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JORNALISTA
DIVULGA COMUNICADO SOBRE A
AGRESSÃO QUE SOFREU EM BELÉM
(PA)
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Janeiro de 2005
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24/01/2005 Lúcio
Flavio Pinto conta em comunicado oficial os detalhes
da violência a que foi submetido na última
sexta-feira, 21 de janeiro. Ele almoçava
com amigos no restaurante Parque da Residência,
na capital paraense, quando foi agredido a socos
e pontapés por Ronaldo Maiorana Jr., herdeiro
do mais poderoso grupo de mídia da região
Norte do país e dois seguranças, ambos
PMs. Leia abaixo.
Comunicado ao público
"Há 17
anos assumi com a sociedade o compromisso de manter
um jornal que tivesse como único compromisso
divulgar a verdade e só a verdade. Para não
sofrer nenhum tipo de restrição, o
Jornal Pessoal, fundado em setembro de 1997, nunca
aceitou e jamais condicionou a apuração
dos fatos a fatores subjetivos e objetivos condicionantes.
O limite da sua atuação sempre foi
sua capacidade de investigação e raciocínio.
Exercido com dedicação total e aplicação
máxima, esse compromisso levou o redator
solitário do jornal a passar por muitos dissabores:
ameaças de morte, processos judiciais, pressões.
Mas no último dia 21, vivi uma experiência
nova: a agressão física. Não
em cena de rua, em meio a tumulto, num conflito.
Encontrava-me num dos mais sofisticados restaurantes
de Belém, que funciona em um parque público,
onde antes era a residência oficial do governador.
Como faço às sextas-feiras, almoçava
com um grupo de amigos do “senadinho”.
Meia hora depois, ali também chegou o diretor
corporativo das Organizações Rômulo
Maiorana, o principal grupo de comunicação
do Pará e do Norte do país. Ronaldo
Maiorana estava acompanhado de um amigo. Sentou
em uma mesa atrás da minha, ficando às
minhas costas. Continuamos normalmente nosso almoço,
embora, a princípio, houvesse uma tensão
mal disfarçada à mesa. É que
a última edição do Jornal Pessoal
trouxera, como matéria de capa, um artigo
sobre o desmesurado poder exercido pela corporação
da qual Ronaldo era um dos proprietários.
E o exercício abusivo desse poder como fonte
de desinformação, manipulação
e coação da sociedade paraense, submetida
a um verdadeiro monopólio das comunicações,
certamente o maior do Brasil.
Passados 40 minutos, um dos integrantes da mesa,
o arquiteto Paulo Cal, recém-designado para
a diretoria de planejamento da Companhia de Desenvolvimento
da Área Metropolitana de Belém (Codem),
saiu da nossa mesa e foi sentar-se com Ronaldo,
do qual é amigo também. Subitamente,
o diretor das ORM se levantou, partiu na minha direção
e começou a me agredir, pegando-me de costas
e de surpresa. Deu-me um soco, puxou-me pela camisa
(arrebentando-lhe os botões todos), aplicou-me
uma gravata e me empurrou com toda violência.
Cai sobre cadeiras, arrastando pratos e copos. No
chão, fui chutado, enquanto Ronaldo, com
a cobertura de dois seguranças pessoais (ex-PMs
ou ainda integrantes da corporação)
gritava, dizendo que me mataria ali ou depois, quando
me encontrasse de novo. Nunca mais eu iria falar
da família dele. Quando finalmente consegui
me levantar e começar a reagir, verbalmente,
os seguranças arrastaram Ronaldo Maiorana,
que assim escapou ao flagrante (uma viatura da PM,
que eu chamei por telefone imediatamente, só
chegou ao local 20 minutos depois).
A agressão foi cometida num dos mais conhecidos
restaurantes da cidade, que integra um espaço
público, administrado pelo governo do Estado,
através da Secretaria de Cultura. Esse espaço
é protegido por uma empresa particular de
segurança, paga pelo governo. Nenhum dos
seguranças que estavam de serviço
interveio para proteger um cidadão que estava
sendo vítima de um crime grave, agressão
física combinada com ameaça de morte.
O agressor não teve qualquer escrúpulo
diante de um restaurante lotado, com mais de 120
pessoas presentes, de agredir covardemente uma pessoa
que estava desprotegida. A certeza da impunidade
e a presunção do próprio poder,
ilimitado, devem tê-lo estimulado a consumar
a covarde agressão.
O fato é ainda mais grave porque Ronaldo
é presidente do PL local e dirige uma empresa
jornalística, exatamente quando a imprensa,
em conjunto com outras representações
da sociedade, participa de uma campanha nacional
contra o desarmamento e a violência. No Pará,
um jornalista é o agente da violência,
contando com a cumplicidade do seu poderoso grupo
de comunicação para coagir, constranger,
intimidar e punir os que lhe são desafetos.
Como Ronaldo Maiorana proclamou, aos brados, que
vai me matar para que eu “nunca mais fale” de sua
família, a partir de agora ele é o
responsável por qualquer violência
que me vier a acontecer, seja a praticada pessoalmente
por ele, seja a acertada com seus cães de
fila, sobre os quais pesa a suspeita de integrarem
a corporação de polícia organizada
para defender a coletividade.
Não me intimidarei. Continuarei a fazer o
jornalismo que sempre fiz ao longo de quase 40 anos
e a reagir a todas as violências, contra mim
e contra terceiros. Tomarei também as providências
administrativas e judiciais cabíveis contra
esse cidadão que se considera acima do bem
e do mal, dono do Estado. Como não estou
à venda, não sou covarde e jamais
me curvei aos prepotentes, mesmo que esteja ao seu
alcance o maior dos poderes, faço minhas
as famosas palavras da legendária heroína
espanhola, La Pasionária: “No pasarán”.
Não passarão sobre mim pessoas indignas.
"
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Lúcio Flavio Pinto)