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VITÓRIA: JUSTIÇA DOS EUA ENCERRA PROCESSO CONTRA GREENPEACE

Panorama Ambiental
Miami (Flórida) – EUA
Maio de 2004

Ação judicial foi motivada por protesto pacífico pela proteção da Amazônia; Juiz federal entendeu que governo Bush foi incapaz de apresentar evidências suficientes à Corte

A Justiça dos Estados Unidos encerrou nesta tarde o processo movido pela administração Bush contra o Greenpeace nos Estados Unidos. O juiz Adalberto Jordan entendeu que o governo norte-americano foi incapaz de fornecer evidências suficientes de que o Greenpeace cometeu um crime.

O processo judicial foi motivado por um protesto pacífico pela proteção da Amazônia. Em abril de 2002, ativistas do Greenpeace abordaram o navio comercial APL Jade fora da costa da Flórida para protestar pacificamente contra o carregamento de mogno ilegalmente extraído da Amazônia. No entanto, mais de um ano depois, a administração Bush resolveu processar criminalmente a organização Greenpeace nos Estados Unidos por causa desta ação, usando uma obscura e bizarra lei de 1872 que impedia o embarque não-oficial próximo ao destino dos navios (1). Esta lei só foi invocada duas vezes em 130 anos. Esta foi a primeira vez na história dos EUA que uma organização foi processada por atos de desobediência
civil de seus membros. O diretor-executivo do Greenpeace nos Estados Unidos, John Passacantando, disse da Corte Federal em Miami, na Flórida, que "a decisão da Justiça americana de hoje representa uma vitória para a liberdade de expressão, embora os direitos civis ainda não estejam a salvo já que a administração Bush parece inclinada em discordar da nossa tradição de protestos pacíficos - uma tradição que tem fortalecido nosso país através da história".
O coordenador da campanha da Amazônia, do Greenpeace, Paulo Adário, que está em Miami, afirma que a decisão da Justiça dos EUA representa também uma vitória para o governo brasileiro em seus esforços para
regulamentar a exploração e comércio ilegais de madeira, além de ser um reconhecimento do trabalho do Greenpeace pela proteção da Amazônia.
"Apesar de coroar nosso trabalho, esta decisão ainda não representa uma vitória para o meio ambiente da Amazônia e para os povos da floresta. A destruição da floresta continua através da exploração e comércio ilegais de madeira, que não se traduz em melhoria de vida para os habitantes da região. Nós vamos continuar lutando - e agindo - para denunciar práticas ilegais e destrutivas contra a floresta e pela implementação de uma legislação efetiva que garanta a exploração sustentável dos recursos florestais e melhoria de vida para os povos da floresta".
Para o deputado federal e ex-presidente do Ibama, Hamilton Casara, a decisão da justiça americana foi acertada e saudável ao princípio democrático. Casara, que chegou hoje em Miami para participar do julgamento, reafirmou a importância do Greenpeace na campanha pela proteção da Amazônia. "O trabalho do Greenpeace é um exemplo para todos da relação entre a sociedade civil com o governo brasileiro para combater atividades criminosas através da lei, criando condições para a produção de madeira de origem legal".
Mais de 100 mil pessoas em todo o mundo enviaram mensagens de protesto ao presidente americano George W. Bush e ao secretário de Justiça John Ashcroft pedindo que o processo contra o Greenpeace fosse encerrado.
"Nós agradecemos o apoio de todas as pessoas que estiveram ao nosso lado - do ex-vice presidente Al Gore aos cyberativistas de todo o mundo que enviaram mensagens ao governo Bush durante toda esta semana. Nós nunca vamos desistir da luta pela proteção das nossas florestas e nossos oceanos, e em direção a um futuro saudável e pacífico", disse Passacantando.


(1) O governo Bush acusou o Greenpeace pelo crime de "venda de marinheiro" (sailor-mongering, em inglês), uma lei da época da pirataria que não é utilizada há 114 anos. O crime de "venda de marinheiro" foi tipificado no século 19, quando bórdeis enviavam prostitutas com bebidas alcoólicas aos navios. O objetivo era embebedar a tripulação e trazê-los para terra firme, onde os marinheiros eram mantidos em cativeiro.

Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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