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CACIQUE QUER AÇÕES
DE SAÚDE INDÍGENA EXECUTADAS
PELA FUNASA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2005
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19/04/2005 - Um dos
principais pontos da política indigenista
do governo federal criticados por lideranças
indígenas é a atenção
à saúde dos índios. Para o
cacique Marcos Xukuru, de Pesqueira (PE), a maior
parte dos problemas ocorre devido ao repasse de
verbas aos municípios pela Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), órgão
responsável pela assistência à
saúde indígena. "A Funasa tem
recebido muito recurso por parte do governo federal
para fazer esse trabalho. Mas, infelizmente, como
se dá a municipalização e a
terceirização dos recursos, as ações
nas bases ficam prejudicadas", afirmou.
Para mudar esse quadro, o cacique é a favor
de que todas as ações na área
de saúde sejam executadas diretamente pela
Funasa. "Nós estamos tentando reverter
essa situação e por isso defendemos
a federalização, ou seja, que não
entrem outros órgãos ou prefeituras,
mas que seja responsabilidade do governo federal".
Já para o líder indígena Antão
Rumori, da etnia xavante, a Fundação
Nacional do Índio (Funai) deveria ser a gestora
da saúde indígena. "Irregularidades
existentes na gestão da Funasa é que
motivam as reivindicações pela volta
da Funai", explicou Rumori, durante a solenidade
em comemoração ao Dia Nacional do
Índio, realizada nessa segunda-feira (18).
Na ocasião, o presidente da Funai, Mércio
Pereira Gomes, afirmou que a reivindicação
se deve à crença de que apenas a Funai
conhece a tradição, os costumes e
as necessidades dos povos. "Os índios
acreditam que é a Funai que tem conhecimento,
mas basta a Funasa incorporar o espírito
indigenista que tudo estará resolvido".
Para o presidente da Funai, desde que a gestão
da saúde passou para a Funasa, muitas melhoras
podem ser observadas, como a distribuição
de água potável e queda da mortalidade
infantil. "Nem tudo é retrocesso. Houve
uma melhora na parte sanitária, poços
artesianos foram abertos em 4,5 mil aldeias indígenas.
Além disso, houve queda da mortalidade infantil,
de modo que a gente pode comemorar", disse.
Mas, no entendimento do cacique Marcos Xukuru, um
dos reflexos da falta de uma política adequada
à saúde indígena é a
morte de 19 índios da etnia Guarani-Kaiowá
por causa de desnutrição e doenças
decorrentes da desnutrição.
A Funai reconhece que a mortalidade infantil entre
os povos indígenas é superior à
média nacional. Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
o coeficiente de Mortalidade Infantil no Brasil
em 2004 alcançou o índice de 25,1
para cada mil e o coeficiente de Mortalidade Infantil
Indígena no mesmo ano chegou a 47,48 para
cada mil. Atualmente, os esforços da Funasa
relacionados à saúde indígena
se concentram em campanhas de vacinação,
ampliação de atendimento médico-hospitalar
e combate à desnutrição.
As críticas contra a política indigenista
do governo Lula foram reunidas em um documento lançado
no final de março pelo Fórum em Defesa
dos Direitos Indígenas (FDDI). "A saúde
indígena é um escândalo. Milhões
são gastos pela Funasa com seminários
e reuniões, enquanto crianças indígenas
morrem por subnutrição, a exemplo
do que está acontecendo em Mato Grosso do
Sul. As medidas emergenciais ora adotadas são
paliativas. O problema requer a coordenação
das ações de governo, hoje inexistente,
e políticas públicas diferenciadas
para os povos indígenas", diz o documento.
Entre as reclamações contidas no chamado
Manifesto Indígena também está
a demora nos processos de demarcação
de terras indígenas. O documento propõe
ainda a criação de um Conselho Nacional
de Política Indigenista.
O FDDI é composto pela Coordenação
das Organizações Indígenas
da Amazônia Brasileira (Coiab), pelo Conselho
Indígena de Roraima (CIR), pela Associação
Brasileira de Antropologia (ABA), pelo Instituto
Socioambiental (ISA), pelo Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), pelo Centro de Trabalho
Indigenista (CTI) e pela Comissão Pró-Yanomami
(CCPY).
Fonte: Radiobras – Agência
Brasil (www.radiobras.gov.br)
Christiane Peres, Juliana Andrade e Marcela Rebelo