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ANTROPÓLOGO
DEFENDE NOVA VISÃO DA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Julho de 2004
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20/07/2004 - O antropólogo
Eduardo Batalha Viveiros de Castro, vencedor do
Prêmio Érico Vannucci Mendes de 2004,
defendeu ontem (19) na SBPC uma nova visão
da Amazônia. "A Amazônia não
é um espaço vazio, está ocupado
há milhares de anos e é lá
que está sendo construída a identidade
brasileira porque é onde se amplificam as
grandes questões nacionais".
Segundo Castro, é na região que estão
sendo rediscutidas as grandes questões nacionais,
como a visão que o brasileiro tem de si mesmo,
a forma de ocupação do território
e a própria relação do homem
com a natureza. Com o título A hora e a vez
da Antropologia, a palestra de Castro foi uma das
mais concorridas do primeiro dia do encontro.
"O que sempre me interessou foram as questões
indígenas, como as sociedades indígenas
se organizam. Quando se fala em questão indígena,
no singular, parece o velho problema do que se fazer
com os índios", diz Castro. Para ele,
os índios são vistos como um entrave
para a expansão agrícola e depositários
de conhecimentos que devem ser apropriados.
Ele afirma que a Amazônia está ocupada
há milhares de anos e muitas das plantas
úteis foram espalhadas por esses grupos,
fora as comunidades de pescadores e coletores que
já estão consolidadas na região.
"O problema são os brancos, com suas
práticas econômicas e sua visão
hegemônica", afirma o pesquisador. Ao
estudar os Araweté, com quem conviveu durante
um ano, pouco depois de serem contatados, ele descobriu
uma forma de organização social calcada
no espiritual, ao mesmo tempo em que o grupo tem
uma organização social até
frágil. Os deuses, que devoram as almas dos
mortos, são vistos como perfeitos pelos Araweté
porque são eles que dão a vida.
Para ele, existe um desconhecimento muito grande
em relação às questões
indígenas, que só entraram em discussão
pela sociedade brasileira depois que os europeus
o fizeram nas últimas décadas, o mesmo
ocorrendo com a questão ambiental. "A
Amazônia é a catedral gótica
do século XXI, a forma como a vemos vai moldar
nossa visão de mundo. A reflexão,
ainda incipiente, da forma como vamos nos relacionar
com a região vai moldar o Brasil como nação
e a visão que o povo brasileiro terá
de si mesmo", finaliza.
Ao apresentar o palestrante, Marta Vanucci, mãe
de Érico Vannucci, disse que a cultura brasileira,
formada pelas práticas de todas as raças
que aqui vivem, precisa ser fortalecida e valorizada
para que exista uma efetiva integração
e soberania nacional. "O bom senso, a tolerância
e o respeito pelo outro vão fortalecer a
identidade nacional, e é nesse sentido o
trabalho do professor Eduardo Batalha. Para mim
não foi surpresa ele ganhar o Prêmio
porque é um nome muito respeitado pelo comunidade
científica", finaliza.
Fonte: MCT – Ministério
da Ciência e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa (Gustavo Valadão)