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ASSEMBLÉIA DOS INDÍGENAS
DA RAPOSA SERRA DO SOL QUER INTENSIFICAR
LUTA POR HOMOLOGAÇÃO CONTÍNUA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
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21/02/2005 – As comunidades
indígenas da Raposa Serra do Sol preparam
para esta semana uma série de ações
pela homologação da reserva, reivindicada
há mais de 30 anos. Reunidos na 34ª
Assembléia da Anual do Conselho Indígena
de Roraima (CIR), na comunidade Maturuca, extremo
nordeste do estado, os índios da Raposa decidiram
reconstruir as casas derrubadas no final do ano
passado e aumentar as ocupações em
pontos estratégicos, como fronteiras e margens
de rios.
"Queremos garantir a nossa segurança,
além de pressionar o governo e a Justiça
a homologar de uma vez por todas nossa reserva",
conta o recém-empossado coordenador do CIR,
o índio tuxaua Marinaldo Justino Trajano.
"Também esperamos que haja alguma liminar
derrubando a decisão da ministra do Supremo
Tribunal Federal, Ellen Gracie (que suspendeu a
portaria do Ministério da Justiça
de demarcação contínua da reserva,
publicada em 1988). Derrubando, esse processo fica
na mão do presidente Lula".
A decisão da ministra Ellen Gracie foi tomou
com base em ação cautelar ajuizada
no STF pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR),
que é contrário à homologação
contínua da reserva. Para os índios,
o poder público no estado defende os interesses
dos proprietários de lavoura de arroz. Os
agricultores reivindicam a homologação
descontínua das terras e a manutenção
de áreas irrigáveis para atividade
econômica.
A tensão entre os índios e os lavoureiros
aumentou desde a destruição de 37
casas, espalhadas por cinco comunidades, em novembro
de 2004. De acordo com o novo coordenador do CIR,
os criminosos utilizaram tratores para derrubar
postos de saúde, escolas e igrejas. "Quase
40 pessoas invadiram e destruíram nossas
comunidades sob o comando de lavoureiros identificados
por nós, mas ainda impunes", reclama
o novo coordenador do CIR. "O que já
tem de destruição na beira dos nossos
rios é demais. Eles [os agricultores] estão
construindo nas margens dos rios que abastecem as
comunidades. A quantidade de agrotóxico encontrada
no rio é grande. Já fizemos várias
denúncias e ninguém toma atitude."
Em agosto do ano passado, índios da aldeia
Macuxi se envolveram em agressões físicas
com moradores do município de Uiramutã.
Na época, os Macuxi montaram uma barreira
de fiscalização para evitar a entrada
de armas, combustível contrabandeado e bebidas
alcoólicas na reserva. A Raposa Serra do
Sol tem 1,7 milhão de hectares e reúne
a população urbana total de não
índios de 665 pessoas, distribuídas
nas cinco vilas localizadas na área (Surumu,
Água Fria, Uiramutã, Socó e
Mutum). A população indígena
soma 14.719 pessoas, que vivem em 148 aldeias das
etnias Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Taurepang
e Patamona.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Juliana Cézar Nunes