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DEPOIMENTO DE VITALMIRO
NÃO MUDA INQUÉRITO SOBRE O
CASO DOROTHY, DIZ DELEGADO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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28/03/2005 - O depoimento
do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida,
acusado de ser o mandante do assassinato da missionária
Dorothy Stang, não muda as conclusões
do inquérito policial sobre o caso. Apesar
do fazendeiro ter negado sua participação
no crime, a polícia diz já ter esclarecido
o caso. "Não há dúvida
alguma que foi Amair que contratou o Rayfran e o
Romualdo a pedido de Bida. Esta é a posição
da polícia civil", afirma o delegado
da Polícia Civil, Valdir Freire.
O trabalho conjunto de investigação
das polícias federal, civil e militar aponta
Vitalmiro e Amair Feijoli da Cunha, o Tato, como
mandantes do crime. Rayfran Sales e Clodoaldo Batista
são apontados como executores da morte. Todos
já estão presos.
A acareação, anteriormente marcada
para amanhã (29), só deverá
ser realizada na quarta ou quinta. Ela foi suspensa
porque as testemunhas ainda serão ouvidas
em Pacajá pelo juiz Lucas do Carmo de Jesus
e o promotor Lauro Freitas.
A polícia afirma ter evidência e provas
testemunhais contra o fazendeiro. "A polícia
tem provas e já remeteu à Justiça
que a prova do crime foi encontrada na fazenda do
Bida, há provas testemunhais de que a arma
foi comprada por ele e entregue a Tato, que repassou
aos executores. Há provas testemunhais também
de que ele escondeu, logo após o crime, o
Rayfran e o Clodoaldo", afirma o delegado.
Vitalmiro se entregou a Polícia Federal do
Pará no último domingo, depois de
40 dias foragido. No mesmo dia, em depoimento à
PF, o fazendeiro negou sua participação
no assassinato, mas não escondeu que conhecia
os outros dois acusados da morte: Rayfran e Clodoaldo.
Hoje pela manhã, quando prestou depoimento
à polícia Civil, Bida disse que falaria
apenas em juízo. "Foi uma atitude de
defesa para que não houvesse contradições
com o outro depoimento prestado e daí surgiu
a necessidade de se fazer uma acareação",
aponta o delegado.
A polícia já concluiu o inquérito
inicial e agora investiga se houve consórcio,
ou seja, se há outros mandantes do crime.
Em princípio, de acordo com o delegado, não
há provas de que os pistoleiros receberam
dinheiro. Para o delegado, o motivo do crime teria
sido porque Dorothy "atrapalhava, por meio
da sua ação missionária, os
anseios dos extrativistas de madeira".
A senadora Ana Júlia Carepa (PT/PA) - da
comissão externa do Senado criada para acompanhar
as investigações sobre o assassinato
da missionária Dorothy Stang – disse ontem
(28) que manteve conversas com o advogado do fazendeiro
e que, por intermédio dela, foi negociada
a apresentação de Bida à Polícia
Federal.
A freira Dorothy foi assassinada com seis tiros
à queima-roupa no dia 12 de fevereiro em
Anapu, no Pará. Há mais de 30 anos,
ela trabalhava junto às pequenas comunidades
pelo direito à terra e à exploração
sustentável da Amazônia.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Alessandra Bastos