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COMUNIDADES
RURAIS APROVEITAM RECURSOS NATURAIS DO CERRADO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
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17/02/2005 Projetos
de criação de animais silvestres,
agroecologia, aproveitamento de produtos nativos
da região e atividades que despertam a consciência
ambiental de jovens foram alguns temas do primeiro
dia do II Seminário de Experiências
Comunitárias de Meios de Vida Sustentáveis
no Cerrado, que encerra dia 18, na Embrapa Sede
(Brasília).
O evento é uma promoção da
Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira
de Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Conta com a coordenação do projeto
CMBBC - Conservação e Manejo da Biodiversidade
do Bioma Cerrados, parceria com Ibama, UnB (Departamentos
de Botânica e Engenharia florestal), e apoio
DFID-Reino Unido, Finatec, Rede Cerrado e Ministério
do Meio Ambiente.
O pesquisador da Embrapa Cerrados e coordenador
do CMBBC, José Felipe Ribeiro, destacou,
na abertura dos relatos comunitários, que
o principal objetivo do Seminário é
a abertura de espaço para o compartilhamento
das experiências no uso sustentável
dos recursos naturais do Cerrado. "Com os relatos
vemos que é possível o produtor viver
do está em sua terra, com qualidade de vida
e minimizando os problemas sociais", afirmou.
A primeira etapa dos relatos, no dia 16, foi relacionada
às experiências com criação
de animais silvestres. O representante da agrovila
Mambaí (GO), Gerolino da Costa, destacou
a importância das orientações
da equipe técnica da Embrapa Cerrados para
dar início a criação de emas
e capivaras. O fazendeiro Deodoro Januário
de Oliveira Filho, da Fazenda Piratini (GO), falou
das suas dificuldades para manter a criação
de emas. A taxa de mortalidade dos filhotes de emas,
em sua fazenda, é de 70%.
A responsável técnica pelo Criadouro
Apoena (Corumbá de Goiás), Rebecca
Martinz Cardoso, explicou quais são as exigências
e os investimentos para a implantação
de criadouros comerciais. No caso de criadouros
de aves (papagaios, araras e piriquitos), de acordo
com Rebecca, o retorno do investimento é
lento. Só para produzir as aves para comercialização
o tempo mínimo é de três anos.
O período ainda é maior quando se
trata de aves em extinção, como a
arara-azul, que só a segunda geração
nascida em criadouro pode ser comercializada.
Por outro lado, o pesquisador da Embrapa Recursos
Genéticos, José Roberto Moreira, não
concorda com idéia de que a criação
de animais silvestres possa contribuir com a conservação
ambiental. Ele admite que pode reduzir a caça
desses animais na natureza, mas não é
o suficiente, principalmente se a meta é
a comercialização. Na opinião
do pesquisador, especialista em capivaras, a solução
é o investimento em manejo sustentável
na natureza e melhoramento genético.
Na segunda etapa dos relatos foram abordadas experiências
em áreas de assentamentos e comunidades rurais.
No assentamento Andalucia, em Nioaque (MS), de acordo
com Rosane Bastos, da ONG Ecologia Em Ação,
os moradores comercializam frutos do Cerrado e artesanatos
de fibras. O representante da Associação
dos Produtores Rurais do projeto Colônia I,
em Padre Bernardo (GO), João Batista, disse
que houve uma grande melhora na qualidade de vida
e na geração de renda dos moradores
depois que passaram a aproveitar os recursos naturais.
O representante do Instituto de Permacultura e Ecovilas
do Cerrado (IPEC), André Soares, explicou
alguns conceitos relacionados à metodologia
da permacultura e o desenvolvimento de produtos
que visam solucionar problemas na utilização
de recursos naturais, como água e energia,
e habitação. A experiência da
criação de uma farmácia caseira
na agrovila Manbaí, o uso de plantas medicinais
do Cerrado na comunidade do Moinho (Alto Paraíso-
GO), a produção de um viveiro por
jovens da cidade de Cavalcante (GO) e as atividades
da Articulação Pacari também
foram expostas aos participantes do Seminário.
No dia 17, pela manhã, foram relatadas experiências
com ecoturismo. Um dos palestrantes, Evandro Ayer,
da Reserva de Patrimônio Particular Natural
(RPPN) Vaga Fogo, em Pirenópolis (GO), falou
sobre o processo de formação da reserva
em sua fazenda. Ressaltou o crescente interesse
dos visitantes em atividades turísticas aliadas
ao meio ambiente. No primeiro ano de criação
da RPPN, em 1992, o número de visitantes
foi de 1.000 pessoas. Em 2004, o total foi de 12
mil e nos primeiros meses de 2005 o aumento é
de 50% em relação ao mesmo período
do ano passado.
Minicursos
Durante os três
dias do Seminário, mais de 300 inscritos
participam de minicursos, além das palestras
sobre as experiências comunitárias.
São seis minicursos sobre atividades agropecuárias
sustentáveis em pequenas propriedades; criação
e preservação da fauna silvestre para
o Cerrado; viveiro de mudas de espécies nativas
do Cerrado; plantas medicinais; aproveitamento alimentar
dos frutos do Cerrado e o mercado de commodities
ambientais nos biomas Cerrado e Pantanal. Na mini
oficina, os participantes aprendem a fazer arranjos
artesanais a partir de partes de plantas do Cerrado.
No dia 18, além dos minicursos e da mini
oficina, haverá relatos de experiências
com negócios, valoração e commodities
dos produtos do Cerrado. No encerramento do evento
será realizada mesa redonda sobre instituições
que estão apoiando a formulação
de políticas públicas emergenciais
para a conservação e o manejo da biodiversidade
do Cerrado, com representantes do Ministério
do Meio Ambiente, Banco Mundial, Rede Cerrado de
ONG's e Ministério de Agricultura, Planejamento
e Abastecimento.
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Assessoria de imprensa (Liliane Castelões)