|
IBAMA TEM
NOVOS PROJETOS PARA MELHORAR A RELAÇÃO
COMUNIDADE-MEIO AMBIENTE EM ITAITUBA
Panorama
Ambiental
Belo Horizonte (MG) – Brasil
Agosto de 2004
|
|
Com
as ações, instituição
quer compatibilizar conservação e
desenvolvimento no município
Itaituba - O Ibama Itaituba anunciou na segunda-feira
(23/08) novos projetos e parcerias para melhorar
a relação entre a comunidade local
e o meio ambiente. A iniciativa inclui ações
dentro e no entorno das unidades de conservação
do município - o Parque Nacional da Amazônia
e as Florestas Nacionais (Flonas) de Itaituba I
e II - que juntas conservam 1,5 milhão de
hectares, compondo o Corredor de Biodiversidade
Sul-Amazônico. Dentre as principais atividades
já previstas estão o mapeamento e
monitoramento das áreas; comunicação
e educação ambiental; infraestrutura
de ecoturismo para o Parque; expedições
científicas com o envolvimento das comunidades
locais no apoio a essas pesquisas.
"Vamos construir tudo isso passo-a-passo com
a comunidade e o resultado vai servir para rever
os Planos de Manejo do Parque e elaborar os Planos
das Flonas", afirma Lívia Martins, chefe
do escritório do Ibama Itaituba. "O
Plano de Manejo define os usos mais adequados dos
recursos naturais existentes em cada área.
Dependendo do tipo da unidade de conservação,
esses usos podem ir desde a pesquisa até
o ecoturismo e o extrativismo sustentável
e devem refletir um amplo debate com as pessoas
que vivem ao redor", conclui.
Para compor a força de trabalho, o Ibama
fez parceria com duas organizações
- a SAPOPEMA, sediada em Santarém e formada
por professores da Universidade do Pará (UFPA),
e com a Conservação Internacional
(CI-Brasil), que tem escritório em Belém
e atua em vários biomas brasileiros. Além
disso, está recebendo apoio do Proecotur
para ampliar as atividades de ecoturismo no Parque.
"Precisamos romper com a idéia de que
área protegida é empecilho para o
desenvolvimento econômico", afirma José
Maria Cardoso, vice-presidente de Ciência
da CI-Brasil. Ele explica que um estudo recente
sobre o impacto econômico de 10 unidades de
conservação em torno de Manaus mostrou
que o movimento financeiro anual médio dessas
áreas ultrapassou R$5,3 milhões, gerando
218 empregos diretos, com uma renda mensal média
de R$1.075 por empregado. "E isso sem ônus
para o Estado", reforça José
Maria, "pois, 98% desses recursos tiveram origem
fora do município. Com isso, quero dizer
que uma área protegida é capaz de
atrair novas fontes de investimentos, gerando renda
e emprego para a população local,
fortalecendo novas alternativas econômicas".
Na primeira fase do projeto em Itaituba, que tem
prazo de dois anos, SAPOPEMA e CI-Brasil vão
aplicar recursos da ordem de R$450 mil.
O município de Itaituba tem 62.380 km2, o
que equivale a quase uma vez e meia o território
do Estado do Rio de Janeiro. Somente 18% de sua
área estão em unidades de conservação.
Em Santarém, por exemplo, essa proporção
é de 25% e em alguns municípios do
Amapá, como Serra do Navio, chega a 80%.
"Para desenvolver Itaituba, não é
preciso avançar sobre os 18% do território
em unidades de conservação. Essas
áreas existem com o objetivo de garantir
que recursos naturais da região - a água,
o clima e a riqueza de espécies - nos beneficiem
hoje e continuem beneficiando as gerações
futuras", diz Rogério Castro, biólogo
da Diretoria de Ecossistemas do Ibama.
Segundo o Censo de 2000, Itaituba tem 94.1000 habitantes
e apresenta uma alta concentração
de renda e uma grande proporção de
pobres. Mais de 50% da população têm
renda familiar mensal abaixo de meio salário
mínimo. "Desde sua fundação,
o município tem aplicado um modelo de desenvolvimento
tradicional, baseado na mineração,
na exploração não sustentável
dos recursos madeireiros e na pecuária",
analisa José Maria. As estatísticas
mostram que, no longo prazo, esse modelo traz poucos
benefícios para a população
local em termos de distribuição de
renda e qualidade de vida.
"Itaituba pode ter um novo modelo de desenvolvimento,
baseado na agricultura e pecuária intensivas,
promovendo o alto rendimento dos quase 500.000 hectares
de áreas já alteradas. Além
disso, é importante que o município
continue explorando seus recursos naturais, mas
de maneira legal e sustentável, fazendo um
planejamento da expansão de suas atividades
econômicas. Assim, Itaituba poderá
assumir um papel de liderança atraindo investimentos
de longo prazo para o município, gerando
empregos de qualidade e conservando os recursos
naturais da região", conclui.
Wilsea Figueiredo, presidente da SAPOPEMA, diz que
os trabalhos de inventários em biodiversidade
nas unidades de conservação do município
começam em poucas semanas. As equipes vão
contratar assistentes de campo e infraestrutura
na comunidade além de capacitar estudantes
universitários de Itaituba em questões
ambientais. As oficinas de comunicação
e educação ambiental também
estão previstas para acontecer em novembro
deste ano, quando serão reunidos mais de
40 representantes das lideranças locais para
definirem um plano de trabalho nessas áreas.
Fonte: Amazonia.org.br (www.amazonia.org.br)
Assessoria de Imprensa