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ANTROPÓLOGO
COMEMORA PARTICIPAÇÃO NA SBPC
Panorama
Ambiental
Cuiabá (MT) - Brasil
Julho de 2004
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Ao comemorar a participação
dos índios pela primeira vez nos 56 anos
da reunião da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC), o antropólogo
Aloir Pacini, um dos organizadores do espaço
“SBPC e a Ciência Indígena”, disse
que “os índios estão conquistando
o seu espaço como sujeitos e não como
objetos da história. Como sujeitos, eles
estão podendo dizer o que pensam e que o
conhecimento que eles foram elaborando tradicionalmente
é um conhecimento valioso”.
Segundo Pacini, esse é um momento importante
no qual os índios passam a se relacionar
com outra cultura. “Os índios não
querem a nossa ciência empírico-formal.
Querem poder produzir os seus conhecimentos segundo
as suas tradições e contemplar os
valores que tradicionalmente vêm trazendo”,
disse.
Pacini lembrou ainda que são milhares de
anos da cultura indígena que devem ser garantidos
e valorizados pela nossa sociedade. “Nós
temos um padrão de ciência empírico-formal
que é um padrão que predominou no
Ocidente. Porém existe uma ciência
elaborada pelos Maias, Astecas e por outras civilizações
que não são da tradição
Ocidental e que tem que ser resgatada como conhecimento,
que tem o seu valor”.
O antropólogo também defendeu o fim
da tutela do índio pela Funai. “O índio
não é incapaz, não é
menor, é sujeito da sua história e
capaz de produzir conhecimento, de elaborar o que
ele deseja. A tutela, em um outro sentido, é
importante para o índio, quando o governo
tem que garantir saúde, educação
e o direito à terra”, disse.
Segundo Pacini, a função da Funai
é específica de demarcação
das terras, fazendo com que os direitos indígenas
sejam assegurados. “Ela é parceira dos índios
no processo de defesa dos seus direitos, do seu
território, do seu patrimônio, não
só material mas também imaginário.
Toda a cultura está sendo elaborada por eles
e é um patrimônio que eles têm
que resguardar”, salientou.
Debates, simpósios e oficinas sobre Educação,
Ciência, Terra, Cosmologia, Religião
e Artes foram tratadas na “SBPC e a Ciência
Indígena”. Para a próxima SBPC, que
acontecerá em Fortaleza, o futuro deste espaço
aberto à troca de culturas é incerto,
segundo Pacine. “Será fruto de muita negociação”,
disse.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Keite Camacho