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CPMI DA TERRA QUEBRA SIGILOS
FISCAIS E BANCÁRIOS
PARA INVESTIGAR MST E UDR
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2005
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06/04/2005 – Apesar
dos protestos dos parlamentares petistas e de simpatizantes
do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
(MST), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) da Terra aprovou nesta quarta-feira (6),
a quebra dos sigilos bancários e fiscais
da Associação Nacional de Cooperação
Agrícola (Anca), acusada de receber dinheiro
público para financiar as atividades do MST.
Os parlamentares também vão investigar
as contas da União Democrática Ruralista
(UDR), entidade que defende a "propriedade
privada" e se opõe os sem-terra.
Como a decisão de quebra de sigilo foi contestada,
a decisão aguardará posicionamento
da Comissão de Constituição
e Justiça. Na prática, a quebra do
sigilo só poder ser feita após posicionamento
da CCJ. O requerimento do deputado Onix Lorenzoni
(PFL-RS), que originou a decisão contra o
MST, diz que o financiamento da entidade "se
dá mesmo através de uma rede de cooperativas
e associações agrícolas que
recebem recursos públicos para repassar aos
assentados, mas na verdade apropriam-se das verbas
parcial ou integralmente a fim de financiar as invasões
de terra e a causa que defendem". Durante a
votação da quebra de sigilo fiscal
e bancário da Anca, a bancada do Partido
dos Trabalhadores se declarou em obstrução
na tentativa de anular a sessão.
Em 2004, os sigilos da entidade já haviam
sido quebrados, mas, a pedido do PT, o Supremo Tribunal
Federal (STF) concedeu liminar anulando a medida.
Para a senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA),
essa votação foi "mais uma tentativa
de incriminar" os movimentos sociais. "Tem
que ter algum motivo para essa votação,
porque os motivos alegados são absolutamente
inconsistentes. Não tivemos como discutir
e aqui eles só querem criminalizar os pequenos",
afirmou.
Segundo ela, a CPMI da Terra está atuando
do lado daqueles que "financiam" a violência
no campo. "Nós achamos que está
se tentando desviar o motivo da violência,
porque a violência está sendo cometida
contra aqueles que não tem voz. Não
dá para fecharmos os olhos diante desses
ditos proprietários que estão se organizando
e financiando a violência. E é isso
que estão fazendo aqui. Desviando a atenção
das discussões importantes. Eles são
aliados desse pessoal", enfatizou.
Já o presidente da CPMI, senador Álvaro
Dias (PSDB-PR), criticou a postura dos parlamentares
petistas, que na sua opinião, foi "radical
e injustificável". Segundo ele, a comissão
já quebrou mais sigilos bancários
de proprietários rurais e entidades ligadas
a eles do que de entidades ligadas ao MST. Álvaro
Dias destacou ainda, quem não tem nada a
"esconder não precisa temer" a
quebra dos sigilos.
"A afirmação de que a CPMI só
se preocupa em quebrar sigilo bancário de
pessoas ligadas ao MST é injusta. Aqui se
cumpre o regimento. Agora dos requerimentos colocados
em aprovação sempre há mais
facilidade em se aprovar os ligados a entidades
e proprietários rurais do que ao MST. Isso
me confunde muito, porque o que há de tão
errado que justifique esse tipo de comportamento.
Porque quando tentam impedir a força uma
aprovação que pede a quebra de sigilo
bancário é porque há irregularidades
e certamente malversação do dinheiro
público", relatou. Para ele, "se
houvesse correção absoluta, certamente
não haveria resistência à quebra
de sigilo bancário".
A CPMI da Terra aprovou a quebra dos sigilos fiscal
e bancário de Yoaquim Petrola, no período
de 1999 a 2005, por suspeita de malversação
recursos públicos da Superintendência
de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), do
madeireiro Luiz Ungaratti, suspeito de envolvimento
no assassinato da missionária Dorothy Stang,
do pecuarista Manoel Domingues Paes Neto, preso
em 2003 por portar ilegalmente armamento de uso
restrito das Forças Armadas, e do líder
e fundador do MST, José Rainha.
Fonte: Radiobras – Agência
Brasil (www.radiobras.gov.br)
Christiane Peres