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POVOS INDÍGENAS
DO RIO NEGRO REAFIRMAM PRIORIDADES PARA
MNINISTRO E GOVERNADOR
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2005
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14/04/2005 Lideranças
indígenas do Alto Rio Negro leram e entregaram
cartas ao ministro Ciro Gomes e ao governador do
Amazonas, Eduardo Braga, pedindo a execução
do Programa Regional de Desenvolvimento Indígena
Sustentável do Rio Negro (PRDIS-RN).
A Federação das Organizações
Indígenas do Rio Negro (Foirn) recebeu ontem,
quinta-feira 14 de abril, a visita do ministro da
Integração Nacional, Ciro Gomes, e
do governador do estado do Amazonas, Eduardo Braga.
O encontro se deu na maloca da Foirn, em São
Gabriel da Cachoeira. Na ocasião, as lideranças
indígenas leram às autoridades estaduais
e federais presentes uma carta solicitando apoio
ao Programa Regional de Desenvolvimento Indígena
Sustentável do Rio Negro (PRDIS-RN). Clique
aqui para ler a carta na íntegra.
O PRDIS-RN foi formulado durante a VII Assembléia
Ordinária da Foirn, realizada em novembro
de 2002. À época, o documento foi
enviado à equipe do então recém-eleito
presidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva. Até hoje, passados 28 meses
de seu mandato, o presidente não estabeleceu
um canal de interlocução entre o governo
federal e os povos indígenas para desenvolver
a proposta do programa regional. Por isso, o documento
foi novamente entregue para o ministro Ciro Gomes.
"Quando ouvimos falar de ações
do governo federal na nossa região, sempre
são do Ministério da Defesa",
constata Domingos Barreto Tukano, diretor presidente
da entidade. "Isso revela uma visão
predominante dentro do Estado de que nós,
indígenas, não temos capacidade de
pensar e gerir formas para desenvolver nossas comunidades".
O próprio governador Eduardo Braga já
recebera a carta com a “versão estadual”
do PRDIS-RN das mãos dos representantes dos
povos indígenas em maio de 2003, meses após
sua posse. Agora, tem em mãos um documento
atualizado, no qual muitos pontos coincidentes revelam
a permanência de questões prioritárias.
Na visita desta quinta-feira, o governador estava
acompanhado de Virgílio Viana, secretário
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
do estado do Amazonas, e de Bonifácio José
Baniwa, presidente da Fundação Estadual
de Políticas Indigenistas (Fepi).
Em artigo conjunto publicado semana passada em jornal
do estado, quando fazem um balanço das políticas
públicas voltadas para a população
indígena em curso no Amazonas, Viana e Baniwa
elencam uma série de iniciativas do governo
estadual voltada aos povos nativos do estado, mas
admitem que “...ainda temos muito que fazer diante
do abandono histórico dos povos indígenas
e diante dos equívocos de repetidas políticas
públicas que pecaram, sistematicamente, na
escuta das vozes e respeito aos diferentes olhares
de nossas etnias. Demos um importante passo. Precisamos
agora consolidar essas conquistas e ampliar ainda
mais nossas parcerias”. Clique aqui para ler o artigo
citado.
Na reunião na maloca da Foirn, o secretário
Virgílio Viana sugeriu ao Ministro Ciro Gomes
que instasse o governo federal a remover a resistência
da Fundação Nacional do Índio
(Funai) e os obstáculos jurídicos
que atualmente inibem o desenvolvimento de novas
atividades econômicas em terras indígenas,
abrindo a possibilidade de uma experiência
piloto no alto Rio Negro que incluisse o turismo
e a exploração de madeira e de recursos
minerais.
Novo paradigma
O documento assinado pela Foirn – uma das mais representativas
e consolidadas entidades sociais da Amazônia,
com 17 anos de atuação – apresenta,
mais do que uma lista de demandas de ações
que beneficiem as comunidades locais, um pedido
de mudança no paradigma da relação
entre o poder público local e os povos indígenas.
Indica um caminho que leve ao “empoderamento"
deste setor da sociedade civil local, ou seja, à
participação de seus representantes
na formulação e gestão das
políticas voltadas para as suas próprias
comunidades. "Não queremos apenas um
programa com os nossos assuntos e algumas das nossas
palavras, mas um programa que seja executado de
acordo com as nossas determinações
e prioridades, valorizando o nosso controle social
e a nossa participação direta na sua
execução", diz a carta divulgada
nesta quinta-feira.
Entre as principais colocações feitas
no documento, destacam-se a valorização
das culturas e modos de produção das
comunidades locais, a priorização
dos processos pendentes de identificação
de terras indígenas, a formação
de agentes indígenas de saúde e o
aparelhamento do setor público nesta área,
o investimento na educação indígena
- em todos os níveis -, o fortalecimento
de ações que promovam a cidadania
e os direitos individuais e coletivos nas comunidades,
o apoio contínuo às atividades econômicas
que garantam a segurança alimentar e o acesso
ao mercado com a valorização cultural
e ambiental dos produtos da região.
O governador esteve em São Gabriel da Cachoeira
para anunciar o lançamento de um programa
de micro-crédito, gerido pela Agência
de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam), que vai
liberar R$ 956 mil em financiamento para empreendimentos
dos povos indígenas do Alto Rio Negro e do
Alto Solimões. Os recursos deverão
financiar "atividades rurais, pesca artesanal,
artesanato, comércio e serviços",
segundo informação da assessoria do
governo do estado. Em São Gabriel da Cachoeira,
onde se localiza uma das maiores concentrações
de população indígena do Amazonas,
o programa vai beneficiar 464 micro-iniciativas,
com o investimento de R$ 618 mil. Isso dá
uma média de R$ 1,3 mil por projeto.
Já o ministro Ciro Gomes, acompanhado por
sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, está
visitando o noroeste amazônico, a chamada
"faixa de fronteira", para acompanhar
os projetos sociais que contam com apoio de sua
pasta. Ao receber a carta do presidente da Foirn,
Domingos Tukano, endereçada ao presidente
Lula, Ciro preferiu nada declarar.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Bruno Weis)