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EMBRAPA
RONDÔNIA MOSTRA CASO DE SUCESSO COM
SISTEMAS AGROFLORESTAIS EM EVENTO INTERNACIONAL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2005
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O respeito à
biodiversidade por um grupo de agricultores instalados
em uma das regiões mais desmatadas do estado
de Rondônia será tema central de um
estudo de caso apresentado no workshop internacional
“Iniciativas promissoras e fatores limitantes para
o desenvolvimento de sistemas agroflorestais como
alternativa à degradação ambiental
na Amazônia”.
O evento acontece em Belém (PA) entre os
dias 19 e 28 próximos com o objetivo de reunir
experiências de pesquisadores de sete países
que compõem a Amazônia sobre o uso
dos sistemas agroflorestais (SAF’s) como alternativa
à degradação ambiental (veja
informações sobre o evento no final
da matéria). Sistemas agroflorestais são
caracterizados pela associação entre
espécies perenes e de ciclo curto ou médio,
como espécies florestais e café plantados
em uma mesma área, por exemplo.
O estudo de caso será apresentado pelo produtor
Antônio Abílio Siqueira, um dos sócios
fundadores da Associação dos Produtores
Alternativos (Apa), associação sem
fins lucrativos sediada no município de Ouro
Preto d’Oeste, a 340 quilômetros da capital,
Porto Velho, em conjunto com a pesquisadora Marília
Locatelli, da Embrapa Rondônia.
O produtor cultiva café consorciado com cupuaçu
e outras espécies florestais e está
em processo de certificação orgânica
pelo Instituto Brasileiro Biodinâmico (IBD).
A Apa aposta na vertente agroecológica e
tem a proposta de promover atividades sustentáveis
entre seus associados, oferecendo condições
para a permanência do agricultor familiar
no campo. Os agricultores acreditam na manutenção
dos sistemas agroflorestais como capazes de modificar
o uso da terra e a capacidade produtiva dos solos,
através do aumento de renda sem agressão
ao meio ambiente.
Em Ouro Preto d’Oeste, a criação extensiva
de gado abrange 80% da região. Aliada às
culturas de café e cacau, o índice
de desmatamento chega a 79,27%, atingindo mais de
1500 km² dos 1978 km² do município.
Segundo a pesquisadora, a região é
caracterizada por áreas de grande potencial
para atividades agropecuárias, além
de concentrar as maiores densidades populacionais
do Estado, com os assentamentos urbanos mais importantes.
Nesse contexto de desenvolvimento e exploração,
a Apa reúne cerca de 250 associados que trabalham
focados no conceito de desenvolvimento sustentável
e produção integrada.
A saída para nossos produtores é diversificar
a produção, abandonando o modelo tradicional
de uso e ocupação da terra, e atuar
na recuperação de áreas degradadas,
promovendo os sistemas agroflorestais”, explica
Marly Feiger, presidente da associação.
A pesquisadora Marília Locatelli analisa
que o desenvolvimento da produção
sustentável agroflorestal é um dos
princípios mestres da associação,
com foco na promoção do bem estar
social através da melhoria dos resultados
econômicos das atividades da agricultura familiar,
realizadas de maneira sustentável. “Percebemos
uma melhoria da qualidade de vida das comunidades
envolvidas e adoção de políticas
de desenvolvimento ambiental e proteção
das reservas legais”, descreve a pesquisadora.
Ainda segundo ela o sucesso da Apa está fundamentado
na cooperação técnica e auxílio
às famílias de produtores com sistemas
agroflorestais, produção de mudas,
recuperação de áreas degradadas
e matas ciliares, além de alternativas ao
uso do fogo e dos agrotóxicos. “Outro ponto
fundamental no sucesso das ações desta
associação está no fato de
que todos os seus associados estão devidamente
conscientizados da importância da agroecologia
em suas ações dentro da propriedade”,
diz.
O workshop é promovido pelo Centro Mundial
Agroflorestal (Icraf), que tem sede em Nairobi,
no Quênia; pela Embrapa Amazônia Oriental
(Belém-PA), Unidade da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
e pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical
(Ciat), que tem sede em Cali, na Colômbia.
O evento integra as ações da Iniciativa
Amazônica, consórcio de cooperação
internacional que reúne instituições
de pesquisa e desenvolvimento de seis países
amazônicos em torno de um desafio: melhorar
as condições de vida no ambiente rural
da Amazônia Continental e reverter o processo
acelerado de degradação dos recursos
naturais na região. O workshop irá
reunir experiências do Brasil, Bolívia,
Colômbia, Equador, Peru e Venezuela e uma
publicação será editada com
os relatos. A pesquisadora Michelliny de Matos Bentes
Gama também irá representar a Unidade
de Rondônia no evento.
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Assessoria de imprensa (Guilherme Ferreira Viana)