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APROVADOS
PRINCÍPIOS PARA REDE NACIONAL DE
AGENDAS 21 LOCAIS
Panorama
Ambiental
Porto Alegre (RS) – Brasil
Fevereiro de 2005
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Representantes do
Ministério do Meio Ambiente e de organizações
não-governamentais aprovaram, hoje, um documento
com diretrizes para dar início à construção
de uma rede nacional de Agendas 21 Locais. A carta
com os princípios para implementação
da rede estará acessível nas páginas
do Ministério do Meio Ambiente e do Fórum
Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS)
para que entidades de todo o país contribuam
na definição do funcionamento do sistema.
Daremos todo o apoio à rede, cumprindo com
uma de nossas diretrizes de trabalho, a do controle
e participação social", disse
a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no encerramento
do 1º Seminário Internacional de Agenda
21 e do 2º Encontro Nacional de Agendas 21
Locais, no 5º Fórum Social Mundial.
Durante seu discurso, Marina Silva afirmou que se
a área ambiental não interferir na
dinâmica de desenvolvimento, se os projetos
continuarem a ser pensados sem levar em consideração
a variável ambiental, e ainda se os bancos
públicos não contabilizarem parâmetros
de sustentabilidade em suas linhas de financiamento,
não será possível alcançar
um novo modelo de crescimento. "É preciso
reforçar a dimensão ecológica
em todos os setores da sociedade. A Terra grita,
e devemos nos sentir como filhas e filhos da Terra",
disse o teólogo Leonardo Boff, que também
participou da aprovação dos princípios
da rede de Agendas 21.
A ministra lembrou que, ao assumir a gestão
do setor ambiental brasileiro, foram verificados
os passivos e as possibilidades de avanço,
e as ações previstas para a Agenda
21 ganharam destaque, pois poderiam ser reelaboradas
à luz das novas estratégias e diretrizes
do governo. Em 2003, existiam apenas 250 processos
de Agenda 21 em andamento no país. Hoje,
já passam de 600. "Em 2005 já
começamos a colher os frutos de uma política
ambiental integrada, de uma orientação
do presidente Lula", disse.
Ainda conforme Marina Silva, é preciso manter
"um olho nos problemas e outro olho no que
estamos resolvendo". Assim, segundo a ministra,
será possível fazer alianças
sobre princípios duradouros e trilhar o caminho
da sustentabilidade econômica, social, ambiental,
cultural, política e ética. "A
falta de sustentabilidade política, por exemplo,
faz com que o Projeto de Lei da Mata Atlântica
não tenha sido aprovado em 13 anos",
ressaltou.
FNMA
O Fundo Nacional
do Meio Ambiente (FNMA) lançou, em 2003,
um edital no valor de R$ 15 milhões para
a construção de Agendas 21 Locais.
Podiam concorrer aos recursos prefeituras e ONGs
de todo o país. Em 2004, foram contemplados
35 projetos e, este ano, outros 30 poderão
começar o trabalho para implementação
das Agendas. "Até 2002, apenas 33 projetos
voltados à Agenda 21 Local haviam sido aprovados
pelo FNMA. Nesta gestão, já somamos
85 projetos", disse Elias Araújo, diretor
do Fundo.
Durante o encerramento dos eventos da Agenda no
Fórum Social Mundial, o FBOMS lançou
uma campanha para que o governo brasileiro assine
a Carta da Terra. A proposta foi aprovada por unanimidade
e será veiculada na página da entidade,
em www.fboms.org.br. Também participaram
do evento desta tarde Temístocles Marcelos,
do FBOMS, e a atriz Letícia Sabatella.
O espaço ocupado durante o 1º Seminário
Internacional de Agenda 21 e o 2º Encontro
Nacional de Agendas 21 Locais foi um dos mais concorridos
do 5o Fórum Social Mundial, Com espaço
para mais de 600 pessoas, a tenda esteve lotada
durante os dois de eventos, quando foram realizados
seis painéis sobre a Agenda 21. Os eventos
foram promovidos pelo FBOMS e apoiados pelo Ministério
do Meio Ambiente para debater sobre o estágio
de implementação e quanto aos necessários
avanços da Agenda 21 no Brasil.
O Ministério do Meio Ambiente continua participando
do 5 Fórum Social Mundial. Veja a agenda
completa em www.mma.gov.br/ascom/ultimas/index.cfm?id=1530.
As contribuições de entidades poderão
ser enviadas até março para que a
rede esteja implementada ainda este ano. Entre as
atividades previstas para a rede, estão:
apoiar a articulação de entidades
para promover a construção, a implementação
e o fortalecimento de Agendas 21 Locais; facilitar
e ampliar a interlocução entre os
diferentes atores que trabalham com o tema; facilitar
o acesso a informações relevantes
para entidades interessadas ou envolvidas na construção
e implementação de Agendas 21 Locais;
e propiciar uma cultura de trabalho em rede, levando
em conta as particularidades de cada entidade participante.
"A rede será participativa, multissetorial,
abrangente e aberta, e servirá para fomentar
a implementação de Agendas 21 Locais
com intercâmbio de experiências, disseminação
de informações e estímulo à
construção de novos processos em Agendas
locais", explicou Ary Martini, coordenador
da Agenda 21 do MMA.
Veja a carta de princípios abaixo.
Princípios
para a criação da Rede Brasileira
de Agendas 21 Locais
1. Apresentação
Este documento trata da justificativa e das formas
de funcionamento da Rede Brasileira de Agendas 21
Locais. Trata-se de um documento-base e, ao mesmo
tempo, referência para um primeiro debate
no processo de formação da Rede.
O principal objetivo da Rede é o de articular
instâncias (fóruns, conselhos, comissões,
comitês) que desenvolvem processos de Agenda
21 local, envolvendo diversos setores da sociedade
e governos locais, em todas as cinco regiões
do país, para promover o intercâmbio
de experiências, fortalecer a implementação
dessas Agendas 21 Locais e estimular a construção
de novos processos mediante a interação
em rede.
A Agenda 21 Local é um dos principais instrumentos
para se conduzir processos participativos para a
formulação e operacionalização
de planos e iniciativas de desenvolvimento sustentável.
Mediante a mobilização de cidadãos
e organizações, a troca de informações,
a discussão de problemas e desafios com vistas
à geração de consensos em torno
das soluções para o desenvolvimento
local, Agendas 21 locais facilitam o estabelecimento
de prioridades para a gestão de um determinado
território (estado, município, bacia
hidrográfica, unidade de conservação,
até de um bairro, ou a comunidade atendida
por uma escola). A Agenda 21 permite melhor uso
de outros instrumentos de planejamento e gestão,
tais como orçamento participativo, plano
diretor, plano da bacia hidrográfica etc,
para a construção das ações
e das políticas para a sustentabilidade com
a efetiva participação da sociedade
civil.
2. Relevância
A Agenda 21 Global é um plano de ação
para o desenvolvimento sustentável no século
XXI, consagrado na Rio-92, que constitui um compromisso
internacional assumido pelo Brasil e cujo alicerce
é a sinergia da sustentabilidade ambiental,
social e econômica perpassando em todas as
suas ações propostas.
Agendas 21, em qualquer esfera, têm que estar
consistentes com os valores e princípios
da Carta da Terra. Ao lidar com os desafios do desenvolvimento
humano, nas suas dimensões econômica,
política, social e cultural, as Agendas 21
devem também estar coadunadas com políticas
ambientais e fortalecer os mecanismos de participação
social. A Agenda 21 Brasileira passou a ser parte
programa plurianual do Governo Federal desde 2003,
e assim é instrumento fundamental para a
construção do Brasil Sustentável.
A implementação de Agendas 21 Locais
é ação prioritária no
Programa Agenda 21, o que fortalece o desenvolvimento
sustentável local e a construção
da cidadania ativa e da democracia participativa
no país. O fortalecimento das Agendas 21
Locais e de suas respectivas instâncias representativas
(entidades governamentais e não-governamentais)
é fundamental para que os processos sejam
implementados, continuados, aprimorados, compartilhados
e para que novas Agendas 21 sejam construídas.
A criação da Rede Brasileira de Agendas
21 Locais permitirá aprimorar a qualidade
dos processos por se constituir em um canal de sensibilização,
troca de experiências e informações,
divulgação de ações
e exemplos exitosos e ampliação do
debate e da rede em si, em todo o território
brasileiro. Assim, esta Rede contribuirá
para promover o engajamento de diversos setores
da sociedade na implementação de políticas
locais voltadas ao desenvolvimento sustentável
e ao aumento da qualidade de vida da sociedade e
do meio ambiente.
Finalmente, importa reiterar que a constituição
e o funcionamento de redes de organizações
é prática em todos os setores, uma
vez que permite sinergia e maior eficácia
dos esforços empreendidos pelos membros da
rede. Por isso, pensamos que a criação
de uma rede de Agendas 21 locais poderá impulsionar
as iniciativas de desenvolvimento sustentável
no país.
Nesse sentido, a proposta de formação
da Rede é desejável e possível
já que, por um lado, há múltiplas
iniciativas de construção de Agendas
21 Locais, a partir dos diversos setores e comunidades,
com dinâmicas e características próprias.
Por um outro lado, as informações
e conhecimentos sobre as experiências de Agendas
21 Locais pouco se integram, o que contribui para
o enfraquecimento dos diversos processos que antes
começaram com força total.
3. Criação
da Rede Brasileira de Agendas 21 Locais
Funcionamento da Rede
A Rede, portanto, deverá dar consistência
à questão do desenvolvimento sustentável
local, através das Agendas 21 Locais, e propiciar
informação, comunicação
e trabalho conjunto entre entidades, setores e locais
diferentes, de forma articulada, integrada e participativa.
Nesta perspectiva, o objetivo geral da Rede é:
Fortalecer a implementação de Agendas
21 Locais, mediante o intercâmbio de experiências,
a disseminação de informações
e o estímulo para a construção
de novos processos em Agendas 21 locais. Como atividades
para consecução de tais objetivos,
a Rede deverá, entre outras:
Apoiar a articulação de entidades
interessadas em apoiar e promover a construção,
a implementação e o fortalecimento
de Agendas 21 Locais;
Facilitar e ampliar a interlocução
entre os diferentes atores que trabalham com o tema;
Facilitar o acesso a informações relevantes
para entidades interessadas ou envolvidas na construção
e implementação de Agendas 21 Locais;
Propiciar uma cultura de trabalho em rede, levando
em conta as particularidades de cada entidade participante.
Princípios que podem nortear o funcionamento
da Rede:
A REDE tem como único pré-requisito
para dela participar o tema Agenda 21 Local. Não
faz discriminações de ideologias,
partidos políticos, ou de natureza social
e cultural;
É uma rede aberta, multi-setorial, constituída
por organizações governamentais, do
setor acadêmico, do setor empresarial e da
sociedade civil que participam ou participaram de
processos de Agenda 21; por fóruns, conselhos
e instâncias articuladoras de Agendas 21 locais;
Não é uma rede político-partidária;
É uma Rede que produz informações
que sejam públicas, capazes de gerar novos
conhecimentos;
É uma Rede de Trabalho, no sentido do movimento,
da troca, do intercâmbio para fortalecer os
objetivos da rede;
O uso da Internet como um dos instrumentos geradores
de participação é essencial,
sendo que a REDE não deve ser confundida
como um mero instrumento de comunicação
digital;
A criação de oportunidades presenciais
de encontros através de reuniões,
seminários e eventos relacionados ao tema
é desejável;
É uma rede plural, no sentido de trabalhar
divergências na busca de consensos;
É uma rede dinâmica que irá
fazer com que as relações construídas
no processo contribuam para gerar transparência
na troca e disseminação de informações
e na produção de documentos e atividades
conjuntas;
É uma rede com identidade de objetivos e
um projeto comum que induz à participação
no fortalecimento das Agendas 21 Locais Brasileiras;
É um veículo de informações,
onde a ética, a transparência e os
laços de confiança são valores
primordiais.
Formas de participação na Rede
A participação das entidades na rede
pode ser através de:
propostas de estratégias de funcionamento
e consolidação da rede;
gestão da rede;
produção de conteúdos sobre
as temáticas que norteiam a rede;
animação dos debates;
disseminação de informações
pertinentes relacionadas ao tema;
contribuição para a divulgação
da REDE em toda a rede de relacionamento dos participantes;
constituição de núcleos setoriais
ou regionais.
Processo de finalização do Documento
de Princípios para a criação
da Rede
1 º passo -
apresentar a proposta do documento base no FSM com
a sugestão de criação da rede
2 º passo -
disponibilizar documento base nos sites do FBOMS
e do MMA para colher sugestões de aprimoramento
e reunir nomes das entidades interessadas em participar
da Rede (até 28-Fev-2005)
3 º passo -
Consolidar o documento base de Princípios
da Rede com base nas sugestões recebidas.
4º. Passo -
Divulgar o documento para a criação
da Rede a partir de março.
Fonte: MMA – Ministério
do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom