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EM BUSCA DE EMPREGO, PAIS DAS CRIANÇAS INDÍGENAS DE CAARAPÓ SÃO OGRIGADOS A FICAR LONGE POR MESES

Panorama Ambiental
Dourados (MS) – Brasil
Março de 2005

13/03/2005 – Entre as crianças examinadas no Mutirão de Saúde Indígena organizado pela Fundação Nacional de Saúde em Caarapó (264 km a sudoeste de Campo Grande), neste sábado, o pequeno A., de 4 meses, foi um dos que precisaram de atenção médica imediata porque, segundo a mãe, apresentava diarréia.
A situação da kaiowá Luciana Panã, 22, mãe da criança, é típica, segundo os agentes comunitários de saúde que atuam na aldeia Tey Kue. O marido dela trabalha como cortador de cana para uma usina de álcool, distante da aldeia, e tem contratos de trabalho que chegam a mantê-lo longe de casa por vários meses. Agora, Luciana não o vê desde janeiro.
Para cuidar dos dois filhos sozinha, a kaiowá tem dificuldades adicionais, porque voltou recentemente para a área, depois de passar um tempo em outra aldeia do sul do estado, Porto Lindo. Esse tipo de mudança é comum entre os guarani e kaiowá, dependendo do convite de parentes e oportunidades de trabalho, porém ocasionou o corte de Luciana do cadastro público para o recebimento de cesta básica – em Caarapó, 681 famílias, do total de 881 na aldeia, recebem esse benefício – as terras ali são insuficientes para manter a atual população.
Além disso, como explica a agente de saúde Kátia Martins, 28, mestiça de guarani e kaiowá, os "vales" que o marido de Luciana manda periodicamente enquanto está na usina ficam entre R$ 50 e R$ 60, precários diante dos preços altos nos mercados de Caarapó, onde os índios têm que fazer compras. "Se ela comprar qualquer coisa a mais que não seja a comida, como uma roupinha de criança, por exemplo, o dinheiro já acaba", explica Kátia.

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Spensy Pimentel

 
 
 
 

 

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