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NOVAS OPERAÇÕES
CONTRA MADEIREIROS EM TERRAS INDÍGENAS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
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(22/02/05) O Ibama,
Polícia Federal e Exército voltarão
a realizar novas operações para impedir
madeireiros peruanos de retirar mogno das terras
dos índios Ashaninka, na fronteira do Brasil
com o Peru. A decisão foi tomada em reunião
na aldeia indígena entre autoridades federais
e lideranças dos Ashaninka.
Ano passado, 37 pessoas contratadas por madeireiros
- a maioria peruanos - chegaram a ser presas e o
Ibama destruiu mais de 6 mil metros cúbicos
de madeira serrada. A implosão da madeira,
segundo o integrante da Diretoria de Florestas do
Ibama, Kleber Alves, foi estratégica. Seria
impossível remover as toras, naquele momento.
Destruí-las significou evitar que o madeireiro
tivesse a chance de vender o produto e se capitalizar
para nova safra.
Apesar das operações do ano passado,
lideranças dos Ashaninca contaram que ainda
recebem ameaças de morte por denunciarem
a ação ilegal dos madeireiros e que
é possível ouvir o barulho das motos-serra,
muito próximo da aldeia.
O pajé Isak Piyãko informou que subindo
o rio Amônia por dez minutos a bordo de uma
voadeira (embarcação com motor) se
chega ao local onde mais de 100 árvores estão
marcadas para o corte. Em cada uma, há nome
do trabalhador que a irá derrubar.
A extração ilegal de mogno na terra
dos Ashaninka vem se arrastando há anos,
mas se intensificou ultimamente. Para traçar
novas ações de combate a tais ilícitos
ambientais, realizou-se, no fim de semana, reunião
na aldeia com a presença de representantes
de três órgãos públicos
e do Ministério Público Federal, de
políticos locais, do governador do Acre,
Jorge Viana, e do comandante Militar da Amazônia,
general Cláudio Barbosa Figueiredo, além
de outros três generais.
O governador fez apelo para que os índios
não revidassem com violência. "O
pior que pode acontecer é alguém morrer.
Seria criar problemas para filhos e netos."
Informou que terá audiência com o presidente
do Peru, Alejandro Toledo, no início de março
e negociará a adoção de medidas
que garantam a "paz na fronteira".
O Brasil está financiando boa parte da estrada
de saída para Oceano Pacífico ligando
a cidade de Assis Brasil (AC) ao porto Illo, a ser
construída basicamente em território
peruano. Em contrapartida, Viana quer que o governo
do Peru garanta proteção ambiental
numa faixa entre 30 a 40 quilômetros na fronteira.
A atual política do país vizinho na
área florestal é condenada por Viana.
"O Peru vende a US$ 50 o metro cúbico
de mogno que vale US$ 1.300 no mercado internacional.
Ele está pegando ouro e vendendo por areia."
O Peru tem autorizado exploração madeireira
justamente na fronteira. Em reunião reservada,
Kleber Alves, do Ibama, mostrou ao presidente da
Associação Ashaninka do Rio Amônia
(Apiwtxa), Benki Piyãko, e ao pajé
Moises Piyãko o mapa das concessões
dadas pelo governo peruano. As empresas avançam
em território brasileiro, apesar de marcos
visíveis indicando a divisa dos países.
O ashaninka Benki contou ter feito contato com uma
das empresas peruanas atuantes na área. Benki
ouviu um gerente dizer que estava acompanhando plano
do governo peruano e não deixaria de "fazer
o trabalho" porque outros assumiriam o seu
lugar. Para ele, apenas a união de forças
de dentro e de fora do Brasil poderão mudar
esta situação.
Pelo menos do lado brasileiro, a tarefa está
sendo cumprida. O Ibama planeja monitoramento aéreo
mensal na região, paralelo às operações
conjuntas de fiscalização com a PF
e o Exército. O governo do Acre ofereceu
ajuda da Polícia Militar e gestões
com autoridades peruanas. Mais dois pelotões
do Exército serão instalados na fronteira
para aumentar a nossa presença do Exército
na região. Segundo o general Figueredo, a
força militar passará de 15 para 66
homens.
Por sua vez, os Ashaninka não se limitam
a denúncias contra madeireiros peruanos.
Eles têm guiado fiscais dentro da floresta,
colaborado nas operações e também
esclarecido ashaninkas que moram no lado peruano
sobre os impactos negativos da exploração
de mogno sobre a caça, a água e a
cultura indígena.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom (Sandra Sato)