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BRASIL PODERÁ
SEDIAR REUNIÃO DE PAÍSES MEGADIVERSOS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2004
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O Brasil pode sediar,
em 2005, uma reunião do grupo de países
megadiversos. O grupo é formado pelos 12 países
com maior biodiversidade do planeta, entre os quais
Brasil, Índia, México, Costa Rica, Equador
e China, e defende a implementação de
um regime internacional de repartição
de benefícios pela utilização
da biodiversidade e de conhecimentos de populações
tradicionais. A proposta foi apresentada hoje pela
ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante reunião
preparatória do grupo para a 7ª Conferência
das Partes da Convenção da Biodiversidade
(foto), que está sendo realizada até
sexta-feira em Kuala Lumpur (Malásia).
O objetivo da reunião dos países megadiversos
proposta por Marina Silva é dar prosseguimento
à implantação do regime de repartição
de benefícios, incluído no plano de
ação aprovado durante a Cúpula
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
(Rio+10), realizada em Johanesburgo (África
do Sul), em 2002. A ministra destacou que o Brasil
já discutiu com setores privado, acadêmico
e científico, organizações não-governamentais,
comunidades tradicionais e indígenas a questão
da repartição de benefícios e
que, em breve, será enviado projeto de lei
ao Congresso Nacional tratando do assunto.
A CDB foi adotada em 1992, durante a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento (Rio 92) e entrou em vigor em 1993.
A Convenção, que conta atualmente com
188 Estados Partes, é um dos mais importantes
instrumentos na área ambiental, sendo considerada
um dos principais resultados da Rio-92. A CDB tem
três objetivos: a conservação
da biodiversidade; seu uso sustentável; e a
repartição justa e eqüitativa dos
benefícios resultantes do acesso aos recursos
genéticos. A Convenção reconhece
o direito soberano dos Estados de explorarem seus
próprios recursos de acordo com suas políticas
ambientais, além da soberania dos Estados sobre
seus recursos genéticos. O Brasil é
Parte da CDB desde 1994.
Os 12 países que compõem o grupo dos
megadiversos são: Brasil, China, México,
Índia, Colômbia, Venezuela, Peru, Costa
Rica, Equador, África do Sul, Quênia
e Indonésia. Estes países possuem cerca
de 70% da biodiversidade mundial.
Veja abaixo
a íntegra do discurso da ministra Marina Silva
durante a reunião dos países megadiversos:
REUNIÃO
DO GRUPO DE PAÍSES MEGADIVERSOS
Kuala Lumpur, 17 de
fevereiro de 2004
O Brasil comparece a essa reunião com o firme
propósito de reafirmar a importância
estratégica e política desse grupo.
Desde sua formação, o Brasil viu o Grupo
dos Megadiversos como a instância adequada,
não só para promover a concertação
de posições em foros internacionais,
mas também para incentivar a cooperação
entre nossos países.
Desde o início de meu mandato, tenho me preocupado
para que esse grupo seja realmente viável e
para que possa cumprir seus objetivos. Caso contrário,
somos forçados a nos restringir a encontros
esporádicos como esse, sem que possamos dar
seguimento às propostas que aqui surgem. Não
podemos replicar, aqui, algumas das posturas que temos
questionado na Convenção sobre Diversidade
Biológica, que até agora tem produzido
mais idéias e papel do que ações
efetivas de implementação.
Como evidência de nosso compromisso com o Grupo,
gostaria de anunciar que estou tomando medidas concretas
para que o Brasil possa fazer, brevemente, o depósito
da contribuição financeira que lhe cabe
para o Fundo de Cooperação dos Megadiversos.
Entendo que a contribuição dos países
representa um importante passo para que o Grupo dos
Megadiversos dê um salto qualitativo na ação
que vem tendo até agora.
Com o mesmo objetivo, quero propor aqui que, já
no ano de 2005, o Brasil possa sediar uma reunião
desse Grupo para dar seguimento às propostas
aqui aprovadas no nosso Plano de Ação.
Mais particularmente, sugiro que essa reunião
no Brasil possa constituir-se num momento de reflexão
em torno de nossas posições para o processo
negociador do regime internacional de acesso e repartição
de benefícios. Tenho certeza de que esse regime
se revela da maior importância para todos nós.
A instalação desse processo negociador,
na verdade, é o mais importante resultado que
pode sair desta Conferência das Partes.
Para o Brasil, a questão de acesso e repartição
de benefícios reveste-se de suprema importância.
Recentemente, o Ministério do Meio Ambiente
conduziu um longo processo de discussão na
sociedade brasileira, envolvendo o governo, organizações
não-governamentais, comunidades tradicionais
e indígenas, os setores privado, acadêmico
e científico. O resultado desse trabalho foi
um projeto de lei que deverá estar sendo brevemente
apresentado pelo Governo ao Congresso Nacional. Deverá,
assim, constituir-se num importante marco regulatório
para começarmos a perseguir, no Brasil, um
dos três objetivos da Convenção,
que vem sendo até aqui negligenciado: a repartição
dos benefícios derivados do uso da biodiversidade.
Para realizar esse trabalho, o Brasil se baseou no
que outros países vêm fazendo nessa área
e, por isso, gostaríamos de ter a oportunidade
de partilhar esses resultados com outros países
que pretendem realizar o mesmo processo. Esse deve
ser, também, um dos objetivos que devemos buscar
em nosso grupo: a troca de experiências e a
cooperação em caráter bilateral,
regional ou multilateral, de forma a transformar em
realidade o plano de ação que ora aprovamos.
Fonte: MMA – Ministério do
Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Assessoria de imprensa |