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SEIS INDÍGENAS
DENI MORRERAM POR FALTA DE ASSISTÊNCIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2004
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Seis indígenas
do povo Deni morreram desde janeiro deste ano, três
dos quais só no mês de março,
nas aldeias Morada Nova e Boiador, localizadas na
terra indígena Deni, na região do
Juruá, município de Itamarati, no
Sul do Amazonas. O Tuxaua Saravi Deni, da aldeia
Morada Nova, denunciou a ocorrência ao administrador
regional da Fundação Nacional do Índio,
Benedito Rangel, em Manaus, e responsabiliza a Fundação
Nacional de Saúde - Funasa, pela falta de
assistência às comunidades.
Segundo relato do tuxaua Saravi, as vítimas
foram um recém-nascido, no dia 2 de janeiro;
Tashihari Deni, de 11 meses, em 5 de janeiro; Vaphari
Deni, de dois meses, em 13 de fevereiro; Katuna,
de 40 anos, em 1º de março; Umani, de
três meses, no dia 4 de março e Dirarivi,
de cinco meses, no dia 6 do mês em curso,
todos acometidos por diarréia e vômito.
As lideranças indígenas dizem que
o atendimento médico nas aldeias vem sendo
feito por meio de radiofonia.
"Estou muito revoltado com a situação
do nosso povo. O pólo base não está
funcionando de acordo com seu objetivo", protesta
Saravi na carta enviada ao administrador da Funai.
O tuxaua denuncia que não havia qualquer
um dos membros da equipe de saúde e nem medicamentos
no pólo base - que é a unidade de
atendimento nas comunidades.
"Nós, agentes de saúde, estamos
trabalhando sozinhos, sem remédio. Assim
não pode continuar. Fico muito triste com
a situação de saúde do meu
povo. O trabalho de saúde começou
bem, mas piorou nos últimos três anos",
denuncia o tuxaua Saravi Deni.
O coordenador da União das Nações
Indígenas de Tefé -Uni-Tefé,
Zuza Cavalcante, que gerencia o Distrito Sanitário
Especial Indígena do Médio Solimões,
informou que a dificuldade no atendimento esbarra
na falta de recursos. "Nós já
prestamos conta das parcelas anteriores do montante
previsto no convênio e aguardamos o repasse
dos recursos. Há dois meses a Funasa não
libera o dinheiro e até os nossos fornecedores
não querem mais nos atender", disse.
Zuza informou ainda que amanhã o coordenador
de saúde da Uni-Tefé, Braz de Paula,
e uma consultora da Funasa viajarão para
o rio Xeruã - onde estão localizadas
as aldeias Morada Nova e Boiador - para avaliar
as condições de saúde e o atendimento
aos Deni. Segundo Zuza uma equipe já saiu
da cidade de Carauari para a região para
prestar atendimento aos Deni.
O chefe do Distrito Sanitário do Médio
Solimões, Hamilton Álvares da Fonseca,
garantiu que os recursos devem ser repassados à
Uni-Tefé até o final de março.
Ele atribui a ausência da equipe junto às
comunidades ao descontentamento pela falta de pagamento
dos salários dos funcionários, que
estariam atrasados há pelo menos 45 dias.
Fonte: CIMI - Conselho Indigenista
Missionário (www.cimi.org.br)
Amazônia ORG (www.amazonia.org.br)
Assessoria de imprensa