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ÚLTIMA LIMPEZA DAS
ESCULTURAS DE ALEIJADINHO FOI FEITA HÁ
13 ANOS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2005
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03/04/2005 O uso
do biocida "asseptim" na limpeza das esculturas
da série Os Doze Profetas, feita por Aleijadinho
em 1970, pode ser um marco no trabalho de restauração
de monumentos históricos no Brasil. O biocida
resulta de trabalho realizado na última década
junto com laboratórios alemães, por
dez técnicos brasileiros – biólogos,
geólogos, químicos, engenheiros e
restauradores.
A pesquisadora e consultora técnica Ciomara
Rabelo de Carvalho, da Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), com
quem foi assinado convênio do governo alemão
para estudo de preservação de obras
de pedra ao relento, explica que na Alemanha muitas
obras em arenito foram prejudicadas. Responsável
técnica pela restauração dos
Profetas, ela acrescenta que para a pesquisa o Brasil
escolheu a pedra-sabão e o quartzito, "porque
Minas Gerais tem um grande acervo nesses tipos de
pedra".
No início do estudo, um levantamento mostrou
que os problemas apresentados nos Profetas eram
a colonização por líquens e
a perda de material superficial, que ocorre pela
própria composição da pedra.
"Há áreas fragilizadas por serem
basicamente compostas de talco e as chuvas vão
desgastando a superfície". Já
os líquens são organismos naturais
e crescem em locais com umidade e calor, "em
rochas onde não existe uma poluição
atmosférica muito grande e gostam da pedra-sabão
por ter uma característica básica
(não ácida)", afirma a consultora.
O biocida usado na última limpeza dos Profetas,
há 13 anos, matou o líquen "mas
não o desprendeu, foi preciso retirá-lo
com uma ação mecânica, o que
causou perda de rocha superficial", aponta
a pesquisadora. Com a nova técnica, "além
de não ser preciso uma intervenção,
desde o primeiro teste em 96, a rocha não
foi recolonizada pelos liquens". Outros testes,
em áreas côncavas do Profeta, onde
existe o acúmulo de água, também
obtiveram o mesmo sucesso.
Na limpeza dos Doze Profetas será feito um
acompanhamento durante um ano para "saber se
está ocorrendo recolonização
e se há necessidade de outra aplicação".
Os técnicos irão treinar restauradores
de Minas Gerais para, no caso da necessidade de
uma nova limpeza, "eles mesmos poderem cuidar
do patrimônio". De acordo com Ciomara
Rabelo, não há contra-indicações
para aplicação e não há
danos a rocha. "Você só não
pode aplicar concentrações altas para
não criar resistência dos fungos presentes
no líquen".
As verbas para as pesquisas foram da Fundação
de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig),
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPQ) e Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama).
Fonte: Radiobras – Agência
Brasil (www.radiobras.gov.br)
Alessandra Bastos