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MARINA SILVA
LANÇA O PROTOCOLO DE INTENÇÕES
DO PROGRAMA DE TRABALHO PARA ÁREAS
PROTEGIDAS NA COP-7 DA CDB
Panorama
Ambiental
Kuala Lumpur – Malásia
Fevereiro de 2004
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A sociedade
civil participará da elaboração
da versão nacional do programa voltado à
redução da perda de biodiversidade.
Vinte e cinco representantes de ONGs e movimentos
sociais assinaram o documento apresentado hoje pela
ministra do Meio Ambiente em Kuala Lumpur. Durante
encontro com representantes indígenas presentes
à conferência, a delegação
brasileira se comprometeu a defender a posição
de supremacia das Terras Indígenas sobre Unidades
de Conservação em caso de sobreposição.
O papel das áreas
protegidas na conservação da biodiversidade
é um dos principais temas da 7ª Conferência
das Partes (COP-7) da Convenção sobre
Diversidade Biológica (CDB), que reúne
cerca de 2 mil delegados até sexta-feira (20/2)
em Kuala Lumpur, na Malásia. Lançado
em novembro do ano passado, durante a 9ª Reunião
do SBSTTA – órgão subsidiário
para Aconselhamento Científico, Técnico
e Tecnológico da CDB -, o
Programa de Trabalho para Áreas Protegidas,
que prevê a consolidação de um
sistema de áreas protegidas efetivamente manejado
e representativo da biodiversidade mundial até
2010, deverá ser aprovado na COP-7.
Nesta quarta-feira (18/2), a ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, anunciou o Protocolo de Intenções
para a Implementação do Programa de
Trabalho para Áreas Protegidas no Brasil, que
prevê a formação de um Fórum
Nacional de Áreas Protegidas, vinculado à
Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF) do
Ministério do Meio Ambiente, onde serão
definidas as áreas prioritárias do plano,
assim como reunidas as capacidades técnicas,
científicas, financeiras e políticas
para a sua formulação. Aberto a novas
adesões, o documento representa o primeiro
passo no estabelecimento de uma agenda comum entre
o governo e a sociedade civil para a construção
de um Plano Nacional de Áreas Protegidas. Foi
assinado até o momento por 25 instituições,
entre as quais o Instituto Socioambiental (ISA), a
Conservation Internacional do Brasil (CI), o WWF-Brasil
e a Rede de ONGs da Mata Atlântica.
Delegação
brasileira em defesa das TIs
Em seu discurso, Marina
Silva ressaltou a importância da inclusão
das Terras Indígenas (TIs) no Programa de Trabalho
para Áreas Protegidas, definidas como imprescindíveis
para que seja atingida a meta global de “redução
significativa da taxa de perda de biodiversidade”
nos próximos seis anos, estabelecida na Rio+10
e adotada no plano estratégico da CDB.
Ainda sobre esse tema, durante um encontro no dia
anterior com representantes dos povos indígenas
presentes à COP-7, a delegação
brasileira se comprometeu a defender a posição
de supremacia das Terras Indígenas sobre Unidades
de Conservação em caso de sobreposição
dessas áreas. Na reunião, articulada
pela advogada indígena Lúcia Fernanda
Jófej Kaingang, diretora-executiva do Instituto
Indígena Brasileiro de Propriedade Intelectual
(Inbrapi), os indígenas solicitaram que o Brasil,
no Programa de Trabalho para Áreas Protegidas,
se oponha à inclusão de iniciativas
de reassentamentos involuntários e defenda
a necessidade de consentimento prévio e informado
para o desenvolvimento de projetos dentro de TIs.
Também pediram que a delegação
brasileira apóie o sistema 'sui generis' de
proteção aos conhecimentos tradicionais
no regime internacional de acesso à biodiversidade
e repartição de benefícios –
instrumento polêmico devido às divergências
entre os países detentores de biodiversidade
e os detentores de biotecnologia, cujo relatório
elaborado pelo Grupo de Trabalho (GT) sobre Acesso
e Repartição de Benefícios da
CDB no fim do ano passado, recheado de dissensos,
está em discussão na COP-7.
A ministra do Meio Ambiente afirmou que as preocupações
dos povos indígenas são as mesmas da
delegação brasileira. Ressaltou a importância
de que seja garantida a participação
plena da sociedade civil e de povos indígenas
em todos os fóruns internacionais, enfatizando
que tais esforços, entretanto, não devem
substituir a mobilização para criação
de legislações internas de defesa de
seus direitos.
Na segunda-feira (16/2), Braúlio Ferreira de
Souza Dias, da Gerência de Conservação
da Biodiversidade da SBF do MMA, apoiou a adoção
do Programa de Trabalho para Áreas Protegidas.
Dias sugeriu que as metas e atividades do programa
sejam atreladas às prioridades de cada país
e que sejam adotados mecanismos de transferência
de tecnologia e de apoio financeiro para a sua implementação.
O gerente de Conservação da Biodiversidade
criticou o caráter excessivamente conservacionista
do programa, destacando a necessidade de que sejam
incluídas entre suas metas e atividades o uso
sustentável dos recursos naturais e a repartição
de benefícios.
"Megadiversos"
reunidos no Brasil
Ontem, durante reunião
com representantes dos países megadiversos
– Brasil, China, México, Índia, Colômbia,
Venezuela, Peru, Costa Rica, Equador, África
do Sul, Quênia e Indonésia -, Marina
Silva apresentou proposta para que a próxima
reunião do grupo, em 2005, seja realizada no
Brasil.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Fernando Mathias e Henry Novion) |