 |
FAO DEFENDE
ESTUDOS PARA LIBERAÇÃO DE
TRANSGÊNICOS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2004
|
 |
O secretário
de Biodiversidade e Florestas do Ministério
do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco,
afirmou hoje que o relatório anual da Organização
para Agricultura e Alimentação (FAO,
na sigla em inglês) das Nações
Unidas, divulgado segunda-feira (17/05), defende
posições similares às do governo
brasileiro quanto ao uso de organismos geneticamente
modificados (OGMs ou transgênicos). O relatório
aponta a necessidade de estudos caso a caso e a
exigência de monitoramento contínuo
dos impactos no meio ambiente e na saúde
humana dos transgênicos já em produção
e dos que venham a ser lançados no mercado.
"O relatório corrobora as posições
que o governo vem defendendo. O projeto de lei do
governo sobre biossegurança, já aprovado
na Câmara, vai nessa linha de pensamento,
ou seja, a importância de estimular as pesquisas
e ao mesmo tempo garantir que o uso comercial de
OGMs, por exemplo, seja precedido de estudos que
garantam sua segurança", afirmou o secretário.
Ele lembra que o relatório da FAO, que é
anual e este ano tem como tema a biotecnologia,
faz uma defesa de sua importância no combate
à fome e incentiva os países a investirem
mais recursos em pesquisas de cultivares largamente
utilizadas nos países em desenvolvimento,
como a mandioca, batata e arroz. "É
importante que a biotecnologia contribua para o
aumento de produção para a alimentação
humana", afirmou Capobianco.
O secretário considera o relatório
importante, pois destaca a importância das
tecnologias na solução de problemas
agrícolas e no combate à fome, mas
também enfatiza a necessidade de se observar
o princípio da precaução. "O
relatório é muito positivo porque
explicita com clareza o potencial das tecnologias
e faz um clamor para que os países invistam
em pesquisas e estudos necessários para garantir
a segurança de organismos geneticamente modificados",
disse Capobianco.
O secretário destacou a importância
da aprovação pelo Congresso Nacional
do projeto de lei de biossegurança para que
haja um marco legal que explicite o processo de
pesquisa, licenciamento e comercialização
de OGMs claramente.
O relatório O Estado dos Alimentos e Agricultura
2003-2004, de 200 páginas, afirma que a biotecnologia
é uma grande promessa para a agricultura
dos países em desenvolvimento, mas que até
agora, apenas agricultores de países desenvolvidos
estão colhendo estes benefícios. Segundo
o documento, culturas básicas para os países
pobres, como mandioca, batata, arroz e trigo recebem
pouca atenção dos cientistas. O relatório
classifica a biotecnologia como alternativa a ser
utilizada quando as tecnologias convencionais falharem.
O documento da FAO destaca que a biotecnologia não
se limita a organismos geneticamente modificados
(OGMs), chamados de organismos transgênicos.
Considera, ainda, que os potenciais riscos e benefícios
dos transgênicos devem ser cuidadosamente
estudados caso a caso e que a controvérsia
sobre o assunto não deve desviar a atenção
do potencial oferecido por outras aplicações
da biotecnologia, como a genômica e produção
de vacinas animais.
Alimentos
e renda para mais 2 bilhões de pessoas
O relatório
afirma que a agricultura terá que sustentar
mais 2 bilhões de pessoas nos próximos
30 anos a partir de uma base recursos naturais cada
vez mais frágil. O desafio é desenvolver
tecnologias que combinem diversos objetivos, aumentar
safras e reduzir custos, proteger o meio ambiente,
atender às preocupações dos
consumidores quanto à qualidade e sanidade
dos alimentos, aumentar renda no campo e a segurança
alimentar, diz a FAO.
A FAO estima que mais de 70% dos pobres do mundo
ainda vivem em áreas rurais e dependem da
agricultura para a sobrevivência. A pesquisa
na agricultura, incluindo a biotecnologia, teria
um importante papel podendo retirar pessoas da pobreza
tanto pelo aumento da renda no campo como pela redução
de preço dos alimentos.
A biotecnologia deveria complementar e não
substituir técnicas de agricultura convencional,
diz a FAO. A biotecnologia pode acelerar programas
de reprodução convencional de sementes
e poderia oferecer soluções onde os
métodos convencionais falharem.
Fonte: MMA – Ministério
do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom