Nesta terça-feira (24/8),
foi anunciada a aprovação da primeira
etapa, de US$ 505 milhões. A liberação
das próximas parcelas do empréstimo
de ajuste estrutural está condicionada
ao cumprimento de metas ambientais, definidas
pelo governo brasileiro, entre as quais a implementação
do Plano BR-163 Sustentável e do Plano
para Prevenção e Controle do Combate
do Desmatamento na Amazônia Legal.
O ministro da Fazenda, Antônio Palocci,
a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o
diretor para o Brasil e vice-presidente do Banco
Mundial, Vinod Thomas, anunciaram nesta terça-feira
(24/8), a aprovação pela diretoria
do Banco Mundial da primeira etapa, de US$ 505
milhões, de um empréstimo de ajuste
estrutural de US$ 1,2 bilhão ao Brasil,
para os próximos quatro anos.
Os empréstimos de ajuste estruturais têm
como objetivo fornecer recursos para o gerenciamento
da dívida pública. Ou seja, os recursos
são repassados ao Tesouro Nacional, para
auxiliar no equilíbrio fiscal do país.
Normalmente, estão condicionados ao cumprimento
de índices de inflação, ou
à reestruturação de políticas
públicas.
Para que o restante [US$ 695 milhões] do
mais recente empréstimo seja liberado,
terão de ser cumpridas metas ambientais
definidas pelo próprio governo brasileiro,
entre as já previstas no Plano Plurianual
(PPA) 2004-2007. Nos últimos meses, foram
detalhadas por integrantes dos Ministérios
da Fazenda, Meio Ambiente, Minas e Energia, Desenvolvimento
Agrário, Integração Nacional,
Cidades e Energia, que assinaram a Carta de Política
de Desenvolvimento do empréstimo.
Envolvem a implementação do Plano
Amazônia Sustentável (PAS), do Plano
BR-163 Sustentável e do Plano para Prevenção
e Controle do Combate do Desmatamento na Amazônia
Legal, a regularização ambiental
dos assentamentos agrários do país,
a melhoria da capacidade institucional do MMA
e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e
o desenvolvimento de novas metodologias para o
planejamento urbano do país.
No momento, PAS, inicialmente previsto para ser
enviado ao presidente Lula em agosto do ano passado,
ainda está em elaboração.
O Plano BR-163 Sustentável é aguardado
para outubro, como anunciado pela ministra na
semana passada, durante encontro com a Comissão
de Coordenação Conjunta do Programa
Piloto para a Proteção das Florestas
Tropicais do Brasil (PPG-7).
E a grande vedete, o Plano para Prevenção
e Controle do Combate do Desmatamento na Amazônia
Legal, anunciado em março, só parece
ter tomado algum fôlego há três
semanas, após a liberação
de R$ 63 milhões para ações
contra o desmatamento ilegal, grilagem de terras
e trabalho escravo, que já resultaram na
aplicação de R$ 22 milhões
em multas e, em Itaituba (PA), na ameaça
de madeireiros de ocupar prédios públicos,
fechar o comércio local e manter reféns
servidores do Ibama.
Além disso, apenas em junho foi instalada
a primeira das 10 bases do Ibama previstas para
serem instaladas neste ano nos 19 pontos mais
críticos da Arco do Desmatamento e apenas
há uma semana o Ministério do Desenvolvimento
Agrário anunciou o início da identificação
e cadastramento dos imóveis rurais da área
de influência da BR-163.
O mais volumoso à
àrea ambiental
O empréstimo foi apresentando
como o mais volumoso para a área ambiental
concedido pelo Banco Mundial, que em 2002 formalizou
uma experiência similar no México,
de US$ 202 milhões.
De acordo com documento distribuído pelo
Banco Mundial, o objetivo é “inserir os
temas ambientais no planejamento e execução
das políticas públicas e no processo
mais amplo de desenvolvimento, realçando
a transversalidade do tema”. Na definição
do ministro Antônio Palocci é “uma
proteção a esse conjunto de ações
das vulnerabilidades orçamentárias
e para a ministra Marina Silva é um “apoio
do Banco Mundial para a implementação
da política ambiental brasileira”.
Segundo texto publicado do site do Eco-Finanças,
da ONG Amigos da Terra-Amazônia, “com a
operação, a questão ambiental
ganha status dentro do governo, pois a falta de
avanço na política ambiental poderá
se traduzir - da mesma forma que, por exemplo,
a falta de controle inflacionário - em
razão de inadimplência do Brasil.
Por outro lado, o governo negociou compromissos
bastante gerais e modestos, de maneira a reduzir
a chance de prejudicar o cronograma de desembolso”.
Já a Rede Brasil sobre Instituições
Financeiras Multilaterais, em informe divulgado
em maio, conclui ser “lamentável que o
Brasil continue tolerando que as instituições
financeiras multilaterais mantenham a prática
de incluir, em seus pacotes de empréstimo,
como condições para acesso ao crédito,
exigências relativas a implementação
de reformas em diversas áreas de políticas
públicas com impacto direto sobre a vida
dos cidadãos e a sustentabilidade ambiental”.
No mesmo documento, recomenda a adoção
de critérios claros de monitoramento da
implementação dos projetos e de
mecanismos para a participação da
sociedade civil no processo de avaliação
da implementação das metas.