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RELATÓRIO SUGERE
INVESTIGAÇÃO DE “CADEIA DE
MANDANTES DO CRIME” CONTRA DOROTHY STANG
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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30/03/2005 - O fazendeiro
Vitalmiro Bastos de Moura, preso no último
domingo (27), pode não ser o único
mandante do assassinato da missionária Dorothy
Stang, morta com seis tiros no dia 12 de fevereiro,
em Anapu (PA). Essa é uma das principais
conclusões da comissão externa do
Senado criada para acompanhar as investigações
sobre o caso, cujo relatório aponta a existência
de possível consórcio no Pará
para financiar a morte de pessoas contrárias
à exploração ilegal de madeira
e grilagem de terras na terras na região.
Mesmo elogiando "o rápido esclarecimento
do homicídio" e a atuação
conjunta das polícias Federal, Civil e Militar
do estado do Pará - que "influenciou,
decisivamente, no êxito das investigações"
- o relatório final da comissão destaca
que esse trabalho deve ir além da prisão
dos quatro acusados. "O esclarecimento do crime,
com a prisão dos executores e de um mandante,
não implica a descoberta de toda a cadeia
de mandantes do crime e de uma rede de suporte às
atividades criminosas contra a preservação
da floresta e contra os assentamentos sustentáveis",
diz. O relator, senador Demóstenes Torres
(PFL-GO), disse que se trata de um "consórcio
para que esses crimes continuem a existir no Pará".
O relatório foi aprovado nesta quarta-feira
(30), por unanimidade, após 42 dias desde
o início dos trabalhos. Para a presidente
da comissão, senadora Ana Júlia Carepa
(PT-PA), pelo menos mais seis pessoas estariam envolvidas
no crime. "São ditos fazendeiros e madeireiros,
porque quem está numa terra ilegalmente não
é produtor rural, quem usa da violência
é bandido travestido de produtor rural",
disse Ana Júlia, sem citar nomes. "Essas
pessoas têm sua história vinculada
à violência contra os trabalhadores
e precisam ser investigadas", afirmou a senadora.
Os quatro acusados de participação
no assassinato já estão presos: os
dois pistoleiros, Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo
Carlos Batista, o acusado de ser o intermediário,
Amair Feijoli da Cunha, além de Vitalmiro
Bastos de Moura, que se entregou à Polícia
Federal depois de passar 40 dias foragido.
Na avaliação de Ana Júlia Carepa,
o esclarecimento de todos esses pontos é
fundamental para que não haja impunidade
e para que seja possível evitar outros crimes
semelhantes. "O relatório traz coisas
importantes, como a necessidade de que se continue
a investigação para que possamos desbaratar,
de uma vez por todas, esse consórcio. No
nosso entendimento, ele serviu para matar a irmã
Dorothy, mas se for não desbaratado, vai
servir para matar todos aqueles que forem contrários
à exploração ilegal da Amazônia,
dos nossos recursos naturais de forma predatória".
A comissão externa do Senado realizou mais
de 10 reuniões, das quais cinco audiências
em que foram ouvidos ministros e outros representantes
do governo federal, autoridades do estado, representantes
do Ministério Público Federal, integrantes
da Comissão Pastoral da Terra (CPT), assim
como pessoas ligadas a associações
de produtores rurais, de madeireiros e de trabalhadores
rurais da região.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Juliana Andrade