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DOROTHY STANG:
NOTA À IMPRENSA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
Panorama
Ambiental
Altamira (PA) – Brasil
Fevereiro de 2005
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14-02-2005 - Repudiamos
veementemente notas divulgadas pela imprensa em
que informações desencontradas e sem
devido fundamento tentam relacionar o assassinato
cruel do trabalhador rural Adalberto Xavier Leal
como uma tentativa de vingança ao assassinato
violento da Irmã Dorothy Stang. Abaixo seguem
alguns exemplos dos equívocos cometidos pela
imprensa ao divulgar notícias relativas ao
assunto.
1) Os Termos de Informações
prestados por um filho e uma filha do Sr. Adalberto,
ambos menores de idade, ao Sr. Marcelo Ferreira
de Souza Luz, Delegado de Polícia Civil de
Anapu, dão conta de que dois homens teriam
se dirigido à casa de seus pais, sendo os
responsáveis pelo seu assassinato, e não
oito homens, conforme divulgado por algumas agências
de notícias, entre elas a Agência Pará,
do Governo do Estado do Pará.
2) Nos dois Termos
de Informações, não há
qualquer menção sobre o reconhecimento
visual inequívoco do Sr. Geraldo, técnico
do PDS, como sendo um dos responsáveis pelo
assassinato do Sr. Adalberto, conforme indicaram
informações divulgadas por algumas
agências de notícias.
3) Divergências
marcantes entre os dois depoimentos na descrição
dos fatos suscitam grandes dúvidas sobre
os acontecimentos da noite do assassinato do Sr.
Adalberto.
Assim, repudiamos
a tentativa de envolver o sr. Geraldo, técnico
do Projeto de Desenvolvimento Sustentável-PDS
Esperança, com o crime contra o sr. Adalberto.
Irmã Dorothy
vivia há mais de 30 anos na região
da Transamazônica e dedicou quase a metade
de sua vida a defender os direitos de trabalhadores
rurais contra os interesses de fazendeiros e grileiros
da região, de forma absolutamente pacífica.
Desde 1972, ela trabalhava com as comunidades rurais
de Anapu pelo direito à terra e por um desenvolvimento
sustentável, sem destruição
da floresta.
A Irmã Dorothy, assim como o povo oprimido
que ela defendia em Anapu, são vítimas
da total falta de garantia a direitos fundamentais
de qualquer cidadão, expressa em inúmeras
ameaças e violência, o que culminou
com o seu cruel e anunciado assassinato. Diversas
denúncias encaminhadas às autoridades
estaduais e federais sobre estas ameaças,
por várias instituições, jamais
resultaram em qualquer providência efetiva
que garantisse a real segurança aos ameaçados.
Os dois crimes ocorridos no dia 12 de fevereiro
de 2005 refletem a completa ausência do Estado
de Direito no município de Anapu, assim como
ocorre em inúmeros municípios do interior
do estado do Pará. Exigimos das autoridades
públicas a devida apuração
dos fatos para que os crimes contra a Irmã
Dorothy e o Sr. Adalberto não fiquem impunes,
como inúmeros assassinatos de trabalhadores
rurais e suas lideranças em conflitos pela
terra no estado do Pará. E quanto às
agências de notícias, que se mantenham
fiéis à verdade e somente à
verdade, à verdade por inteiro.
Basta! Chega de violência, chega de impunidade,
chega de inverdades. Exigimos justiça.
Procuradoria da República
no Estado do Pará
Prelazia do Xingu
Comissão Pastoral da Terra
Conselho Indigenista Missionário
Fundação Viver, Produzir e Preservar
Casa Familiar Rural de Altamira
Movimento de Mulheres Trabalhadoras do Campo e Cidade
Sindicato dos Trabalhadores em Educação
Pública no Estado do Pará
Grupo de Trabalho Amazônico
Conselho Nacional dos Seringueiros
Greenpeace
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa