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EM 2005, CTNBio ESPERA
DECIDIR O FUTURO DE MAIS 600 VARIEDADES
TRANSGÊNICAS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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20/03/2005 – A Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio) pretende superar neste ano o número
de projetos com organismos geneticamente modificados
analisados no ano passado. De acordo com o coordenador
da entidade, Jairon Alcir do Nascimento, depois
que o Tribunal Regional Federal "devolveu"
à CTNBio, em 2004, a competência para
analisar os processos destinados a liberação
comercial, o número de projetos analisados
subiu para 587, contra os oito de 2003.
"Com a resolução do conflito
de competência que existe entre a Lei de Biossegurança
e a Lei Ambiental, imaginamos que, em 2005, o número
de pleitos tanto para pesquisa como para liberação
comercial seja substancialmente maior que em 2004",
afirma.
A Lei de Biossegurança, aprovada no início
deste mês, diz que a CTNBio é responsável
em avaliar a necessidade de um relatório
de impacto ambiental sobre os projetos de pesquisa
com organismos geneticamente modificados. Já
a Lei Ambiental defende que apenas o Instituto Brasileiro
de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama)
pode fazer esse diagnóstico. Segundo Nascimento,
com a aprovação do projeto de biossegurança
na Câmara dos Deputados, "esse problema
foi resolvido", pois confere essa competência
à comissão.
Criada em 1995, a CTNBio tem o papel de analisar
as solicitações encaminhadas por centros
de pesquisa públicos e privados e por instituições
e empresas que atuam no segmento da biotecnologia.
Além da liberação da venda
de organismos geneticamente modificados, cabe à
CTNBio também decidir sobre as sementes que
poderão ser produzidas no país.
Segundo Nascimento, com a sanção da
lei pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
algumas mudanças serão implementadas
pela entidade. "As mudanças que nós
estamos falando se dão, por exemplo, na quantidade
dos membros que compõem a CTNBio e quanto
aos projetos. A CTNBio vai passar a ter a palavra
final sobre os projetos destinados à liberação
comercial, coisa que hoje não acontece",
explica.
Atualmente, a comissão conta com 36 membros
e com a nova lei passará a ter 54, sendo
27 suplentes e 27 titulares. De acordo com o coordenador
da CTNBio, todos que farão parte da comissão
serão obrigados a possuir título doutor.
"A gente vai ter 12 cientistas [hoje são
oito], e com a obrigatoriedade do título
e o aumento do número de integrantes, em
tese, além de termos um debate altamente
técnico, a qualidade das análises
dos projetos também irá aumentar",
diz Nascimento.
Para conseguir a liberação do projeto,
as instituições – públicas
ou privadas – precisam da liberação
da CTNBio. Essas instituições precisam
ter um laboratório certificado pela comissão.
Além disso, os projetos precisam ser analisados
pela entidade pelo ponto de vista da biossegurança
à saúde humana, animal e ao meio ambiente.
"Só após a CTNBio analisar técnica
e cientificamente se esses projetos não têm
riscos à saúde humana, animal e ao
meio ambiente é que nós emitimos um
parecer técnico, autorizando essa instituição
a executar seus projetos. Seja ele com fim de pesquisa
ou com objetivos de evolução para
uma possível comercialização
ao público." Segundo Nascimento, o laudo
demora entre 90 e 120 dias para ser emitido.
Caso alguém discorde do parecer de autorizações
para fins comerciais, o conselho de ministros –
composto por representantes de 11 ministérios
– é acionado. Para Nascimento, o conselho
é uma espécie de "Suprema Corte
da Biossegurança brasileira" e vai decidir
o que será feito.
Cerca de 80% dos projetos com os organismos geneticamente
modificados são apresentados por instituições
públicas. "São projetos, principalmente,
de liberação planejada no meio ambiente
para grãos, ou seja, na área agrícola.
Mas nós também temos muitos projetos
nas áreas de vacinas, enzimas, saúde
humana e animal", relata.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Christiane Peres