 |
RELATÓRIO
“PARÁ: ESTADO DE CONFLITO” É
LANÇADO NOS ESTADOS UNIDOS
Panorama Ambiental
Washington (DC) – EUA
Fevereiro de 2004
|
 |
Documento denuncia
empresas americanas que alimentam a destruição
ambiental e injustiça social na Amazônia
O Greenpeace lançou
ontem, nos Estados Unidos, o relatório "Pará:
Estado de Conflito" (1), juntamente com um anexo
trazendo novas informações sobre o papel
das empresas norte-americanas na destruição
ambiental e injustiça social na Amazônia.
De acordo com o documento, diversas companhias dos
Estados Unidos alimentam a violência e a exploração
ilegal ao comprar e/ou distribuir madeira do Grupo
Madenorte e de outras empresas madeireiras envolvidas
com fraude, grilagem de terras e trabalho escravo
do estado do Pará. O relatório identifica
a Ihlo Sales & Import Company, empresa baseada
no Texas, como a maior importadora de madeira da Madenorte,
e lista diversas outras companhias norte-americanas
que negociam direta ou indiretamente com a madeireira
paraense (2).
Ontem, o Greenpeace enviou cópias do relatório
para várias agências do governo federal
responsáveis pelo cumprimento da iniciativa
presidencial contra madeira ilegal e também
para todas as empresas identificadas no relatório.
Junto com o documento, a organização
também enviou uma carta, pedindo que as empresas
parem de negociar com a Madenorte (3). No final do
ano passado, operação do Ibama apreendeu
milhares de metros cúbicos de madeira ilegal
na região de Porto de Moz, além de máquinas
e equipamentos usados pelos madeireiros. A Madenorte
foi multada em R$ 1,95 milhão (4).
"Ao comercializar madeira com a Madenorte, as
empresas americanas contribuem diretamente com a destruição
da Amazônia, a floresta com maior biodiversidade
do planeta", disse Scott Paul, coordenador da
campanha de Florestas do Greenpeace nos Estados Unidos.
"Os Estados Unidos são o maior importador
de produtos florestais do mundo e os consumidores
de madeira também são responsáveis
pela violência e devastação das
florestas. As empresas americanas devem perguntar
a origem da madeira que consomem a fim de trazer justiça
e estabilidade à Amazônia Brasileira".
O relatório "Pará: Estado de Conflito"
foi lançado nos Estados Unidos ao mesmo tempo
em que governos de vários países estão
reunidos em Kuala Lumpur, na Malásia, para
participar da 7a Conferência da Convenção
das Nações Unidas sobre Diversidade
Biológica (CDB). Um dos principais temas da
reunião é a discussão sobre áreas
protegidas, o direito dos povos indígenas e
comunidades tradicionais e o papel da exploração
e o comércio ilegais de madeira na destruição
da biodiversidade. O Greenpeace está pedindo
que governos de vários países disponibilizem
recursos financeiros suficientes para barrar a destruição
das florestas primárias e dos oceanos, e estabeleçam
uma rede de áreas protegidas com efetivo manejo
e cumprimento da lei.
O Greenpeace acredita que o futuro da região
está em um novo modelo social e econômico
do uso responsável da floresta aliada ao estabelecimento
de uma rede de áreas protegidas. As empresas
madeireiras verdadeiramente comprometidas com atividades
legais, sustentáveis e certificadas têm
um lugar neste futuro, mas o principal esforço
deve se concentrar em trazer o poder do Estado e a
justiça social e ambiental para a Amazônia.
O único caminho para alcançar este objetivo
é através do compromisso dos governos
federal e estadual com a região, com o apoio
da cooperação internacional e o trabalho
conjunto com as comunidades tradicionais. "O
primeiro passo concreto que o governo pode dar para
mostrar seu comprometimento com a integridade da floresta
e dos povos que dela dependem é acelerar o
processo de criação das reservas extrativistas
Verde para Sempre, em Porto de Moz, e Renascer, em
Prainha", disse Paulo Adário, coordenador
do Greenpeace na Amazônia.
Notas:
(1) O relatório
é resultado de um cruzamento de dados sobre
o setor madeireiros, a máfia da grilagem, a
violência no campo e o avanço da pecuária
no estado do Pará, o maior produtor e exportador
de madeira da Amazônia brasileira. O documento
revela como estes dados, relacionados entre si, tornaram
o Pará responsável por cerca de 1/3
do total desmatado em toda a Amazônia Legal
e palco de escandalosas denúncias de abusos
ambientais e desrespeito aos direitos humanos. O relatório
detalha como um modelo equivocado de desenvolvimento
abriu as portas para a invasão e ocupação
ilegal de terras públicas, uso de violência
e degradação sistemática dos
recursos naturais em nome de um progresso econômico
que nunca aconteceu. Veja íntegra do relatório
"Pará: Estado de Conflito", assim
como o Sumário Executivo, no site do Greenpeace
(www.greenpeace.org.br/amazonia)
(2) O documento do
Greenpeace aponta como importadores de madeira da
Madenorte, além da Ihlo: Columbia Forest Products
(Portland, Oregon), Dantzler (Miami Lakes, Flórida),
DLH Nordisk (Greensboro, Carolina do Norte), John
S. Connor, Inc. (Baltimore, Maryland), McCausey Lumber
(Roseville, Michigan), Robinson Lumber (New Orleans,
Louisiana), and Sabra International (Miami Beach,
Flórida). Os distribuidores que compram rotineiramente
ou já compraram madeira da Madenorte através
da Ihlo: Acadian Hardwoods & Cypress (Ponchatoula,
Louisiana), Boom, Inc. (Newtown Square, Pensilvânia),
Central Wholesale Supply Corporation (Norfolk, Virgínia),
Diamond Hill Plywood (Darlington, Carolina do Sul),
Dixie Plywood (Savannah, Geórgia), and Tech
Products (Miami, Flórida).
(3) Veja íntegra
das cartas enviadas pelo Greenpeace ao Departamento
de Justiça dos Estados Unidos e à Ihlo
Sales & Import Company, maior importadora de madeira
da Madenorte.
(4) Do total das multas,
R$ 1,65 milhão foram referentes à exploração
da floresta em desacordo com o Plano de Manejo Florestal
(PMF) e R$ 30 mil por danificar e explorar madeira
em área de Reserva Legal.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa |