|
ACUSADOS NO CASO DE DOROTHY
STANG APRESENTAM DIFERENTES VERSÕES
PARA O CRIME
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
|
|
16/03/2005 – Os dois
acusados de envolvimento no assassinato da missionária
Dorothy Stang, Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo
Carlos Batista, apresentaram duas versões
para o crime em depoimento à Justiça
do Pará.
Segundo o promotor Lauro Freitas Júnior,
na segunda versão, os acusados disseram que,
ao voltar à cela sentiram a "consciência
pesada", e reafirmaram o depoimento prestado
à Polícia Civil, em que incriminam
o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida;
admitem a promessa de pagamento de R$ 50 mil pelo
crime e a entrega da arma por Amair Feijoli da Cunha,
o Tato.
Na primeira versão, ainda de acordo com o
promotor, Rayfran e Clodoaldo tentaram inocentar
Bida, apontado como mandante do crime. "O Rayfran
alterou os fatos que tinha apresentado na polícia.
Ele alterou os fatos que tiravam a responsabilidade
de Vitalmiro Bastos de Moura e tentou diminuir a
responsabilidade do Tato. Rayfran disse também
em juízo, que a arma do crime teria sido
obtida por ele, em Altamira, e não dada por
Tato, como afirmou em depoimento à polícia",
diz o promotor.
Outro ponto alterado no primeiro depoimento foi
com relação à fuga. Para a
Polícia Civil, Rayfran afirmou que Vitalmiro
teria fornecido alimento e facilitado a fuga, além
de prometer advogado para defesa. Para o juiz, o
pistoleiro negou a promessa de pagamento de R$ 50
mil e disse que "matou a irmã porque
se sentiu ameaçado". Na opinião
do promotor, a idéia era tirar a culpa do
fazendeiro foragido e diminuir a participação
do Tato.
Clodoaldo também afirmou que, junto com Rayfran,
teria inventado a participação do
fazendeiro no crime com o objetivo de prejudicá-lo.
Essa versão, no entanto, foi depois alterada
pelos pistoleiros. "Durante o depoimento do
Tato, os outros dois acusados pediram para chamar
as autoridades presentes porque queriam mudar seu
depoimento. O Ministério Público requereu
novo interrogatório e eles foram novamente
ouvidos na mesma noite", explica o promotor.
Segundo Lauro Freitas Júnior, os pistoleiros
alegaram que a mudança no depoimento teria
sido causada pelas conversas com Tato durante as
duas semanas em que ficaram na mesma cela em Santa
Izabel do Pará, município da região
metropolitana de Belém. "O Tato teria
pressionado os dois a mudar a versão do depoimento
sob a promessa de que advogado dele arrumaria um
meio de arrumar uma saída para os dois. Além
disso, o Tato prometeu ajudar a família do
Rayfran com a quantia de R$ 1.000 por mês
e ia tentar a transferência de Clodoaldo para
seu estado natal, o Espírito Santo."
Ao prestar seu único depoimento, Tato, pela
primeira vez, assumiu a responsabilidade pela morte
da irmã Dorothy. "Ele disse que teria
mandado matar a freira porque se sentia ameaçado
por ela e pelo grupo que ela liderava", conta
o promotor, que diz não ter mais dúvidas
sobre o envolvimento dos acusados no caso. "Agora,
queremos dar mais ênfase e embasamento ao
envolvimento do Bida. O fato deles terem mudado
a versão e tentado tirar a participação
do Bida é mais um motivo para acreditarmos
que ele está fortemente envolvido no crime".
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Christiane Peres