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BRASIL PODE
PRESERVAR E OCUPAR MAIS ESPAÇOS NO
MERCADO GLOBAL
Panorama
Ambiental
Porto Alegre (RS) – Brasil
Fevereiro de 2005
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Para o secretário
de Desenvolvimento Sustentável do Ministério
do Meio Ambiente, Gilney Viana, o Brasil poderá
manter e ampliar seu espaço no mercado globalizado
e ao mesmo tempo preservar sua riqueza natural.
Segundo ele, o país mantém suas vantagens
comerciais comparativas tem como base o uso intensivo
de recursos naturais, mas, para defender nossos
ecossistemas, o Brasil deveria usar ao máximo
áreas degradas ou desmatadas, poupando espaços
ainda preservados ou em regeneração.
"Assim poderemos disputar mercados e proteger
o meio ambiente", disse.
O secretário foi um dos participantes do
painel Agenda 21 e um Brasil Sustentável,
durante o Fórum Social Mundial, em Porto
Alegre. Também participaram da atividade,
que integra o 1º Seminário Internacional
de Agenda 21 e o 2º Encontro Nacional de Agendas
21 Locais, o jornalista e membro da Comissão
de Políticas de Desenvolvimento Sustentável
(CPDS), Washington Novaes, o deputado federal e
membro da Frente Parlamentar da Agenda 21, João
Alfredo, e o representante do Fórum Brasileiro
de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS), Rubens Börn.
Conforme Viana, o país tem um passivo social
"muito forte" e um passivo ambiental crescente,
e a solução para esses problemas não
deve levar a uma pressão ainda maior sobre
o meio ambiente. De acordo com o representante do
MMA, é preciso investir em educação,
saúde, redistribuição de renda,
saneamento e melhoria da qualidade ambiental. Além
disso, é necessário retirar populações
de áreas de risco, já que são
as mais suscetíveis a desastres decorrentes
de chuvas e deslizamentos, por exemplo.
Ainda de acordo com o secretário, o governo
federal e o MMA têm priorizado a implementação
da Agenda 21 em todo o país para inserir
a "variável ambiental" no macroplanejamento
das políticas públicas brasileiras
como uma forma de difundir e alcançar o desenvolvimento
sustentável. As questões ambientais
passaram a ter um status maior na política
brasileira a partir da Constituição
de 1988, que dedicou um capítulo específico
ao meio ambiente e tornou obrigatória a definição
de um planejamento prlurianual de desenvolvimento.
O PPA 2204-2007 também passou a adotar parâmetros
ecológicos. "O governo está adotando
alguns prazos, entre 2007 e 2022, para que o Brasil
alcance um novo patamar de desenvolvimento",
disse.
Para o deputado João Alfredo, a nomeação
da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi
um sinal claro da disposição do governo
Lula de mudar a concepção de crescimento
vigente. Ele recomendou, no entanto, que o governo
federal resolva "conflitos" que estariam
impedindo o avanço das políticas ambientais.
Segundo o parlamentar, o país ainda não
possui um efetivo Sistema Nacional do Meio Ambiente
(Sisnama), mas sim órgãos de meio
ambiente com atuação conflitiva e
desarticulada. Ele reconheceu, porém, que
o Ministério do Meio Ambiente está
trabalhando para resolver esse impasse com a reativação
da Comissão Tripartite Nacional e a criação
de Comissões Tripartites Estaduais, já
efetivadas em quase todos os estados. "Já
avançamos no PPA, na Agenda 21 e nas agendas
e debates com outros ministérios, mas ainda
precisamos superar um visão ultrapassada
de desenvolvimento", ressaltou.
Alfredo destacou, ainda, que é necessário
aprofundar as alianças entre governos e todos
os setores da sociedade, ampliando a participação
popular. Para o deputado, a Agenda 21 e a rede nacional
de Agendas 21 Locais são instrumentos fundamentais
para que esses objetivos sejam alcançados.
A rede nacional de Agendas 21 será criada
a partir das deliberações obtidas
durante os eventos apoiados pelo MMA no Fórum
Social Mundial. Além disso, até outubro
de 2006, todos os municípios brasileiros
com mais de 20 mil habitantes deverão ter
Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano. "É
uma grande oportunidade para que a Agenda 21 possa
influenciar a elaboração desses planos
e contribuir para uma mudança no modelo de
crescimento", disse.
Para Washington Novaes, a Comissão de Políticas
para o Desenvolvimento Sustentável (CPDS),
ampliada e democratizada com um decreto presidencial
de 2003, não deve "cair na armadilha
de discutir o que já foi discutido".
Para ele, o desafio do grupo é promover a
implementação da Agenda 21 em nível
municipal, repensando uma estratégia de desenvolvimento
para o Brasil, de acordo com a realidade ambiental
global. O Brasil possui hoje mais de 600 processos
para efetivação de Agendas 21 Locais.
"Estamos diante de limites que não podem
ser ultrapassados, já consumimos recursos
em um ritmo acima da capacidade de recuperação
dos ecossistemas. As mudanças climáticas
e a necessidade de mudança nos padrões
de produção e de consumo são
realidades que precisam ser enfrentadas", disse.
Conforme o jornalista, 60 mil quilômetros
quadrados de solo são perdidos a cada ano
para a desertificação, as florestas
tropicais são desmatadas a um ritmo de 150
mil quilômetros por ano, e 1,5 bilhão
de pessoas não tem acesso a água de
qualidade. Além disso, o Brasil já
é o sexto maior emissor mundial de gases
que ampliam o efeito estufa e contribuem para o
aquecimento global, principalmente pela contribuição
das queimadas. "Vivemos uma situação
de sobrecarga do planeta. Somos um família
que gasta mais que seu orçamento".
Fonte: MMA – Ministério
do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom