Os
especialistas convidados para conduzir o treinamento
abordaram os temas “O papel da eficiência
na matriz energética e nas emissões”,
“O Programa Estadual de Redução e
Racionalização do Uso de Energia”,
“Redução de despesas com a análise
da fatura e alternativas energéticas analisadas”,
“Instalações elétricas” e “Usos
finais de energia”.
Efeito estufa
De acordo com José Luiz
de Carra, como parte de um estudo de caso desenvolvido
pela Secretaria de Energia, Recursos Hídricos
e Saneamento, para incorporar de forma sistemática,
no âmbito do planejamento energético
estadual, instrumentos capazes de mensurar antecipadamente
os impactos a serem causados pelas opções
de oferta, foram construídas as matrizes
energética e de emissões no Estado
de São Paulo para os anos de 2003 a 2015.
Foram também incorporadas algumas possibilidades
de redução de emissões de
gases do chamado efeito estufa, a partir da conservação
ou substituição de energéticos.
E, finalmente, buscou-se valorar essas reduções
de emissões de carbono equivalente, seguindo-se
os preceitos do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo).
Com base nesse estudo, estima-se que no ano de
2015, por exemplo, com a adoção
da eficiência energética e uma meta
de redução de 10% no consumo de
energia no Estado – considerando-se o total de
97.199 gigawatts/hora consumidos em 2002 - , São
Paulo conseguiria economizar 14.808 gigawatts/hora,
de um total projetado para aquele ano, sem reduções,
de 148.084 gigawatts/hora. Isso corresponderia
a deixar de construir usinas hidrelétricas
equivalentes a 3.381 megawatts de potência,
ou evitar investimentos da ordem de 8,5 milhões
de dólares, ou ainda, não inundar
uma área de aproximadamente 1,3 mil quilômetros
quadrados.
Outras estimativas, considerando-se os benefícios
previstos no Protocolo de Kyoto (que ainda não
se encontra em vigor, por falta de ratificação
do acordo internacional, ou pelos Estados Unidos
ou pela Federação Russa), relativos
aos créditos de carbono, dão conta
de que o Estado de São Paulo poderia chegar,
em doze anos (o período compreendido entre
2003 e 2015) a uma redução total
de 44% nas emissões, ou seja, deixando
de emitir 45 milhões de toneladas desses
gases para a atmosfera e auferindo o correspondente
a 370 milhões de dólares.
Conforme Carra, essa redução seria
conseqüência de uma meta “possível”
de redução de 1% ao ano das emissões
(o que resultaria num crédito de 81 milhões
de dólares), do aumento do teor de álcool
na gasolina de 25% para 29% (crédito de
57 milhões de dólares) e da adição
de 5% de biodiesel ao diesel tradicional (crédito
de 292 milhões de dólares), considerando-se
sempre essas providências apenas no Estado
de São Paulo.
Programa Estadual
Em continuidade à apresentação
de José Luiz de Carra e procurando reforçar
a importância de se economizar e, ao mesmo
tempo, reduzir desperdícios, Plínio
Barbosa Pires falou do Programa Estadual de Redução
e Racionalização do Uso de Energia,
implantado em 2001, no âmbito de todas as
instituições vinculadas ao Governo
do Estado de São Paulo.
Ele destacou a importância das ações
já efetivadas e em planejamento, lembrando
que “na realidade, embora no Brasil se utilize
hoje apenas 23% do potencial hidráulico
do país, para fins de produção
de energia, o Estado de São Paulo, que
é o maior consumidor, tem muito pouco a
crescer no seu potencial hidráulico”.
Segundo Plínio, no Estado de São
Paulo, o setor público consome 10% da energia
elétrica total. Desse percentual, os órgãos
vinculados ao Governo do Estado são responsáveis
por 34% do consumo, ou seja, 4 bilhões
de kilowatts/hora, ou ainda o correspondente ao
consumo de dois milhões de residências.
Assim, conforme enfatizou, o Programa Estadual
de Redução e Racionalização
do Uso de Energia visa, justamente, a conservação
de energia e a utilização de sistemas
eficientes. Como exemplo, Plínio citou
que apenas com uma melhor adequação
de contratos, chega-se a 15% de economia nas despesas
com energia.