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ENTIDADES CIVIS CELEBRAM
KYOTO EM FRENTE AO CONSULADO AMERICANO
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Fevereiro de 2005
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Protesto
é para destacar que o mundo não
é refém dos EUA
16-02-2005
- Uma série de eventos realizados hoje
pelo mundo comemoram o início de uma
nova era na proteção climática.
O Protocolo de Kyoto agora é lei e
prepara o terreno para que a comunidade internacional
dê os primeiros passos no sentido de
diminuir as emissões de gases de efeito
estufa nos países industrializados
e desacelerar o crescimento das emissões
de tais gases nos países em desenvolvimento
e, desta forma, combater as mudanças
climáticas. O Brasil é o quinto
maior emissor de gases na atmosfera, sendo
que as principais causas de emissão
são o desmatamento e queimadas de florestas,
especialmente na Amazônia. Dados da
década de 90, mostram que já
naquela época, 70% das emissões
brasileiras eram provenientes das queimadas. |
Este
cenário confirma a inabilidade histórica
do governo brasileiro no combate ao desmatamento.
“Fica claro que o caminho mais curto para
o Brasil reduzir sua contribuição
no aquecimento global passa fundamentalmente
por uma mudança no processo de ocupação
e uso do solo na Amazônia. Para assumir
um papel de liderança internacional
na questão climática, o país
precisa começar a fazer a lição
de casa, enfrentando com coragem as causas
dos desmatamento e promover a sustentabilidade
do desenvolvimento em todo o país”,
disse Adilson Vieira, do Fórum Brasileiro
de ONGs e Movimentos Sociais para o Desenvolvimento
Sustentável e Meio Ambiente. |
No Brasil,
entidades de movimentos ambientalista, social e
sindical, como o FBOMS – Fórum Brasileiro
de ONGs e Movimentos Sociais para o Desenvolvimento
Sustentável e Meio Ambiente –, CUT – Central
Única dos Trabalhadores –, Greenpeace, MST
– Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra –,
Instituto Vitae Civilis, CMS – Coordenação
dos Movimentos Sociais, GTA – Grupo de Trabalho
da Amazônia – Núcleo Amigos da terra
Brasil, e UNE – União Nacional dos Estudantes
– realizaram uma ação pública
em frente ao Consulado dos Estados Unidos em São
Paulo, em protesto a não adesão daquele
País ao Protocolo de Kyoto.
Cerca de 70 pessoas participaram da atividade, que
contou com uma Arca de Noé, onde foi estendida
uma faixa com os dizeres “apesar de vocês,
temos Kyoto”. A canção de Chico Buarque
“Apesar de Você” serviu como trilha sonora
para embalar o protesto. As mudanças climáticas
já estão aqui e estão atingindo
primeiro e mais gravemente os mais pobres, que são
mais vulneráveis”, afirmou João Pedro
Stédile, do MST. “Se não nos mexermos
agora para evitar impactos mais graves que podem
ocorrer nas próximas décadas, não
haverá uma arca grande o bastante para salvar
da enxurrada de vítimas”.
Uma bóia simbolizando o salvamento do clima
do planeta através do Protocolo de Kyoto
foi entregue ao Consulado Americano com uma carta
endereçada ao presidente George W. Bush,
com a demanda das entidades organizadoras da ação,
que é a adesão dos EUA ao Protocolo
e a conseqüente redução obrigatória
de suas emissões de gases do efeito estufa.
“Queremos deixar marcada nossa insatisfação
com o governo do maior responsável pelas
emissões de gases de efeito estufa do mundo,
que prioriza o desenvolvimento econômico a
qualquer preço em detrimento da preservação
da vida e das futuras gerações”, afirmou
Luiz Marinho, presidente nacional da CUT. Ao receber
a carta, o Cônsul Geral dos Estados Unidos
em São Paulo, Patrick Duddy, afirmou que
é a favor da política ambiental do
governo Bush que, segundo ele, tem o mesmo objetivo
daqueles que defendem o Protocolo de Kyoto, mesmo
seguindo um caminho diferente.
Além do protesto em São Paulo, outras
atividades foram realizadas em Manaus, Porto Alegre
e Brasília.
Comemorações ao
redor do Mundo
No Mundo, a data foi celebrada
por ativistas da rede CAN - Climate Action Network
– de várias formas, em mais de 40 países:
na cidade de Kyoto, voando num balão de
ar quente sobre o Templo Kiyomizu. Em Beijing,
jovens ativistas discursaram no topo da colina
Jingshan Hill, atrás da Cidade Proibida,
explicando a necessidade da troca global pelas
energias renováveis e eficiência
energética. Organizações
participantes da rede promoveram celebrações
nas cidades de: Bonn/ Alemanha, Moscou/ Rússia,
Madri/ Espanha, Helsinque/ Finlândia, Sidney/
Austrália, Bangalore/ Índia, Hong
Kong/ China and Suva/Fiji, entre outras.
"Esse é um momento histórico
na proteção climática",
disse Marcelo Furtado, diretor de campanhas do
Greenpeace. "Porém, levou mais de
dez anos para chegarmos até aqui, deixando
para nós apenas um curto período
de tempo para fazer cumprir o acordo. Cada novo
pedaço de evidência que surge no
aquecimento global enfatiza a urgência da
situação. Agora é a hora
do mundo arregaçar as mangas e trabalhar
em soluções reais para acabar com
as mudanças climáticas."
Emissões passadas de gases de efeito estufa
significaram que o mundo não pôde
evitar o aumento da temperatura global em 1,3oC,
maior que os níveis pré-industriais.
Se o aumento da temperatura média ultrapassar
2ºC, os impactos nas mudanças climáticas
serão catastróficos. Para permanecer
abaixo do limite dos 2ºC, os países
industrializados devem ir além das exigências
de Kyoto e reduzir as emissões em pelo
menos 30% dos níveis de 11000 para 2020
e entre 60-80% até 2050s, com eventuais
futuras reduções para seguir.
As ferramentas para manter as mudanças
climáticas sob controle, como as energias
renováveis e as medidas de eficiência
energética, estão desenvolvidas
e prontas para serem usadas. Kyoto é o
sinal que os governos e indústria estavam
esperando, pois agora há um preço
a ser cobrado dos países pela poluição
climática e multas para os poluidores.
Em completo contraste ao resto do mundo, os Estados
Unidos e a Austrália continuam a negar
a real extensão das mudanças climáticas
e se recusam a agir. Indústrias americanas
e australianas estão em perigo de serem
deixadas para trás, já que Europa
e Japão colhem os benefícios financeiros
e societários de estar na frente na corrida
para desenvolver tecnologias não agressivas
ao clima.
Compromissos do Brasil no Protocolo
Rubens Born, da coordenação
internacional da CAN e membro do Vitae Civilis,
disse que “todos os países têm compromissos,
embora diferenciados, para reverter as causas
e prevenir ou adaptar-se aos efeitos das mudanças
de clima. Reconhecemos que as metas do Protocolo
de Kyoto ainda são insuficientes, mas faz
parte do único acordo mundial que torna
obrigatório atividades e políticas
para a redução das emissões
de gases de efeito estufa. É necessário
termos um debate mais aprofundado sobre os compromissos
que o Brasil e outros países vão
assumir no futuro, dentro do regime internacional”.
O Brasil não tem metas quantitativas de
redução de emissões de gases,
mas como outros países em desenvolvimento
deve, segundo o Protocolo de Kyoto e a Convenção
de Mudança de Clima, tomar medidas que
propiciem a desaceleração do crescimento
de sua contribuição global desses
gases. Tais medidas devem estar presente em vários
setores, tais como transporte, agricultura, indústrias,
etc. mediante o uso mais eficiente e sustentável
dos recursos naturais, combate ao desmatamento,
etc.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
Foto: Greenpeace
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