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GREENPEACE E QUERCUS BLOQUEIAM
CARREGAMENTO DE MADEIRA AMAZÔNIA EM
PORTUGAL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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22-03-2005
- Leixões, Portugal Ativistas do Greenpeace
e da Quercus (Associação Nacional
de Conservação da Natureza)
bloquearam hoje a entrada do navio Skyman
no Porto de Leixões, em Portugal. Escaladores
desceram a ponte em rappel numa tentativa
de impedir o descarregamento de madeira de
empresas envolvidas com a exploração
ilegal e destrutiva na Amazônia. Portugal
é, hoje, uma das principais portas
de entrada da Europa para madeira extraída
ilegalmente das últimas florestas primárias
do planeta (1). |
Com
a ação, as organizações
desafiam o novo governo português a
se comprometer publicamente com o plano de
ação da União Européia
contra madeira ilegal. As organizações
também exigem que Portugal apóie
a nova legislação européia
para proibir a importação de
madeira de origem criminosa, como parte do
processo FLEGT – sigla em inglês para
Implementação da Legislação
Florestal, Governança e Comércio
(2).
O navio Skyman transporta um carregamento
de madeira amazônica no valor de mais
de US$ 253.1000, incluindo madeira de pelo
menos quatro empresas multadas no Brasil por
envolvimento com ilegalidades. |
Uma delas, a Milton
Schnorr, foi multada em 2001, 2002 e 2004 por exploração
e transporte de madeira ilegal. Em dezembro, Moacir
Ciesco, o proprietário da empresa Rancho
da Cabocla foi preso por explorar madeira em terra
pública. “A exploração ilegal
e predatória de madeira na Amazônia
está relacionada com corrupção,
grilagem de terras, violência contra comunidades
locais e, em alguns casos, até assassinatos”,
disse Marcelo Marquesini, da campanha da Amazônia
do Greenpeace, que está no Porto de Leixões
participando da ação. “Portugal pode
ser considerado cúmplice nestes crimes, se
não tomar nenhuma medida efetiva para controlar
o problema”.
A
Amazônia possui um dos maiores índices
de destruição florestal do mundo.
Em 2003, o desmatamento na Amazônia
alcançou 23.1000 km2, o segundo maior
da história do País. O estado
do Pará, principal exportador de madeira
amazônica para Portugal, é responsável
por mais de um terço do total desmatado
em toda a Amazônia Legal. Este desmatamento
é alimentado por décadas de
exploração ilegal e destrutiva
de madeira e pela derrubada de floresta para
criação de gado e agricultura.
Portugal é o sétimo maior importador
mundial de madeira amazônica (3) e um
dos grandes compradores de madeira proveniente
de outras florestas primárias. Os maiores
importadores europeus de madeira – Alemanha,
Inglaterra, França e Bélgica
– apóiam a implementação
do plano de ação da União
Européia contra madeira ilegal, mas
Portugal ainda não mostrou o mesmo
empenho. “É hora de Portugal assumir
sua responsabilidade e não fechar os
olhos para atividades ilegais que ocorrem
em países produtores de madeira”, disse
Domingos Patacho, da Quercus. “Nós
desafiamos publicamente o novo governo português
a mostrar comprometimento
com a questão ambiental apoiando a
nova legislação da União
Européia contra o comércio de
madeira ilegal”. |
“O apoio
de Portugal ao processo FLEGT será uma forte
contribuição a governos, como o do
Brasil, que enfrentam dificuldades para fazer com
que madeireiros cumpram as leis nacionais. Também
sinalizará para produtores e exportadores
brasileiros que o mercado europeu será fechado
para a ilegalidade”, disse Paulo Adário,
coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace.
“O governo brasileiro, por sua vez, também
precisa fazer a lição de casa, implementando
uma legislação efetiva para tirar
a madeira de origem criminosa do mercado, além
de fortalecer instituições de fiscalização,
como o Ibama”
No final de 2004, o Greenpeace e a Quercus solicitaram
o apoio de vários importadores portugueses
de madeira ao processo FLEGT e à adoção
de nova legislação européia
para proibir importações de madeira
de origem criminosa. Duas empresas – a Sardinha
& Leite, e a Sonae Indústria – já
declararam seu apoio. Agora, as duas organizações
pedem que todos os importadores de Portugal rejeitem
madeira de empresas envolvidas com ilegalidades
e que comercializem apenas com fornecedores certificados
pelo FSC (Forest Stewardship Council, ou Conselho
de Manejo Florestal), que estabelece os melhores
padrões e critérios de manejo florestal
(4).
Notas
(1) A Europa foi o maior importador
de madeira amazônica entre janeiro e outubro
de 2004, representando 38.7% das exportações
da região. As importações
européias de madeira da Amazônia
alcançaram US$ 290 milhões até
outubro, com um volume superior a 830 mil toneladas.
A grande maioria da madeira explorada na Amazônia
é ilegal – o que também ocorre com
outros produtores de madeira tropical, como a
Indonésia, a África e a Papua-Nova
Guiné.
(2) Em dezembro de 2004, o Greenpeace,
FERN e WWF apresentaram proposta à Comissão
Européia para criminalizar as importações
de madeira ilegal pela Europa e promover o manejo
florestal sustentável em todo o mundo.
A recomendação das ONGs propõe
que o manejo seja desenvolvido em cooperação
com países produtores de madeira, como
o Brasil.
(3) Maiores importadores de
madeira amazônica: Estados Unidos, China,
França, Holanda, Espanha, Inglaterra e
Portugal.
(4) O FSC é o único
sistema de certificação independente
que adota padrões ambientais internacionalmente
aceitos, incorpora de maneira equilibrada os interesses
de grupos sociais, ambientais e econômicos
e tem um selo amplamente reconhecido no mundo
todo. O FSC oferece a melhor garantia disponível
de que a atividade madeireira ocorre de maneira
legal e não acarreta a destruição
das florestas primárias como a Amazônia.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
Fotos: Greenpeace
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