurança legal da
posse da terra. Um desses acordos, a resolução
número 169 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT), define que o critério
fundamental para reconhecimento dos direitos de
um grupo sobre determinado território é
a consciência da identidade tribal.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Assessoria de imprensa (Pedro Malavolta)