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LIXO ATÔMICO
RECEBE MAIS ATENÇÃO DO QUE
AS VÍTIMAS DO CÉSIO 137
Panorama
Ambiental
Goiânia (GO) – Brasil
Maio de 2004
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Greenpeace
pretende dar divulgação à situação
de abandono em que vivem os contaminados no acidente
de Goiânia
O Greenpeace, a convite
do Conselho Regional de Psicologia de Goiás
e Tocantins, foi a Goiânia e Abadia de Goiás
(GO) ontem (27/05) para participar do lançamento
da versão em inglês do vídeo
“Césio 137 – O Brilho da Morte” e verificar
a situação dos atingidos pela catástrofe
de 15 anos atrás. Durante a tarde, vítimas
do acidente radiológico, ambientalistas e
lideranças regionais estiveram em uma visita
de caráter político ao depósito
de lixo atômico no município de Abadia
de Goiás.
“Mais do que inspecionar as instalações
e checar as condições de armazenamento
do material contaminado, tarefa para especialistas
e estudiosos, estamos aqui para exigir a reparação
dos danos causados, para que justiça seja
finalmente feita”, disse Sérgio Dialetachi,
coordenador da Campanha de Energia do Greenpeace.
Do alto de um dos montes do material removido após
o acidente de 1987, Odesson Alson Ferreira, presidente
da Associação das Vítimas,
comoveu os presentes ao declarar: “Depois de 16
anos, eu me vejo agora pisando em cima do meu passado.
Tudo o que foi meu está aqui. Faz parte da
minha vida”.
Não bastassem as seqüelas da contaminação,
as vítimas do Césio 137 têm
sido tratadas com descaso e discriminação.
“Cuidar da saúde mental das vítimas
do Césio 137 pressupõe a reconstrução
de sua cidadania. O Conselho Regional de Psicologia
sempre se comprometeu com a causa das vítimas,
cumprindo a função social e política
da Psicologia como ciência e profissão”,
afirmou Júlio de Oliveira Nascimento, conselheiro-presidente
do Conselho Regional de Psicologia (9a região
GO/TO).
À noite, em um shopping center de Goiânia,
foi lançada a versão em língua
inglesa da obra “Césio 137 – O Brilho da
Morte”, vencedor de prêmio no V Fica (Festival
Internacional de Cinema Ambiental de Goiás).
“O filme retrata a realidade nua e crua dos momentos
difíceis que os meus amigos vivenciaram.
É uma luta incessante em pról da Humanidade,
na esperança da vitória” esclareceu
a cineasta Laura Pires, produtora do documentário
“Césio 137 — O Brilho de Morte” e viúva
do também cineasta Roberto Pires, outra vítima
do acidente de Goiânia, contaminado ao realizar
filmagens do lixo atômico e morto há
três anos.
Apesar de todas as perdas que têm vivido,
as vítimas do mais grave acidente radiológico
da História, não perdem a vontade
de lutar por uma vida mais digna. O policial militar
João Batista da Silva, que se contaminou
durante o cumprimento de seu dever nos trabalhos
de isolamento da área atingida, resumiu bem
a esperança que carregam: “Por muito lutar,
iremos vencer! São muitos anos de luta. Não
podemos perder se estivermos unidos em torno de
um propósito sólido em prol da humanidade”.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa