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MINISTRO CIRO GOMES FALA
SOBRE PROJETO SÃO FRANCISCO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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15/03/2005 Meus amigos
e minhas amigas, boa noite!
Para os que ainda
não me conhecem, eu sou Ciro Gomes, ministro
da Integração Nacional do Governo
do presidente Lula. Dentre os projetos desse ministério,
um deles é sem dúvida uma das grande
prioridades do nosso presidente, que é como
combater, de forma segura e eficiente, os efeitos
da seca na região nordestina. Porque, como
diz o presidente Lula, não se pode combater
a seca, assim como não se pode combater a
neve, que são fenômenos da natureza.
O que se pode e o que se deve, isto sim, é
aprender a conviver com eles, reduzindo ao máximo
os seus efeitos.
Peço sua atenção, neste instante,
para falar de um projeto da mais alta importância
para o nosso País: o Projeto Rio São
Francisco. Pela primeira vez em nossa história,
os efeitos da seca serão, afinal, enfrentados,
de forma séria, responsável e eficiente.
Pela primeira vez em nossa história, 12 milhões
de brasileiros que vivem no semi árido nordestino,
a região mais pobre do Brasil, passarão
a ter acesso garantido e permanente à água.
Estou falando do Projeto de Integração
do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas
do Sertão Nordestino, ou, como chamamos no
Governo, Projeto Rio São Francisco. A idéia
de aproveitar um pouco da água que o Rio
São Francisco despeja no mar todos os dias,
para ajudar a resolver os problemas da seca no Nordeste,
data de 1847, ou seja, de 158 anos atrás,
sendo, portanto, muito antiga. Mas essa idéia
nunca saiu do papel. E você deve estar se
perguntando: e por quê? Por dois motivos.
Primeiro, pela falta de vontade política
e de compromisso de um Presidente da República
com o povo nordestino. De verdade, isso nunca existiu
antes. E segundo, pela falta de um projeto estruturado,
seguro e tecnicamente perfeito, que viabilize a
solução e ao mesmo tempo respeite
o meio ambiente, preserve o rio São Francisco
e garanta aos Estados doadores da água -
Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe - que
a quantidade da água do rio São Francisco
utilizada será apenas uma pequena parte das
águas que são despejadas no mar.
Ou seja, um projeto que, tecnicamente, garanta que
esses Estados jamais sofrerão qualquer tipo
de prejuízo. Ao contrário: serão
também beneficiados. Assim, todos ganham.
Desde o início do Governo do presidente Lula,
o Projeto Rio São Francisco tem sido tratado
como prioridade absoluta - e é exatamente
por isso que temos hoje um projeto à altura
deste grande desafio.
Revitalização
do São Francisco:
O começo de
tudo
Essa, sem dúvida,
é uma das grandes diferenças desse
projeto. Em vez de se preocupar apenas com a canalização
da água do São Francisco até
a região do Semi-Árido, ele começa
por priorizar a revitalização do rio
desde o seu nascedouro, na Serra da Canastra, em
Minas Gerais. Até agora, nada havia sido
feito pelo São Francisco, que é um
dos mais importantes rios do Brasil e que tanto
benefício e progresso leva aos cinco estados
que atravessa. Hoje, ao longo de sua extensão,
o São Francisco sofre com a poluição
provocada pelo esgoto sem tratamento que 250 cidades,
vilas e pequenas comunidades ribeirinhas despejam
diariamente em suas águas. Isso vai acabar.
Graças a esse projeto, todas essas comunidades
terão seus esgotos captados e tratados, melhorando
a qualidade de vida de seus habitantes e preservando
a pureza da água do Rio São Francisco.
Outro problema grave que será corrigido é
o do desmatamento predatório que vem acontecendo
há décadas nas suas margens. Sem a
mata, as margens do rio ficam desprotegidas, estimulando
a erosão e criando bancos de areia em vários
trechos do seu leito, prejudicando a navegação.
Com o novo Projeto São Francisco, isso não
vai mais acontecer.
O Projeto
Ao contrário
do que muita gente pensa, o Rio São Francisco
não mudará de lugar. Seu leito e seu
curso permanecerão onde sempre estiveram.
A obra em si não é complexa, e a sua
realização é até relativamente
simples. Trata-se da construção de
dois canais, com 700 quilômetros de extensão,
25 metros de largura e 5 metros de profundidade,
e um sistema de bombeamento da água que vai
corrigir os desníveis existentes em todo
o percurso. Através desses canais será
levado para o sertão um por cento da água
que todos os dias o Rio São Francisco despeja
no mar, levando, assim, água de beber para
uma imensa região do Nordeste e perenizando
1 mil quilômetros de rios temporários,
que hoje só têm água quando
e se chover.
Apenas 1% da água
que o São Francisco joga no mar é
suficiente
É importante
deixar claro, neste momento, para toda a população
brasileira, dois aspectos. O primeiro, é
o que acabamos de dizer: a água que será
levada corresponde a apenas um litro de cada 100
litros da água que todos os dias o rio São
Francisco despeja no mar. Apenas 1% da água
que o rio joga todos os dias no oceano e que hoje
não é usada para nada, não
gerando, portanto, nenhum benefício para
ninguém. É essa água que vamos
aproveitar para mudar a vida de 12 milhões
de brasileiros. Esse projeto foi analisado e aprovado
pela Agência Nacional de Águas, orgão
responsável pelo uso dos rios brasileiros,
e pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
Antes disso, o Comitê da Bacia do São
Francisco já havia aprovado o Plano da Bacia,
que esclarece todos os detalhes sobre o uso das
águas do rio.
Preço: o que
o governo gasta em duas secas paga todo o projeto.
O outro aspecto importante
é o custo dessa obra: R$ 4 bilhões
e meio. Ora, se levarmos em conta que nas duas últimas
secas o governo anterior ao do presidente Lula gastou
cerca de quatro bilhões de reais em medidas
paliativas, que não resolvem nada, toda essa
obra será paga com o custo de apenas duas
secas. E isso sem falar da mudança histórica
que esse projeto vai representar para uma parte
substantiva do semi árido nordestino, tão
castigada e tão sofrida pela seca ao longo
de tantos e tantos anos, e para 12 milhões
de brasileiros que ainda vivem sem nenhuma oportunidade,
sem nenhuma perspectiva de uma vida melhor, eternamente
ameaçados pela falta d'água e ainda
obrigados a deixar suas terras, migrando para viver
humilhados nos bairros pobres das grandes cidades
brasileiras. E ninguém conhece isso tão
bem como o presidente Lula. Também por isso,
sem dúvida nenhuma, é tão grande
a sua determinação de realizar esse
projeto.
Um novo pólo
para o Nordeste
O Projeto Rio São
Francisco fará uma transformação
sem precedentes no sertão nordestino, tirando
a região da pobreza definitivamente, gerando
mais de 180 mil empregos só na área
rural, abrindo novos horizontes para todos e dando
início no Nordeste à criação
de um novo pólo de desenvolvimento para o
Brasil. Com o Projeto Rio São Francisco,
o drama da falta d'água vai acabar também
para a população de grandes cidades,
como Fortaleza, Campina Grande e Caruaru, que convivem
permanentemente com a escassez de água e
a ameaça de racionamento.
O projeto está pronto. E depois de cumprir
todas as etapas exigidas pela lei brasileira, encontra-se
agora em sua fase final de aprovação,
dependendo apenas do relatório do Ibama para
darmos início ao processo de licitação
e, logo depois, começar as obras. Que têm
seu prazo de execução previsto para
dois anos.
Não poderia deixar, neste momento, de destacar
o empenho da ministra Marina Silva, do Meio Ambiente,
que não tem medido esforços para que
esse projeto seja um exemplo de perfeita integração
técnica e ambiental para o bem comum de todo
o povo nordestino e do Rio São Francisco.
E nem poderia deixar de destacar também a
participação e a colaboração
de ambientalistas, governos estaduais, prefeituras
e representantes das comunidades ribeirinhas, que
com suas críticas e sugestões muito
contribuíram para o aperfeiçoamento
do Projeto Rio São Francisco, fazendo com
que ele deixasse de ser apenas do Governo e do Ministério
da Integração Nacional para ser, isto
sim, um grande projeto de todo o povo brasileiro.
Um projeto, sobretudo, daqueles brasileiros que,
mesmo morando longe das áreas mais sofridas
e mais castigadas pela falta d'água, sempre
se indignaram com a revoltante, com a vergonhosa
indústria da seca, e sempre se mostraram
solidários com o sofrimento e a pobreza dos
seus milhões de irmãos nordestinos.
Obrigado e boa noite!
Fonte: Ministério da Integração
Nacional (www.integracao.gov.br)
Assessoria de imprensa