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DIRETOR DO MUSEU GOELDI
DIZ QUE É PRECISO CAUTELA AO ACUSAR
CIENTISTA DE BIOPIRATARIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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24/03/2005 - O diretor-geral
do Museu Emilio Goeldi, no Pará, Peter Mann
de Toledo, aconselhou "muita serenidade e muita
cautela" em acusações de biopirataria
na Amazônia envolvendo cientistas. Segundo
ele, "nessa questão do que é
ou do que não é existe uma linha muito
tênue". A afirmação foi
feita durante debate sobre o assunto no documentário
Amazônia-terra cobiçada que está
sendo veiculado nas rádios Nacional da Amazônia
e de Brasília. Nesta quinta-feira, o tema
do debate foi A invasão dos biopiratas.
Porta de entrada e acompanhamento dos "cientistas-parceiros"
internacionais que vêm fazer pesquisa na Amazônia,
o Museu Goeldi, é uma entidade pública
federal. Segundo seu diretor, a parceria científica
precisa ser vista com "muita cautela".
Segundo ele, a discussão sempre começa
pelo preconceito de "qualquer relação
entre o Brasil e qualquer instituto de pesquisa
no exterior".
Sobre o combate à biopirataria criminosa
na Amazônia, Toledo disse que é preciso
antes reconhecer que o país não tem
"a infra-estrutura adequada, nem as melhores
políticas e recursos financeiros suficientes
para combater justamente a falta de informação
do desenvolvimento tecnológico." O diretor
também recomendou cautela na "ação
policialesca" contra a biopirataria, porque
às vezes "falta ética entre colegas".
Para o diretor do Museu Goeldi, outra questão
a ser discutida com atenção na Amazônia
é o pagamento pelo uso da propriedade intelectual
das populações tradicionais. "Ainda
estamos engatinhando, tanto no Brasil como no resto
do mundo, apesar de existirem algumas leis e regras
com relação a isso". Sobre o
assunto, Toledo disse que é longo o caminho
amplo a ser explorado.
Toledo lembrou a criação do Conselho
de Acesso ao Patrimônio Genético, medida
que considera importante, porque permitirá
"organizar os problemas que vão aparecendo",
à medida que se criam regras de acesso a
informações sobre os recursos naturais.
Ele destacou a necessidade de se fazer um mapeamento
dos povos e culturas e relacionar as informações
de cada cultura.
O diretor disse que a formação do
cientista brasileiro requer um tempo superior a
dez anos, além de "recursos humanos
extraordinários". Ele também
destacou a importância do engajamento do setor
privado nas pesquisas, de modo a dividir com o governo
a responsabilidade do financiamento. Para ele, ewssa
é uma forma de acabar com idéia de
que "o governo tem que ser paternalista em
alguns pontos nesta questão de incentivos
para pesquisas científicas e tecnológicas".
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Eduardo Mamcasz