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SENADOR
DIZ QUE ASSASSINATO DA MISSIONÁRIA
DOROTHY STANG ERA QUESTÃO DE TEMPO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
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17/02/2005 - Amigo
há 20 anos da missionária norte-americana
Dorothy Stang, assassinada por pistoleiros no sul
do Pará no último sábado, o
senador Sibá Machado (PT-AC) tem convicção
de que era uma questão de tempo para que
o crime acontecesse. Em 1984, com 26 anos de idade,
o então desempregado Sibá Machado
deixou São Paulo para encontrar-se com o
pai, Francisco Odorico de Oliveira, um dos agricultores
assentados pelo Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra) no recém-criado
assentamento de Anapu.
No primeiro confronto entre colonos e o proprietário
da Fazenda União, ele se tornou amigo de
irmã Dorothy. No enfrentamento, 10 pessoas
foram feridas a bala por pistoleiros da fazenda
e alguns ficaram perdidos por três dias nas
matas da região. Nesta quarta-feira, na tribuna
do Senado, Sibá relembrou, com lágrimas,
parte dessa história de uma "terra de
ninguém".
A missionária Dorothy Stang chegou a Anapu
em 1982. Segundo Sibá Machado, só
não foi assassinada no dia do primeiro confronto
com os pistoleiros porque os colonos a convenceram
a ficar num local mais afastado. O senador lembrou
que outra mulher, responsável pelos registros
fotográficos do conflito, foi uma das primeiras
vítimas das balas dos pistoleiros, por parecer-se
muito com Dorothy Stang.
A indignação de Sibá Machado
não é apenas pela morte da missionária
mas, principalmente, por uma situação
que "teima em não mudar" naquela
região. Ao presidente do Senado, Renan Calheiros,
e demais senadores presentes em plenário,
o parlamentar lembrou que Dorothy Stang foi assassinada
no mesmo momento em que a ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, participava de debate na reserva extrativista
Verde para Sempre, em Porto D’Moz, no Pará.
A missa em homenagem à missionária,
da qual participaram vários senadores e outras
autoridades, foi interrompida duas vezes pelo padre
para comunicar aos presentes a morte de dois colonos
pela pistolagem da região. "Isso é
um acinte. Esta impunidade não pode continuar
de forma alguma", protestou o parlamentar da
tribuna, ressaltando que, até hoje, a ausência
do Estado no sul do Pará é total.
Depois das mortes dos últimos sete dias,
o governo federal mandou para a região 2
mil soldados do Exército para auxiliar nas
investigações.
Sibá relatou que esteve em Anapú no
ano passado e, numa conversa com a irmã Dorothy
e colonos, constatou que 20 anos após ter
deixado a região a situação
dos assentados havia piorado. "Está
na hora de colocar esses assassinos na cadeia e
separar quem é bandido e quem é empresário",
afirmou o senador com a voz embargada, sem conseguir
segurar as lágrimas. Mais tarde, já
refeito, ele ressaltou que "muitos madeireiros
e agricultores que vivem honestamente na região
pagam pela bandidagem de grileiros que posam de
empresários".
Sibá Machado integra a comissão de
oito senadores designada pelo presidente da Casa,
Renan Calheiros, para acompanhar os trabalhos de
investigação do governo sobre o crime
contra a missionária. Os parlamentares também
farão um levantamento da situação
agrária e social na região de Anapú.
A comissão é presidida pela senadora
Ana Júlia Carepa (PT-PA) e composta por Fátima
Cleide (PT-RO), Demóstenes Torres (PFL-GO),
Serys Slhessarenko (PT-MS), Eduardo Suplicy (PT-SP),
Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Luis Otávio (PMDB-PA).
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Marcos Chagas